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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ministério da Integração Nacional cancela licitação de cisternas sob suspeita pelo TCU

Fernando Bezerra interrompeu compras após reportagem do GLOBO mostrar que Tribunal detectou risco de 'lesão ao Erário' na disputa

BRASÍLIA — O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, determinou na noite desta terça-feira o cancelamento da concorrência de compra de 187,5 mil cisternas de plástico a um custo de quase R$ 600 milhões. A licitação havia sido suspensa por uma decisão liminar do Tribunal de Contas da União (TCU), conforme o GLOBO revelou no último sábado. O ministro tomou a decisão após uma consulta da Consultoria Jurídica da pasta ao TCU. O pregão para a compra das cisternas em seis estados era conduzido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), empresa vinculada ao Ministério da Integração Nacional. A suspeita era de que a concorrência poderia ter favorecido uma multinacional que abriu fábrica em Petrolina (PE), cidade do ministro. Em ofício enviado ao presidente da Codevasf, o ministro informou que a manutenção da licitação “se mostrou inconveniente para a administração”. “Neste sentido, orienta-se a esta empresa pública que promova o cancelamento da ata de registro de preços, em consonância com as balizas estabelecidas pelo Tribunal de Contas da União. Em resumo, que não mais se promova a contratação e a emissão de ordens de serviços com base em na ata resultante daquela licitação”, disse. Diante da polêmica com o TCU, o ministro decidiu que fará uma nova licitação, mas por meio da Secretaria de Desenvolvimento Regional do seu próprio ministério, na modalidade pregão eletrônico. O edital também passará por análise prévia pela Controladoria-Geral da União (CGU). Em nota, o Ministério informou que a decisão se fundamenta na premissa “de sempre cumprir as recomendações dos órgãos de controle”. Neste sábado, o GLOBO mostrou que uma medida cautelar do TCU havia determinado, em julho, a suspensão do pregão e apontado o risco de “grave lesão ao Erário” se as empresas vencedoras fossem contratadas pela Codevasf. A companhia já foi presidida por Clementino de Souza Coelho, que é irmão do ministro e chegou ao posto poucos dias após a posse de Bezerra, em janeiro de 2011. Um ano depois, ele foi demitido pela presidente Dilma Rousseff por suspeita de direcionamento de políticas do órgão para a base eleitoral da família. Entre os participantes da licitação está a empresa Acqualimp, que já é a maior fornecedora do Água para Todos, programa-chave da gestão do ministro Bezerra. A empresa abriu unidade em Petrolina assim que começou a ganhar os principais contratos para fabricar cisternas. Um edital assinado pelo ex-presidente Clementino para o fornecimento de cisternas de plástico pela mesma Acqualimp direcionou a maior parte dos equipamentos para a região de Petrolina. A cidade, no entanto, era o terceiro estado em demanda por cisternas, conforme diagnóstico do próprio governo. A suspensão do pregão foi uma sugestão da Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), do TCU. A secretaria concluiu, com base em documentos fornecidos pela Codevasf e pela Acqualimp, que a empresa vinculada ao Ministério da Integração havia restringido a concorrência ao fazer pregão presencial em Brasília, e não um pregão eletrônico.

Fonte: www.aspta.org.br O Globo

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