NSA na mira. Em
visita a Brasília, presidente francês aceita convite para que Paris integre
direção da conferência mundial sobre o controle da rede global, marcada para
abril em São Paulo; "nos interessa parceria no setor da defesa
cibernética", diz líder brasileira. Os presidentes Dilma Rousseff e
François Hollande acertaram ontem que a França integrará o comitê diretivo da
conferência global sobre governança na internet, que o governo brasileiro
convocou para abril, em São Paulo. O Palácio do Planalto quer ver oito ou nove
países, incluindo o Brasil, coordenando debates para chegar ao menos a uma
declaração conjunta contra abusos e espionagem na rede. A intenção brasileira de
alterar a forma de gestão da internet é anterior aos escândalos de espionagem
envolvendo a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês). Alguns
“problemas recorrentes, como a atribuição de domínios-entre eles, o”. “Com” -,
já haviam levado Brasília a questionar a hegemonia americana sobre a rede
global. Com as notícias da ciberespionagem, o tema foi parar no topo da agenda
e o Brasil ganhou respaldo de países como Alemanha e França. "Queremos ser
sócios na construção de uma ordem mundial mais justa, mais igualitária e mais
democrática", disse Dilma. "Reiterei nossa expectativa de contar com
uma representação francesa na reunião multissetorial global sobre o futuro da
governança da internet. Muito nos interessa uma parceria com a França em todas
as áreas que dizem respeito à defesa cibernética", completou a presidente.
Hollande, por sua vez, respondeu que a França "saudava" e
"apoiava" a iniciativa de proteção de dados pessoais. "Porque
ela é necessária, tanto para as nações quanto para as liberdades
individuais", afirmou o francês. "Tratamos ainda da defesa
cibernética, que é ainda mais necessária após a revelação de uma série de
informações que fizeram necessária uma reação firme. Precisamos ter políticas
para isso e buscar uma convergência." Outra convidada para formar esse
comitê diretor deve ser a Alemanha, que foi copatrociná-dora da proposta
brasileira de declaração contra a espionagem, aprovada por consenso na
Assembleia-Geral das Nações Unidas. Os dois países se uniram à reclamação brasileira
tardiamente, meses depois das revelações do ex-agente da CIA Edward Snowden que
mostraram a vigilância de empresas e do governo brasileiro. Apenas em outubro,
quando foi revelado que os dois países europeus - e dezenas de outros - também
estavam sendo espionados, França e Alemanha se uniram aos esforços brasileiros.
Dúvidas. Dentro do próprio governo brasileiro há certo ceticismo sobre os
resultados práticos do encontro em São Paulo, que terá a participação de
entidades da sociedade civil. Outras iniciativas multilaterais pararam no plano
das ideias. No entanto, em meio ao processo desencadeado pelas revelações de
Snowden, há a crença de que poderá sair de São Paulo alguma coisa mais forte,
como um reconhecimento de que a atual situação, que abre brechas para casos
como a espionagem americana, é insustentável. O Brasil avalia que a espionagem
fora de controle dos Estados Unidos é fruto de um desmando, uma falta de
supervisão por parte da sociedade sobre como as empresas e os governos
interferem na internet. Na ONU, o ambiente seria mais favorável a medidas para
proteção da privacidade. No encontro global, o foco deve ser, mais uma vez, as
liberdades individuais e a soberania dos Estados. Em um momento descontraído,
Dilma disse que o Brasil fará "a Copa das Copas" e desejou sorte à
França, mas avisou que não torcerá pela seleção francesa no torneio. Hollande
elogiou o fato de o Brasil estar realizando tantos eventos internacionais ao
mesmo tempo e disse que, quem sabe, visitará o País durante a Copa do Mundo, em
junho.
Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br
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