Um vento de cem quilômetros por
hora permitiria separação das águas, mas não no mar Vermelho
Segundo a Bíblia, Moisés ergueu as mãos para o mar Vermelho
e durante toda a noite Deus separou as águas com um forte vento de leste para
permitir a fuga do povo hebreu do Egipto para a Palestina. De manhã, quando o
exército do faraó os tenta seguir, foi engolido pelas águas. Agora, uma nova
simulação de computador concluiu que um fenômeno natural pode realmente ter
permitido este milagre, mas não no mar Vermelho. "As pessoas sempre
ficaram fascinadas com esta história do Livro do Êxodo, perguntando-se se tem
origem em factos históricos", disse o investigador do Centro Nacional para
a Pesquisa Atmosférica norte-americano, Carl Drews. "O que este estudo
mostra é que a descrição da separação das águas tem por base leis da
física", acrescentou o principal autor do estudo publicado online no
jornal científico PloS ONE. Com o recurso a antigos mapas topográficos,
registros arqueológicos e modernas medições de satélite, a equipa encontrou um
possível local para a travessia: não no mar Vermelho, onde normalmente se localiza
o acontecimento de há três mil anos, mas numa área no delta do Nilo, onde
aparentemente um ramo do rio inundava o antigo lago de Tanis. Aí, um vento de
leste a soprar a uma velocidade de um pouco mais de cem quilômetros por hora,
durante oito horas, teria permitido afastar as águas (com 1,8 metros de
profundidade). Uma faixa de terra lamacenta com entre 3,2 e quatro quilômetros
de comprimento e 4,8 quilômetros de largura teria ficado a descoberto durante
quatro horas, com duas paredes de água de ambos os lados. Assim que o vento
parasse, o caminho teria ficado alagado. "A simulação corresponde de forma
bastante rigorosa com o relato do Êxodo", indicou Drews, no texto que
acompanha as conclusões do estudo. "A separação das águas pode ser
percebida através da dinâmica de fluidos. O vento move a água de acordo com as
leis da física, criando uma passagem segura com a água nos dois lados e depois
permitindo uma rápida inundação", acrescentou.
Fonte: http://www.dn.pt/inicio/ciencia
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