O projeto Aliança pela Agroecologia, da
AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia em parceria com organizações sociais
de seis países da América Latina dedicadas à promoção do desenvolvimento rural
sustentável, foi lançado no seminário “Trajetórias e desafios da agricultura
familiar e da agroecologia”, realizado no último dia 25 de março, no auditório
da sede do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) em Campina Grande, na
Paraíba.
Estiveram presentes representantes de
organizações do Equador, Paraguai, Colômbia, Nicarágua, Guatemala e Bolívia
além de um público de cerca de 90 pessoas entre estudantes, pesquisadores e
representantes de entidades governamentais, não governamentais e movimentos
sociais do campo.
Paulo Petersen, diretor executivo da AS-PTA,
abriu o seminário falando sobre o significado especial de realizar o lançamento
do projeto no Insa que, segundo ele, já nasceu parceiro das organizações
envolvidas no projeto. Falou ainda sobre a forma como o Aliança pela
Agroecologia foi concebido: “A construção das alternativas deve partir da
aprendizagem mútua e da atuação em rede. Esta é uma proposta que não vem de
cima pra baixo. Por isso partimos da experiência local.
“Este seminário tem o papel de nos situar
nessa trajetória de promoção da agroecologia, pois este é um projeto que
articula um conjunto de países que se propõe a fazer o que a gente sempre fez
trocar experiências”, afirmou.
Maria Leônia Soares, presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Massaranduba e da coordenação do Polo da Borborema
fez uma apresentação resgatando o histórico da construção do Polo e de sua
organização política de 1993 até os dias de hoje.
Em seguida Lorenzo Soliz, do Centro de
Investigación e Promoción del Campesinado (CIPCA) da Bolívia e Jorge Irán do
Programa Campesino a Campesino da Unión Nacional de los Agricultores e
Ganaderos (UNAG) da Nicarágua, comentaram a exposição sobre o Polo a partir de
suas experiências nos seus países. Após esse momento foi aberto debate entre os
participantes e o seminário foi encerrado com uma confraternização no Hotel
Fazenda Day Camp, em Campina Grande, que lembrou os 30 anos de fundação da
AS-PTA.
Visitas de
Intercâmbio – O dia seguinte ao
seminário, 26 de março, foi dedicado a visitas de intercâmbio dos
representantes das organizações da América Latina ao território da Borborema.
Fizeram parte do itinerário das visitas os municípios de Remígio, Solânea e
Massaranduba, nas regiões do Curimataú e Agreste do estado. O grupo se dividiu
em três visitas:
uma à propriedade de seu Luiz Souza e dona
Eliete no sítio Salgado de Souza, em Solânea, outra ao assentamento Corredor
onde moram Edinaldo e Vanda Florentino, em Remígio, já um terceiro grupo
conheceu as experiências agroecologicas no sítio Cachoeira de Pedra Dágua, em
Massaranduba, na propriedade de seu Domingos de Barros, seu “Loro” e dona
Iraci.
Após as visitas, o grupo inteiro se reuniu
na sede da AS-PTA, no Centro Agroecológico São Miguel (CASM), em Esperança,
para avaliar o que conheceram e seguir com a troca de conhecimentos. Jorge
Irán, da UNAG, destacou a oportunidade de aprender na prática com as
experiências das famílias ligadas ao Polo:
“É interessante notar como através de uma
problemática, de um diagnóstico participativo, foi se construindo alternativas,
não só com a adoção de novas tecnologias, mas com o conhecimento que o povo já
tem, práticas que eram de seus avós e que hoje conseguem influenciar a
construção de políticas públicas”.
Nancy Minga, da Coordinadora Ecuatoriana de
Agroecología (CEA) ressaltou o valor da união na luta: “Percebi na visita a
importância que tem o sentido de comunidade, de coletivo, pois só o contexto
familiar é insuficiente para compreender o movimento existente na região”,
disse.
Já Lorenzo Soliz, do CIPCA, Bolívia,
destacou a fora como o sucesso da parceria entre a AS-PTA e o Polo contribuiu
para a incidência nas políticas públicas para a região: “A relação horizontal
que foi se formando entre a AS-PTA e as famílias é diferente de muitos locais
em que há uma relação totalmente vertical.
Mas quando há confiança pode-se construir coisas juntas. Mesmo no pouco tempo em que pudemos acompanhar as visitas, pudemos perceber isso. Depois de 20 anos há reposta técnica. E se há resposta, há um entorno disposto a escutar, é o que chamamos de incidência”, avaliou.
Mas quando há confiança pode-se construir coisas juntas. Mesmo no pouco tempo em que pudemos acompanhar as visitas, pudemos perceber isso. Depois de 20 anos há reposta técnica. E se há resposta, há um entorno disposto a escutar, é o que chamamos de incidência”, avaliou.
Euzébio Cavalcante, presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Remígio e da coordenação do Polo da Borborema, que
acompanhou a visita em seu município, ficou satisfeito com as avaliações dos
visitantes: “Foi muito bom ouvir, porque a gente passa a valorizar a nossa ação
e analisá-la de uma outra forma”, disse a liderança.
De acordo com Gabriel Fernandes, assessor
técnico da AS-PTA e coordenador do projeto Aliança pela Agroecologia, a partir,
os parceiros puderam ver na prática como são construídas políticas públicas
para a região:
“Elas (as políticas) surgem à partir da necessidade, dos
desafios que os agricultores enfrentam no dia-a-dia, existe toda uma
organização que parte das famílias e chega ao âmbito regional e permite tanto a
identificação desses problemas, quanto testar alternativas.
“Nesse processo, há também um esforço de se
divulgar os resultados obtidos e fazê-los chegar aos diferentes níveis de
governo de forma que possam voltar á região na por meio de políticas de apoio.”
Ainda
segundo Gabriel, o próximo passo do projeto será a definição de um plano de
trabalho. Ele acredita que as visitas e os debates ajudarão a orientar o
andamento do projeto e a troca de experiências entre os participantes. O
Projeto Aliança pela Agroecologia é uma iniciativa cofinanciada pela União
Europeia e terá duração de três anos.
Fonte:
www.aspta.org.br
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