Se fizer uma pesquisa entre os telespectadores que assistiram ao
programa partidário do PSDB na TV, na quinta-feira (30), não será estranho se o
resultado for uma oscilação positiva na intenção de votos em Dilma Rousseff
para presidente em 2014. Isso porque o programa tucano errou a mão, e o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) ficou parecendo um garoto propaganda do governo federal
ao quase só mostrar uma realidade brasileira vista com lentes cor-de-rosa. O
programa foi protagonizado pelo senador Aécio Neves praticamente do início ao
fim, percorrendo localidades bucólicas de Minas Gerais. O muito que ele mostrou
a imagem de um Brasil que vai bem, serviu como propaganda indireta que
beneficia o governo da presidenta Dilma Rousseff. O pouco que ele falou sobre
inflação (o bordão oposicionista do momento), acabou sendo muito vago,
subliminar, sem endereço certo contra o governo federal e, por isso, sem
produzir efeitos na grande maioria dos telespectadores. A intenção do programa
foi mostrar brasileiros satisfeitos com suas vidas, vivendo nos estados
governados pelo PSDB, sobretudo Minas, onde ele foi governador. Mas o resultado
ficou parecendo tratar-se de um pré-candidato a governador de Minas em 2014 que
irá apoiar a reeleição da atual presidenta, defendendo a gestão estadual e
federal, por tabela. O programa foi feito pelo marqueteiro Renato Pereira, o
mesmo que fez a campanha do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), em 2010. Quem
mora Rio percebeu que Pereira repetiu a fórmula. Em 2010, Cabral aparecia
andando pela cidade em uma Van, falando para a câmera, exatamente como Aécio
agora, só mudando a paisagem para Minas. Mas tem uma grande diferença. Cabral
mostrava obras feitas em parceria com o governo federal e falava das vantagens
para o eleitor fluminense em reelegê-lo junto com a eleição de Dilma, para
ambos continuarem fazendo o que estava dando certo. É essa parte do roteiro que
não se encaixa no perfil de uma candidatura oposicionista como a tucana. A
falta de ousadia de Aécio para fazer oposição na TV, sinaliza que ele está mais
interessado em sair do pleito com a imagem do tucanato melhorada e sem uma
rejeição alta (como ocorreu com José Serra em 2010), para não o inviabilizar em
2018, do que na vitória em 2014. Pelo comportamento dos governadores do PSDB,
parece que aprovam esta estratégia, evitando fazer oposição radical à
presidenta Dilma em 2014. Esse contexto explica o isolamento dentro do partido
de José Serra, a liderança tucana com discurso de oposicionista mais
radicalizado.
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