segunda-feira, 22 de abril de 2013

[asaparaiba] Moradores do campo e da cidade se mobilizam pelo fim da violência em Massaranduba-Pb



O dia 19 de abril, agricultoras e agricultores, professores e estudantes, moradores de Massaranduba-Pb caminharam pelas ruas da cidade pelo fim da violência. Com cartazes na mão e a cara pintada, a população do campo e da cidade mostrou-se unida em busca da paz. A passeata teve seu ponto final no Salão Paroquial onde aconteceu uma Audiência Pública para debater o tema com a presença do Deputado Estadual Frei Anastácio (PT-PB), do Comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, Ysmar Soares, da Prefeita Joana D´arc, da Vice-prefeita Maria Rogério, vereadores, Igreja Católica, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Pólo da Borborema e presidentes das associações comunitárias do município. A mobilização e a audiência nasceram partir da participação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, de diversas associações comunitárias e da Igreja Católica no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, espaços aonde chegam os relatos e os dados da situação de violência no campo. Em que pese o crescente aumento das ações de fortalecimento de uma agricultura familiar agro ecológica no município, a cada dia o fenômeno da violência rural vem se constituindo uma forte barreira para sua reprodução. “Temos várias ações no município que vem fortalecendo a agricultura como a rearborização das propriedades, a construção e a democratização do acesso a água de beber e de produzir, entre outras. Mas a gente vem sentindo a violência afligindo a vida do homem e da mulher do campo cada vez mais. São assaltos, violência física, agricultores que quando vendem seus animais pela manhã, a noite são vítimas de assaltos. E isso vem tirando as pessoas do campo, as pessoas que tem uma história lá na comunidade”, explica Maria Leônia Soares, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massaranduba e do Conselho de Desenvolvimento Rural. Esse fenômeno, contudo, não é exclusiva de Massaranduba, a interiorização da violência vem se repetindo em vários municípios da região da Borborema. Remígio, Arara, Alagoa Nova, Lagoa Seca já são conhecidos pelo elevado índice de criminalidade. E na região, a violência vem se configurando como um dos principais motivos de migração da população do campo para a cidade. A violência vem roubando bens materiais das famílias agricultoras, mas vem roubando também a dignidade, o direito de trabalhar, a oportunidade dos mais jovens de viver a agricultura. O Pólo da Borborema vem assumindo o tema da violência como ponto chave para a construção da agro ecologia no território. Antes um problema urbano, a violência vem chegando de forma avassaladora na zona rural, sem que o estado tenha uma política para coibir seu avanço. A realização de Audiências Públicas municipais na região do Pólo da Borborema é um esforço de chamar as autoridades competentes para a construção conjunta de alternativas concretas para a superação do problema. “É fato que num passado próximo as preocupações maiores destinavam-se à zona urbana, os assaltos a banco, à criminalidade, os seqüestros, mas de uns anos pra cá, a gente vê o crescimento de ocorrências na zona rural. E o contingente, o efetivo das polícias civil e militar, não acompanhou essa questão. Mas com esse mapeamento, com essa aproximação do Comando com as autoridades locais, o sindicato, as comunidades, pode fazer também com que as pessoas denunciem mais para que possam aparecer os arrombamentos, os furtos e que a gente através dessa catalogação, possa saber onde colocar o policiamento”, explica Ysmar Soares, Comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar. “Se a gente paga o direito, a gente tem que ter o direito. E é isso que estamos fazendo aqui hoje. Vamos fazer tudo para ver se melhora. As nossas comunidades estão ficando sozinhas lá, jogadas ao relento, diversas propriedades aí fechadas, casas caindo, e o povo se acumulando nos cantos da cidade, assombrado, sem ter outro meio de vida. Eu acho que já chegou a hora de a gente exigir nossos direitos. Mas também quero dizer uma coisa para as comunidades: nós temos que fazer nossa parte, as comunidades também tem que se movimentar”, conclamava Juvenal Ferreira, presidente da associação de Gameleira, em Massaranduba. Fica o desafio estrutural de construir um projeto de segurança capaz de proteger uma população rural difusa; constituir uma polícia de inteligência para resolução dos casos; fomentar a formação de profissionais para tratar com um público culturalmente distinto; constituir com a sociedade civil um sistema de informação que possa aumentar a eficiência da polícia e restituir a sensação de segurança da população. Mas por outro lado, como afirmou o deputado Frei Anastácio durante a audiência: “Essa questão não se resume em só se fazer tudo para que não haja violência. Para que não haja violência, nós precisamos construir uma sociedade mais justa, e nós vivemos numa sociedade injusta”. A violência rural é sem dúvida um fenômeno novo e que merece novos estudos. O bandido muitas vezes é morador e membro da própria comunidade. Só com a compreensão dos fatores geradores das anomalias sociais e a construção de políticas sociais é que podemos enfrentar essa nova realidade. Ao final da audiência, o deputado estadual Frei Anastácio se comprometeu em levar até o Secretário Estadual de Segurança, Cláudio Lima, no dia 22 de abril, um documento sobre a situação da segurança no município. Novas audiências públicas municipais estão agendadas para Remígio e Alagoa Nova.
Fonte: ASA PB

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