Por, Roberto Malvezzi (Gogó)
O futebol mudou.
Tornou-se empresa e um dos negócios mais rentáveis do mercado. Muitos opinam
que também tornou-se um espaço de lavagem de dinheiro.
Não temos mais os
ídolos do passado. Os atuais buscam ganhar o máximo de dinheiro no tempo
mínimo. Alguns jogadores, rapidamente milionários, aos 25 ou 26 anos já não são
a sombra de arte e empenho que tinham aos 17 ou 18 anos. Eles raramente jogam em clubes brasileiros. Alguns, em suas opções, até preferem jogar por outras seleções.
Em todo caso, ganham
muito porque muito rendem. O marketing, as empresas, os negócios, são fábulas
astronômicas de grana que eles mobilizam com suas imagens. Tudo que tocam é sucesso
e venda. Quando tudo acaba, às vezes rapidamente, alguns já estão na pobreza,
gastando na mesma velocidade tudo que ganharam.
Mas, o povo
brasileiro também mudou. Hoje somos muito mais politizados do que na década de
70, por exemplo. As autoridades, de forma alguma, vão poder fazer campanha
eleitoral com nossa paixão pelo futebol.
Portanto, o que está
em jogo nessa copa, não são apenas alguns bilhões gastos em obras faraônicas,
algumas inúteis, que pouca utilidade terão após a copa. Isso pesa, mas não é o
decisivo. O que incomoda é que nossa classe política não se empenha em termos
de infraestrutura básica, como .
saneamento, melhores
escolas, melhores hospitais com a mesma gana que se empenham para realizar uma
copa do mundo. Aliás, se há algo que não mudou em nosso país – salvo as
exceções honrosas de sempre - é a classe política. Não se pode atribuir a
qualidade de nossos representantes ao povo.
Ao contrário, temos
nos esforçado com afinco para melhorar nossas representações. Mas, uma vez no
poder, salvo raras exceções, costumam nos dar as costas e repetir a mesma
prática disseminada na velha política. E como dizia Millôr Fernandes, “ainda
não temos direito ao voto retroativo”. Então, fazemos democracia direta, nas
ruas.
É difícil que os
brasileiros não torçam por nossa seleção. Pode ser que alguns, sim. A maioria
estará diante da TV – mesmo estando também nas ruas -, se alegrando com as
vitórias e sofrendo nas dificuldades e possíveis derrotas. Mas, decididamente,
nós mudamos. E foi para melhor.
Fonte: CPT
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