No
dia 28 de agosto, um grupo de agricultores das regiões da Borborema, Seridó,
Curimataú e Cariri da Paraíba participaram de uma oficina com o objetivo de
submeter à avaliação dos agricultores o conteúdo de uma série de 10 títulos de
cartilhas educativas sobre a produção de sementes de hortaliças e sementes
agroecológicas. O kit de cartilhas está em processo de elaboração e é uma
iniciativa da Coordenadoria de Agroecologia (Coagre) do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio do seu Programa de
Agricultura Orgânica e Agroecologia. Dentro do trabalho de fomento à
agricultura orgânica o tema das sementes é um dos gargalos, como explica o
consultor do MAPA e responsável pela produção das cartilhas Pedro Jovhelevich:
“a ideia é desenvolver cartilhas simples, a princípio sobre 10 tipos de
culturas, para que os agricultores possam ter uma base e produzir suas próprias
sementes crioulas. Estamos colhendo informações junto aos agricultores desde o
mês de junho, submetendo os conteúdos para que o material se aproxime o máximo
possível da realidade da agricultura familiar”. O evento aconteceu no Centro
Marista de Eventos em Lagoa Seca e reuniu um público de cerca de 30 pessoas,
entre agricultores e agricultoras, alunos e professores dos cursos de Ciências
Agrárias (UFPB) e Agroecologia (UEPB), lideranças de entidades rurais e
técnicas de entidades de assessoria, a exemplo da AS-PTA Agricultura Familiar e
Agroecologia, que assessora o Polo da Borborema. “Esta oficina está sendo
interessante porque conta com a participação de diversos olhares e formas de
conhecimentos, ou seja, aqui são consideradas as experiências das famílias
agricultoras e também daqueles que estão envolvidos com as pesquisas acadêmicas
sobre as sementes. Acredito ser muito importante que a rede de sementes da ASA
Paraíba e do Polo se aproximarem desse trabalho do MAPA de estímulo à produção
de sementes crioulas”, frisou Emanoel Dias, assessor técnico da AS-PTA, que
acompanha a rede de sementes do Polo. Para facilitar a apresentação da
cartilha, os participantes foram divididos em cinco grupos, cada um ficando com
duas das 10 cartilhas, sobre 10 diferentes culturas: feijão de corda, guandu,
tomate, cenoura, alface, feijão, milho, arroz e crotalária. Cada grupo, que
teve no mínimo dois agricultores, fez a leitura do material e anotou sugestões
a partir de suas próprias práticas, vivências e manejo das culturas de acordo
com o seu tipo de solo e clima. Em seguida as sugestões, críticas foram
socializadas com o coletivo. Maria Betânia Alves, uma das participantes da
oficina é agricultora, do município de Pedra Lavrada, e integra a dinâmica do
Coletivo das Organizações da Agricultura Familiar do Seridó, Cariri e
Curimataú. Ela sentiu falta de elementos da vivência prática dos agricultores
no material: “acredito que é preciso ainda incorporar algumas práticas que nós
já temos com esse tema das sementes, como os campos de multiplicação e os
ensaios comparativos de variedades, que são experiências muito ricas, também
poderiam entrar a dinâmica dos bancos comunitários de sementes”, avaliou. As
cartilhas tratam de temas como: manejo da cultura, formas de adubação, rotação
de culturas, seleção, colheita, secagem e armazenamento das sementes, entre
outros. Segundo os representantes do Mapa, quando todas as sugestões dos
agricultores forem incorporadas ao material, que terá circulação nacional e
distribuição gratuita, uma minuta do texto final deverá circular para a
aprovação final dos agricultores: “queremos evitar a edição de um material que
fuja à realidade de vocês”, explicou Hermes Ferreira Barbosa, da divisão de
políticas agrícolas da Superintendência Federal de Agricultura do Mapa. O
segundo momento da oficina foi voltado para uma discussão sobre a prática de
produção de sementes de hortaliças, que ainda é considerado um desafio para as
famílias agricultoras da região da Borborema, embora tenham larga experiência
na multiplicação, manejo e conservação das sementes nativas há séculos.
“Acredito que com a experiência que vocês têm de produção de sementes de grãos,
a produção de sementes de hortaliças não será difícil e ainda se apresenta como
uma alternativa de geração de renda”, afirmou Pedro Jovhelevich. Ao final da
atividade, o grupo visitou uma a experiência do Banco de Sementes Comunitária da
Comunidade Maracajá, no município de Queimadas. Na oportunidade os visitantes
escutaram depoimentos sobre a gestão do banco comunitário e também as
estratégias técnicas das famílias agricultoras sobre o resgate, multiplicação e
distribuição das sementes da paixão.
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