A disputa pela direção da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB), que representa cerca de 220
Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs), acirrou-se com o adiamento da
eleição e com a criação de uma comissão para acompanhar o processo eleitoral
após acordo mediado pela Justiça do Trabalho.
O atual
presidente da Fetag-PB, Liberalino Lucena, enfrenta outro desafio. É a primeira
vez em anos que o grupo liderado pelo “Caboclinho”, há 27 anos decidindo os
destinos de quase um milhão de trabalhadores rurais paraibanos, enfrenta uma
chapa com o apoio maciço de entidades e de movimentos sociais do campo.
Para a chapa
de oposição a Liberalino, encabeçada por Nelson Anacleto, da direção
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Seca (PB), os STRs
estariam abandonados pela atual direção da Fetag-PB, que teria instaurado uma
cultura de medo entre os sindicalistas.
“É preciso
abolir o autoritarismo e o clima de medo estabelecido entre os STRs pela atual
direção da Fetag-PB. Liberalino se julga acima do estatuto da federação”,
afirmou Anacleto, que em 2012 foi eleito vereador de Lagoa Seca com a maior
votação da história do município e é o atual presidente da Câmara de
Vereadores.
Anacleto
defende o estreitamento dos laços entre os sindicatos rurais e os movimentos
sociais. Segundo ele, a atual direção da Fetag-PB não dialoga com entidades
importantes para o agricultor, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a
Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) e o Polo da Borborema.
“A federação
está ausente da base, até na gestão das políticas públicas. Queremos construir
uma federação capaz de dialogar com os movimentos, que trabalhe para fortalecer
a agricultura familiar e a reforma agrária, e ainda, que estabeleça uma
estreita relação com os movimentos sociais”, disse Anacleto. Eleição adiada:
A eleição
para a escolha da nova diretoria da Fetag-PB, que deveria ter acontecido em 27
de março, foi adiada para o próximo dia 29 após acordo entre a chapa de
Anacleto e a chapa de Liberalino, mediado pelo procurador do trabalho Eduardo
Varandas, no dia 15 de abril.
A suspensão
da eleição foi fruto de uma liminar concedida pelo juiz Normando Salomão
Leitão, da 7ª Vara do Trabalho, em virtude da ação movida pelos representantes
da Chapa 2, que denunciou irregularidades no processo eleitoral da
Fetag-PB, como a ausência de uma comissão eleitoral e a condução do processo
por pessoas ligadas ao grupo de Liberalino. Denúncia:
A principal
denúncia contra Liberalino envolve a compra de uma S-10. Segundo a chapa de
Anacleto, o atual presidente da Fetag-PB teria usado cerca de R$ 24 mil da
federação, sem o conhecimento da direção da entidade e dos STRs filiados, para
dar entrada na compra do veículo. Embora registrada em nome de Liberalino, a
S-10 estaria sendo locadas à entidade por R$ 4,7 mil mensais – valor
considerado superfaturado pela chapa de oposição.
“Conforme o
contrato de locação do veículo, ele deveria ser usado exclusivamente em viagens
de coordenação, supervisão e representação da entidade, mas, vem sendo usado,
de forma indevida, para atividades de campanha de Liberalino”, afirmou
Anacleto. Propostas de Anacleto:
Melhorar as
instalações das sedes e informatizar os sistemas de controle e gestão dos STRs
é uma das prioridades da chapa encabeçada por Nelson Anacleto. A ideia é
fornecer gratuitamente computadores, impressoras e programas de computador para
facilitar o gerenciamento do quadro social e da contabilidade dos sindicatos, e
ainda, para dar agilidade e segurança à gestão dos serviços previdenciários.
“Vamos
capacitar e assessorar permanentemente os dirigentes sindicais para que eles
usem a tecnologia para dar mais qualidade ao trabalho desenvolvido pelos STRs
junto aos agricultores”, afirmou Anacleto.
O
sindicalista promete intensificar a luta pela regularização fundiária e pela
reforma agrária, bem como facilitar o acesso dos agricultores representados
pelos STRs a programas do Governo Federal, como o Minha Casa, Minha Vida Rural.
O
fortalecimento das políticas voltadas para a juventude é outra proposta da
chapa de Anacleto, que defende mais atenção à inserção política e econômica dos
jovens.
Para as
agricultoras, a chapa de Anacleto propõe a recuperação da Secretaria de
Mulheres da Fetag-PB com a promoção de encontros para troca de experiências
entre as dirigentes de STRs e de ações que denunciem as condições de vida das
mulheres do campo.
Segundo
Anacleto, o movimento sindical tem papel fundamental no enfrentamento dos
problemas provocados pelas estiagens prolongadas. “É preciso apresentar para os
agentes políticos e para a sociedade uma plataforma de convivência com o
Semiárido. Vamos buscar políticas e ações estruturantes de convivência com o
Semiárido em parceria com redes de organizações da sociedade civil”, disse.
Para
Anacleto, a Fetag-PB deve protagonizar a luta pela democratização do acesso à
água de qualidade, pela valorização das sementes crioulas, pela recomposição
dos rebanhos e pelo fortalecimento dos sistemas de criação animal. “Também
vamos promover campanhas para redução do uso de agrotóxicos, evitando casos de
intoxicação entre os agricultores”, afirmou Nelson Anacleto. (Assessoria)
Fonte: http://www.paraiba.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário