O último dia 05
aconteceu em Montadas, na propriedade de seu Manoel Bernardo, uma oficina
municipal sobre produção de biofetilizantes, caldas naturais e beneficiamento
do esterco, a partir da experimentação das esterqueiras. Cerca de 20
agricultoras e agricultores da zona rural do município estiveram presentes e
compartilharam seus conhecimentos a respeito do tema e obtiveram novas
informações. A atividade é realizada pela Comissão de Sementes e Manejo da
Fertilidade nos Roçados do Polo da Borborema em parceria com a AS-PTA
Agricultura Familiar e Agroecologia. “O objetivo da oficina é provocar um
debate sobre as estratégias de melhoria da fertilidade dos solos a partir das
experiências desenvolvidas pelas famílias agricultoras referente à produção de
biofertilizantes, caldas naturais e melhoria da qualidade do esterco no
território do Polo da Borborema para que possamos melhorar a produção de alimentos
sem uso de agrotóxicos. Essa atividade é o desdobramento de uma oficina
regional sobre biofertilizantes realizada em julho de 2013 no Sindicato de
Esperança, com a participação de agricultores e agricultoras e do professor
Marcos Barros, da UFPB do campus de Bananeiras. E pretendemos fazer mais, em
outros municípios, envolvendo maior número de famílias na experimentação desses
produtos” explica Emanoel Dias, assessor técnico da AS-PTA. Após a
contextualização do trabalho da Comissão na região, foram lançados para os
agricultores e agricultoras questionamentos como: Por que fazer um
biofertilizante? Qual a função do biofertilizante? Na discussão os
participantes levantaram a importância dos biofertilizantes para a saúde das
plantas, para o enriquecimento dos solos, o combate ao uso dos agrotóxicos, a
diminuição de doenças causadas pelo uso de veneno nos alimentos. Após o debate,
o grupo realizou uma atividade prática produzindo biofertilizante a partir do
esterco verde, leite de vaca, melaço, pó de rocha, cinza e de ramas verdes. O
agricultor João Fernandes da Silva do sítio Montadas falou sobre a importância
de participar da oficina: “Eu não tinha conhecimento, mas agora com as
explicações de hoje, eu saio entendendo várias coisas. Eu fiquei impressionado
com o que vi. E acredito que pelas anotações que fiz, eu já tenho condições de
fazer o biofertilizante em casa. Eu não tenho ainda uma esterqueira, mas
pretendo fazer e dar continuidade para poder ajudar quem ainda não tem esse
conhecimento, porque eu achei que é de grande utilidade para o agricultor”,
explica. Manoel Cícero da Silva ou seu Manoel Bernardo como é conhecido na
comunidade foi o agricultor que recebeu em sua casa a oficina. Seu Manoel
ofereceu seu sítio para realizar a oficina, pois a família está no processo de
transição agroecológica. Por muitos anos, a família de seu Manoel plantou fumo
na sua propriedade utilizando agrotóxicos. Com plantio de fumo, a família ficou
depende de um sistema onde os custos de produção são elevados e a maior parte
dos recursos apurados eram empregados na compra de agrotóxicos e na contratação
da mão-de-obra. No início do ano, comprou com um vizinho três caixas de batata
inglesa e apesar do ano ter sido de pouca chuva, produziu 12 caixas de batata
que guardou no frigorífico em Esperança. Desde então, passou a participar das
reuniões do Polo da Borborema e vem aos poucos introduzindo na propriedade as
inovações que conheceu nas visitas e nas oficinas que participou. “O
biofertilizante é importante porque é traz benefício para a saúde da população,
evita problemas na terra. O que traz ajuda para a população sem precisar usar
veneno, tudo é bem vindo. Eu já usei bastante agrotóxico, mas utilizando o
biofertilizante não vou agredir o solo e se eu fizer em casa, vai sair mais
barato sem prejudicar a saúde das pessoas e dos animais”, destaca seu Manoel
que já utiliza a esterqueira como estratégia para manter a qualidade e a
quantidade do esterco. Essa atividade também buscou incentivar a continuidade
da produção de biofertilizantes nas comunidades que já produziram no início do
ano, como as comunidades de Furnas, Campos e Manguape. As lideranças dessas
comunidades também estiveram presentes na oficina e saíram no compromisso de
continuar a produção dos biofertilizantes já pensando no próximo plantio. A
oficina é uma ação do Projeto Terra Forte, que tem entre as suas estratégias
iniciativas de manejo da fertilidade dos solos. A Terra Forte é realizada pela
AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia em parceria com o Polo da Borborema,
PATAC e os Agrônomos e Veterinários Sem Fronteiras (AVS) e é co-financiado pela
União Europeia.
Fonte: http://aspta.org.br
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