ASA – Articulação do Semiárido (1) CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviços (2) RESAB –Rede de Educadores do Semiárido Brasileiro (3) Cáritas Brasileira (4) OS PIPAS E AS CISTERNAS
Chamou a atenção a matéria sobre o abastecimento das cisternas por
carros pipas contaminados, ou água contaminada dos pipas, veiculada pelo
Fantástico da Rede Globo, edição de 01/12/2013. Entretanto, cabem algumas
observações sobre a referida matéria. Em primeiro, o conteúdo da matéria não
pode se generalizar para todo o Semiárido. Na maioria dos lugares o
abastecimento está sendo decente e com água tratada, em que pese tantos casos
de fraudes, má fé e falta de ética por falta dos pipeiros e políticos. Também
no que se refere à epidemia em Alagoas, trate-se de um caso localizado,
acontecido há meses atrás, só agora vindo ao ar no referido programa. Em
segundo, está evidente que ainda estamos longe de resolver os problemas da água
potável da região do Semiárido, particularmente em épocas de grandes estiagens,
como essa que estamos passando. Uma grande parcela da população local ainda
bebe água contaminada, não só porque vem pelos pipas, mas porque suas fontes de
abastecimento ainda são os barreiros e açudes, cujas águas insalubres servem
para o abastecimento humano e dos animais. Terceiro, é preciso realçar que, com
todos os limites apontados pela referida matéria, já não temos nessa região,
nem mesmo em períodos de longas estiagens, a intensa mortalidade infantil,
tantas doenças veiculadas por água contaminada, já não precisamos das
famigeradas “frentes de emergência”, já não temos intensas migrações e nem os
horrores dos saques feitos por sedentos e famélicos. Nós, das entidades que
atuam nessa região, construindo a convivência como Semiárido, fazemos questão
de realçar as conquistas desse povo. Por último, se não quisermos que essas
cenas do presente se repitam no futuro, é só o governo implementar massivamente
as tecnologias de convivência com o Semiárido: cisternas de captação de água de
chuva para beber, cisternas para produção, caxios, barreiros, barragens
subterrâneas, etc, e implementar adutoras para abastecimento das aglomerações
rurais e centros urbanos. Onde esses serviços já chegaram, apesar das dificuldades,
os problemas trágicos já não se repetem. Infelizmente, essa situação atinge
todo povo brasileiro. Recentemente, o IBGE divulgou a síntese dos Indicadores
sociais 2013 – SIS, onde constata que 29,7% dos domicílios urbanos não têm
acesso simultâneo aos serviços básicos de saneamento e iluminação, como
abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e iluminação
elétrica. Do total de domicílios analisados, 93,5% acusaram ausência de
esgotamento sanitário (IBGE/2013). Talvez ainda precisemos dos pipas, principalmente onde os serviços de
água não chegaram, ou simplesmente porque nessas longas estiagens há locais tão
distantes que vão continuar precisando deles. Aí então é uma questão da
vigilância sanitária e dos responsáveis pelos programas de abastecimento dos
pipas, assim como dos gestores públicos federal, estadual e municipal,
assumirem suas responsabilidades. (1) Rede formada por mil organizações da
sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de
convivência com a região semiárida. (www.asabrasil.org.br) (2) Entidade ecumênica de promoção e
garantia a defesa de direitos, justiça e paz, defesa e fortalecimento das às
lutas dos movimentos sociais por transformações que assegurem uma sociedade
justa e democrática. (www.cese.org.br)
(3) Espaço de articulação política regional da sociedade organizada, que
congrega educadores e educadoras e instituições governamentais e não
governamentais, que atuam na área de educação contextualizada no Semiárido
Brasileiro. http://resabnacional.blogspot.com.br
(4) Entidade vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em
164 países, com atuação em todo o território nacional, desenvolve o programa de
convivência com o seminário. (www.caritas.org.br)
Fonte: http://caritas.org.br
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