Dezessete dos 594 atuais parlamentares podem ficar
de fora das eleições de 2014 por força da Lei da Ficha Limpa. É o que mostra
levantamento inédito da ONG Transparência Brasil. São dezesseis deputados e um
senador condenados em segunda instância por improbidade administrativa, compra
de votos ou abuso de poder econômico ou político. O PSD tem quatro
parlamentares enquadrados; o PMDB, três; PSDB, PP e Pros, dois; PT, PSB, PSC e
PRP têm um cada.
A Ficha Limpa é uma das poucas leis nascidas da
iniciativa popular. O projeto foi enviado ao Congresso em 2009 e aprovado logo
em 2010. O Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, anulou a aplicação da lei
na eleição daquele ano, adiando seus efeitos para a disputa municipal de 2012.
A corrida de 2014 será, portanto, a primeira de âmbito estadual e federal na
vigência da lei.
O texto prevê catorze hipóteses para afastar das
urnas políticos com a ficha suja. A inelegibilidade, no entanto, não é
decretada automaticamente. Para a aplicação da lei nos casos de improbidade
administrativa, por exemplo, é necessário comprovar que houve prejuízo para os
cofres públicos e enriquecimento ilícito. Cabe à Justiça Eleitoral decidir caso
a caso - foi 3.366 recursos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na eleição de
2012, de um total de 7.781 processos relacionados ao registro de candidaturas,
segundo balanço divulgado em janeiro pela Corte.
Alguns dos nomes que aparecem no levantamento da
Transparência Brasil já tiveram problemas com a Lei da Ficha Limpa quatro anos
atrás. É o caso de Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB), o único senador da lista, e do deputado João Pizzolatti
(PP-SC). Eleitos em 2010, os dois foram barrados pela Justiça Eleitoral e só
tomaram posse após o STF decidir que a norma, mesmo aprovada, não valeria para
a corrida eleitoral de 2010.
O deputado Paulo Maluf (PP-SP) também teve a
candidatura impugnada em 2010, mas no mesmo ano conseguiu reverter a sentença
condenatória e se livrou da punição antes mesmo que o STF adiasse os efeitos da
lei para 2012. Em 2013, porém, em nova derrota na Justiça, Maluf foi condenado
por improbidade administrativa e superfaturamento de obras.
A Lei da Ficha Limpa ameaça dezessete parlamentares
este ano, mas isso não significa que os demais 577 estejam quites com a
Justiça, lembra o diretor-executivo da Transparência Brasil, Claudio Weber
Abramo. Na verdade, como mostra levantamento do projeto Excelências, da
Transparência Brasil, recentemente relançado, com apoio de VEJA, quase a metade
do Congresso (54,8% dos deputados e 46,9% dos senadores) está enrolada na
Justiça ou nos tribunais de contas. A grande maioria dos processos, contudo,
arrasta-se nos tribunais, sem definição. "É uma invasão de gente com
problemas na Justiça", diz Abramo. "A política tem de ser protegida
dessas pessoas".
Fonte: Transparência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário