Em audiência pública conjunta das comissões de Constituição e Justiça;
Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e de Fiscalização Financeira e
Controle da Câmara, nessa quarta-feira (4), o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, rebateu setores da oposição que tentam desqualificar os procedimentos
adotados pelo Ministério da Justiça na condução das denúncias de corrupção que
envolvem licitações de trens e metrôs no Estado de São Paulo e no Distrito
Federal. Na CCJ, a audiência foi requerida pelos deputados Ricardo Berzoini (PT-SP) e Luiz Couto (PT-PE). A denúncia reporta
para os períodos em que o Estado de São Paulo era governado pelos tucanos Mário
Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. E o DF era comandado por José Roberto
Arruda (ex-DEM). Cardozo refutou a ideia defendida pelos partidos
envolvidos (PSDB e DEM) e estampada em órgãos da imprensa de que ao receber os
documentos contendo as denúncias, ele deveria rasgá-los e não encaminhá-los à
Polícia Federal para que esse órgão fizesse as devidas apurações. Ao mesmo
tempo, ele criticou a postura dos deputados tucanos que o condenam por ter
cumprido a lei. “Isso me parece uma leitura jurídica inaceitável. Uma denúncia que
tem uma farta documentação - não sei se verdadeira ou não. Que tem narrativa,
que também não sei se corresponde à verdade ou não. O Ministério da Justiça não
pode deixar de encaminhar”, sustentou José Eduardo Cardozo. Ele disse
ainda que se tivesse ignorado as denúncias, seriam acusadas de prevaricação.
“Não posso prevaricar. Se eu não tivesse encaminhado os documentos, incorreria
num delito do código penal e também numa postura ética inaceitável a um
ministro da Justiça”, reiterou Cardozo. Durante seu relato, o ministro fez
questão de esclarecer que uma das empresas pivô das denúncias, a Siemens, sofre
investigação em vários países por formação de cartel e pagamento de propina a
agentes públicos. Ele disse que a empresa resolveu adotar, em decorrência da
exigência mundial, uma política de correção dos desvios e adequação de atos
ilícitos a ela atribuídos. Para tanto, decidiu colaborar com as investigações. Acordo de Leniência - Seguindo à
risca essa nova política, a filial da Siemens no Brasil procurou o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e propôs um acordo de leniência. Esse
é um procedimento que permite ao infrator colaborar com as investigações,
apresentando provas “inéditas” e “suficientes” para a condenação dos
envolvidos. Em contrapartida, a empresa que deleta não sofre sanção pelos
delitos praticados. Cade –
Cardozo fez questão de esclarecer a confusão que girou em torno de quem teria
entregado a documentação à PF. O jornal o Estado de São Paulo, segundo o
ministro, atribuiu a entrega do material ao Cade. De acordo com o ministro, a
PF divulgou nota assumindo o erro material. No entanto, Cardozo afirmou que se
o Cade tivesse encaminhado a denúncia à PF estaria cumprindo a lei que lhe dá
essa prerrogativa. “O Cade sempre faz um trabalho conjunto com a Polícia
Federal. O Cade apura cartel e a Polícia Federal, corrupção”, enfatizou
Cardozo. Ele assegurou que não houve nenhuma operação por parte do Ministério
da Justiça para blindar o Cade. Foto:
Salu Parentes; Benildes Rodrigues
Fonte: www.ptnacamara.org.br
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