O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira
(26/03) em São Paulo que, caso o Congresso não consiga votar uma reforma
política, o sistema eleitoral e partidário do país deveria ser modificado por
uma Constituinte. O petista afirmou ainda que o Brasil necessita urgentemente
implementar o financiamento público de campanhas e transformar o financiamento
privado em crime inafiançável. Caso contrário, continua, não haverá moralização
na política. "Acho que se, o Congresso não votar uma reforma política,
teríamos de chamar uma Constituinte apenas pra fazê-la. Só não pode continuar
do jeito que está", afirmou, defendendo a importância de que os partidos
brasileiros sejam fortes e representativos. "Não podemos mais ter legenda
de aluguel, só pra disputar eleição, vender horário eleitoral ou fazer
negociata no Congresso. Como o próprio nome diz, os partidos têm que
representar uma parte da sociedade." Lula participou do seminário
"Novos Desafios da Sociedade", realizado pelo jornal Valor Econômico
na zona sul de São Paulo. Na ocasião, ele lembrou que, quando exerceu a
Presidência, enviou algumas propostas de reforma política para o Congresso –
que nunca foram votadas. Algumas permanecem na pauta do Legislativo, mas, para
o petista, a situação atual continua desfavorável. "Não acredito que votem
porque as pessoas que estão lá querem continuar no status quão que
existe hoje." Em diálogo com o ex-premiê da Espanha Felipe González que
também participou do evento, Lula avaliou que a Europa vive um momento de crise
de representatividade dos partidos políticos em relação à sociedade.
"Houve uma perda de referência em relação às demandas das pessoas",
disse, em referência indireta aos pacotes de austeridade aplicados pelos
governos apesar da intensa oposição social e dos prejuízos trazidos à
população. "No Brasil, felizmente, temos avançado nesse sentido."
Nesse sentido, Lula advertiu que é preciso estar alerta com os candidatos que
se arvoram no combate à corrupção e utilizam princípios morais como eixo de
suas campanhas. "Cuidado, porque eles podem ser piores dos que estão
acusando." O petista reconheceu que, desde a eleição de Fernando Collor,
repleta de problemas, os sucessivos resultados das urnas representaram um
avanço para a democracia do país. "Acho que a eleição do Fernando Henrique
Cardoso foi um avanço para a democracia do país. Em 1985, a elite paulista não
votou nele pra prefeitura porque achava que ele era comunista", resgatou.
"Depois veio minha eleição, e foi um passo importante. Houve uma alternância
dos setores sociais que governam o país. E agora consagramos com a vitória da
Dilma Rousseff. Muitos especialistas jamais imaginavam que o Brasil estivesse
preparado para eleger uma mulher presidenta." Lula vislumbra uma América
do Sul repleta de governantes do sexo feminino. "Se Deus quiser, a
Michelle Bachelet voltará à Presidência do Chile e então teremos também Dilma,
Cristina Kirchner, e no Peru se insinua a candidatura da esposa do presidente
Ollanta Humala", citou. "Logo teremos uma maioria de mulheres
governando a região e será importante como experiência política."
(Por: Tadeu
Breda, da Rede Brasil Atual)
Fonte:
http://www.luizcouto.com
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