Leonardo Attuch 247 - Enquanto alguns preveem e outros torcem para que a chamada
"tempestade perfeita" desabe sobre a economia nacional, o sol brilha
forte em Brasília. São 15h30, na capital federal, e uma Dilma Rousseff leve
recebe o 247 para uma entrevista exclusiva. Sim, Dilma está leve. Tão leve
quanto os números do desemprego divulgados nesta quinta-feira – a taxa, de
5,2%, é a menor da série histórica. A boa notícia de hoje talvez seja superada
por outra que ela espera para amanhã, quando serão leiloados os aeroportos de
Confins, em Minas Gerais, e do Galeão, no Rio de Janeiro. "Vai ter
competição e acho que muito forte", disse ela. A presidente está
feliz com a montagem dos consórcios, que incluem operadores de aeroportos em
países como Cingapura, Holanda, França e Inglaterra, além de alguns dos maiores
grupos nacionais. "Conseguimos o que sempre buscamos: as maiores
concessionárias de aeroportos do mundo, que irão transferir tecnologia,
conhecimento e gestão nesse setor", diz ela. Significa que a venda dos
terminais já leiloados foi menos criteriosa. "Ao contrário". Dilma se
levanta, vai a uma sala anexa ao gabinete presidencial e pega uma grande foto
aérea do novo terminal de Viracopos, em Campinas. "Já está quase pronto e
o leilão foi há um ano", afirma. "São grandes transformações na
infraestrutura e o“Brasil nunca teve o volume de investimentos que está tendo agora:
duzeeeeentos e quarenta bilhões de reais”, diz ela, dando a devida ênfase nas
sílabas. Mas por que então estariam se espalhando duas histórias em Brasília:
a de que o Palácio do Planalto teria rompido o diálogo com os empresários e a
de que a tempestade perfeita estaria se aproximando? "Diálogo aqui nunca
faltou e nunca faltará", diz a presidente. "No nosso governo, a
relação é de cooperação com o empresário. “Agora, nem o Estado pode querer
subordinar o empresário, nem o empresário pode querer subordinar o Estado”.
– "Fogo amigo, então?", pergunta o repórter. – "Que nada,
é fogo inimigo mesmo", responde a presidente. Dilma afirma que o
"chororô" dos empresários é uma coisa normal. "Antes dos
leilões, é sempre assim mesmo. É um jogo de pressões. Mas, meu querido, eu
estou nesse negócio de leilão há muito tempo, antes mesmo de ser presidenta.
Vamos lembrar dos casos de Jirau e Santo Antônio. O que eu vejo quase sempre é
deságio em relação às tarifas, o que significa que os empresários calculam o
risco e aceitam uma taxa de retorno menor do que a estabelecida nos próprios editais",
diz ela. "No caso dos aeroportos que já foram leiloados, os
concessionários pagaram valores altos, assumiram grandes compromissos de
investimento e não me consta que estejam perdendo dinheiro". O leilão de Libra: A
presidente decide então voltar no tempo. Em vez de falar sobre aeroportos,
relembra o leilão de Libra, o maior campo do pré-sal. "Diziam que não ia
dar certo e foi outro grande sucesso", diz ela. "Vieram duas empresas
europeias de ponta, a Shell e a Total, e duas chinesas, a CNOOC e a CNPC, que são
as maiores consumidoras do mundo", afirma. "Sabe o que isso
significa? Que este consórcio tem as empresas que controlam parte da corrente
de comércio do petróleo no mundo e que têm participação importante na formação
do preço. Todos ali sabem que tem petróleo, de boa qualidade e em grande
quantidade". Dilma para de novo a entrevista. – "Posso
te contar uma história sobre Libra?"– "Claro, por favor."
Ela revela que antes do início dos grandes leilões da Agência Nacional do
Petróleo, lá pelos idos de 1997, a área onde está esse campo foi cedida à
Petrobras, num bloco em parceria com a Shell. "Eles perfuraram e chegaram
a 1,5 quilômetro de uma das maiores reservas do mundo; hoje têm plena convicção
do que está ali e também da viabilidade comercial do projeto", afirma.
"Por isso mesmo, já estão desembolsando R$ 15 bilhões com bônus de
assinatura para explorar um campo onde a relação é essa: 75% para a União e 25%
para eles". Para quem insiste na tese de que o diálogo com os empresários
é raro, Dilma lembra que o presidente mundial da Shell, Peter Voser, foi três
vezes ao Palácio do Planalto antes do leilão de Libra. (O momento dramático do PT O relógio
apita, mas não impede uma última questão: que em primeira mão, a notícia de que
José Genoino havia sofrido um princípio de infarto). "Todos
precisam entender que sou a presidente de todos os brasileiros. E não posso nem
devo me mover um milímetro na direção de algo que possa criar uma crise
institucional, entre os poderes". Mensagem a presidente reserva
para os militantes do Partido dos Trabalhadores, que hoje sofrem com a prisão
de alguns de seus líderes históricos? (antes da entrevista, 247 publicou, Em
outras palavras, Dilma pediu compreensão. Ela sabe que, para a continuidade do
projeto de transformações defendido pelo PT, ela tem uma única missão: governar
bem e vencer em 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário