As sementes são o
insumo primário da agricultura e, portanto, o acesso a variedades adaptadas às diferentes
realidades socioecológicas é fundamental para a garantia dos modos de vida de
centenas de milhões de famílias agricultoras. A produção própria de sementes,
bem como o seu acesso por meio de mercados formais e informais, constituem
condições-chave para a reprodução social e econômica e para a autonomia de
famílias e comunidades rurais. As sementes locais (também chamadas de crioulas
ou tradicionais, entre outros termos) são aquelas conservadas e manejadas por
agricultores familiares, comunidades quilombolas, indígenas e outros povos
tradicionais que, ao longo de gerações, vão adaptando-as a suas formas de
manejo e aos seus locais de cultivo. Além de normalmente apresentarem melhor
desempenho agronômico e responderem a uma diversidade de necessidades e usos,
essas sementes guardam forte relação cultural e identitária com as comunidades
rurais, estando muitas variedades associadas a costumes, a culinária e a ritos
tradicionais. Ao longo das últimas décadas, porém, muitos fatores, incluindo a
contínua substituição de variedades tradicionais por cultivares comerciais, são
responsáveis pelo desaparecimento de sementes locais e pelo estreitamento da
base genética das espécies agrícolas. Programas públicos baseados no
fornecimento de sementes comerciais a agricultores familiares e povos
tradicionais também têm contribuído para esse processo. Buscando assegurar a
manutenção, a diversidade e a disponibilidade de variedades adaptadas, muitos
grupos de agricultores em todas as regiões do País colocam em prática variadas
estratégias de uso, conservação e circulação de sementes. Experiências nesse
campo constituem importantes referências para a conservação dos recursos
genéticos e para a elaboração e a execução de políticas públicas. Mas há muito
ainda a ser conhecido, o que nos leva às seguintes questões: De que forma
organizações locais vêm atuando para fomentar processos de produção e
intercâmbio de sementes locais? Como se organizam e funcionam as redes
regionais e territoriais de circulação de materiais genéticos? Quais
estratégias têm sido utilizadas no sentido de ampliar a escala das experiências
existentes, disseminando o uso de sementes crioulas e variedades comerciais
produzidas localmente? Como as ações voltadas à promoção do uso de sementes
crioulas e varietais têm contribuído para frear o avanço das sementes
transgênicas? Em que medida as políticas públicas têm interferido positiva ou
negativamente para o fortalecimento das iniciativas coletivas de gestão dos
recursos genéticos locais? Esperamos com a próxima edição da Revista dar
visibilidade a experiências nesse campo e a partir delas trazer para este
debate elementos relevantes de reflexão.
Data-Limite para o envio dos artigos: 15 de Fevereiro de 2014: Instruções para elaboração de
artigos Os artigos deverão descrever e analisar
experiências concretas à luz da chamada temática, procurando extrair
ensinamentos que sirvam de inspiração para grupos envolvidos com a promoção da
Agroecologia. Os artigos devem ter até seis laudas de 2.100 toques (30 linhas x
70 toques por linha). Os textos devem vir acompanhados de duas ou três
ilustrações (fotos, desenhos, gráficos), com a indicação de autores e
respectivas legendas. Os autores devem informar dados para facilitar o contato
de pessoas interessadas na experiência.
Fonte: revista@aspta.org.br.
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