Após as
primeiras chuvas, as famílias agriculturas da região do Polo da Borborema, na
Paraíba, renovam suas esperanças e se preparam para o plantio do roçado, mas
também se organizam para rearborizarem suas propriedades. Organizadas em torno
de seis viveiros de mudas (Massaranduba, Solânea, Alagoa Nova, Remígio,
Esperança e um no Centro Agroecológico São Miguel) e com apoio dos Sindicatos
de Trabalhadores Rurais de cada município, a Rede de viveiros do Polo da
Borborema está promovendo uma série de eventos municipais e regionais de
sensibilização para a promoção da arborização da região: “Desde que a chuva
começou, já aconteceram quatro encontros: um em Solânea, dois em Areial e um em
Arara, e já estão na agenda Remígio, Massaranduba, Esperança, Montadas e Lagoa
Seca”, explica Cleibson dos Santos, técnico da AS-PTA Agroecologia e
Agricultura Familiar. Ainda de acordo com Cleibson, a rede de viveiros se
reuniu em um encontro regional no mês de março para fazer um balanço das
atividadese planejar a distribuição e o plantio de mudas em 2013: “Fizemos um
balanço do trabalho da rede dos últimos dois anos. Ainda que a estiagem tenha
sido longa, a rede de viveiros foi capaz de distribuir 110 mil mudas entre
frutíferas, forrageiras, florestais, arbóreas e medicinais e os agricultores e
agricultoras puderam avaliar o papel e o impacto dessas árvores na propriedade.
Planejamos também o ano de 2013, organizamos desde a coleta das sementes até o plantio de mudas”. Para 2013, a
previsão é a distribuição de 100 mil mudas. Envolvimento
da juventude O trabalho com os viveiros na região da Borborema tem ganhado o
reforço dos jovens agricultores, seja compondo a rede de coletores e coletores
de sementes nativas, arbóreas e frutíferas, seja se organizando em mutirões
para a produção e distribuição de mudas. Marília Barbosa Franco tem 24 anos, e
vive no sítio Goiano, em Solânea, no ano passado ela passou a se integrar ao
trabalho da rede de agricultoras e agricultores coletores de sementes e
contribuir com o viveiro do seu município, localizado no Sítio Videl. Este ano
ela já entregou ao viveiro sementes de gliricída, leucena, moringa e baraúna,
além das frutíferas mamão e goiaba. “Acho esse trabalho muito importante,
porque quando a gente quer uma planta e não tem, vai lá no viveiro e encontra,
então eu acho que estou ajudando, levando a semente para o viveiro ter sempre
as mudas”, conta. Maria Gabriela Galdino dos Santos faz parte da
comissão de jovens do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massaranduba, de
acordo com ela, a comissão está retomando o trabalho, interrompido pela
estiagem dos últimos meses: “Fizemos uma parada por causa da seca, mas estamos
retomando o trabalho em mutirões de enchimento de sacos e a distribuição de
mudas”. O agricultor José Domingos de Barros, ou seu Loro, como é chamado, é um
dos responsáveis pelo Viveiro Municipal de Massaranduba, localizado no sítio
Cachoeira de Pedra D’água, ele afirma que, aos poucos, os agricultores vêm
percebendo o quanto a arborização mudou para melhor as propriedades: “Só o meu
bosque já produziu mais de cinco mil estacas, antes as pessoas vinham muito
buscar estacas para as suas cercas vivas, e eu vejo que quem vinha buscar
estaca, agora já está produzindo as suas. O melhor estímulo para o outro é ver
ali do lado a riqueza que é, os frutos da terra arborizada, quando ele vê essa
experiência dando certo, aí ele quer também. O importante também é que mesmo
algumas árvores não tendo resistido à seca, eles não desanimaram em fazer os
seus bosques”. Josenildo Costa da Silva é presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Solânea e do Pólo da Borborema, ele avalia que a aposta
do Pólo em parceria com a AS-PTA no trabalho de rearborização e fortalecimento
da rede de viveiros vem mudando a cultura e trazendo vida as propriedades: “Eu
vejo que a cultura do queimar, do desmatar, vem sendo substituída pela cultura
do plantio de uma diversidade de vegetação, essa rearborização vem devolvendo
vida ao solo são as folhas, os pássaros que voltam um resgate das espécies”.
O trabalho de apoio e incentivo ao plantio de árvores na região da Borborema
faz parte da estratégia do Projeto Terra Forte, desenvolvido pela AS-PTA em
parceria com o Pólo da Borborema, Patac e AVSF. O projeto Terra Forte é
co-financiado pela União Européia.
Fonte: http://aspta.org.br
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