sexta-feira, 23 de maio de 2014

Adiamento da eleição acirra disputa para direção da Fetag-PB

A disputa pela direção da Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB), que representa cerca de 220 Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs), acirrou-se com o adiamento da eleição e com a criação de uma comissão para acompanhar o processo eleitoral após acordo mediado pela Justiça do Trabalho.

O atual presidente da Fetag-PB, Liberalino Lucena, enfrenta outro desafio. É a primeira vez em anos que o grupo liderado pelo “Caboclinho”, há 27 anos decidindo os destinos de quase um milhão de trabalhadores rurais paraibanos, enfrenta uma chapa com o apoio maciço de entidades e de movimentos sociais do campo.

Para a chapa de oposição a Liberalino, encabeçada por Nelson Anacleto, da direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Seca (PB), os STRs estariam abandonados pela atual direção da Fetag-PB, que teria instaurado uma cultura de medo entre os sindicalistas.

“É preciso abolir o autoritarismo e o clima de medo estabelecido entre os STRs pela atual direção da Fetag-PB. Liberalino se julga acima do estatuto da federação”, afirmou Anacleto, que em 2012 foi eleito vereador de Lagoa Seca com a maior votação da história do município e é o atual presidente da Câmara de Vereadores.

Anacleto defende o estreitamento dos laços entre os sindicatos rurais e os movimentos sociais. Segundo ele, a atual direção da Fetag-PB não dialoga com entidades importantes para o agricultor, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) e o Polo da Borborema.

“A federação está ausente da base, até na gestão das políticas públicas. Queremos construir uma federação capaz de dialogar com os movimentos, que trabalhe para fortalecer a agricultura familiar e a reforma agrária, e ainda, que estabeleça uma estreita relação com os movimentos sociais”, disse Anacleto. Eleição adiada:

A eleição para a escolha da nova diretoria da Fetag-PB, que deveria ter acontecido em 27 de março, foi adiada para o próximo dia 29 após acordo entre a chapa de Anacleto e a chapa de Liberalino, mediado pelo procurador do trabalho Eduardo Varandas, no dia 15 de abril.
A suspensão da eleição foi fruto de uma liminar concedida pelo juiz Normando Salomão Leitão, da 7ª Vara do Trabalho, em virtude da ação movida pelos representantes da Chapa 2, que denunciou irregularidades no processo eleitoral da Fetag-PB, como a ausência de uma comissão eleitoral e a condução do processo por pessoas ligadas ao grupo de Liberalino. Denúncia:

A principal denúncia contra Liberalino envolve a compra de uma S-10. Segundo a chapa de Anacleto, o atual presidente da Fetag-PB teria usado cerca de R$ 24 mil da federação, sem o conhecimento da direção da entidade e dos STRs filiados, para dar entrada na compra do veículo. Embora registrada em nome de Liberalino, a S-10 estaria sendo locada à entidade por R$ 4,7 mil mensais – valor considerado superfaturado pela chapa de oposição.

“Conforme o contrato de locação do veículo, ele deveria ser usado exclusivamente em viagens de coordenação, supervisão e representação da entidade, mas, vem sendo usado, de forma indevida, para atividades de campanha de Liberalino”, afirmou Anacleto. Propostas de Anacleto:
  
Melhorar as instalações das sedes e informatizar os sistemas de controle e gestão dos STRs é uma das prioridades da chapa encabeçada por Nelson Anacleto. A ideia é fornecer gratuitamente computadores, impressoras e programas de computador para facilitar o gerenciamento do quadro social e da contabilidade dos sindicatos, e ainda, para dar agilidade e segurança à gestão dos serviços previdenciários.

“Vamos capacitar e assessorar permanentemente os dirigentes sindicais para que eles usem a tecnologia para dar mais qualidade ao trabalho desenvolvido pelos STRs junto aos agricultores”, afirmou Anacleto.

O sindicalista promete intensificar a luta pela regularização fundiária e pela reforma agrária, bem como facilitar o acesso dos agricultores representados pelos STRs a programas do Governo Federal, como o Minha Casa, Minha Vida Rural.

O fortalecimento das políticas voltadas para a juventude é outra proposta da chapa de Anacleto, que defende mais atenção à inserção política e econômica dos jovens.

Para as agricultoras, a chapa de Anacleto propõe a recuperação da Secretaria de Mulheres da Fetag-PB com a promoção de encontros para troca de experiências entre as dirigentes de STRs e de ações que denunciem as condições de vida das mulheres do campo.

Segundo Anacleto, o movimento sindical tem papel fundamental no enfrentamento dos problemas provocados pelas estiagens prolongadas. “É preciso apresentar para os agentes políticos e para a sociedade uma plataforma de convivência com o Semiárido. Vamos buscar políticas e ações estruturantes de convivência com o Semiárido em parceria com redes de organizações da sociedade civil”, disse.

Para Anacleto, a Fetag-PB deve protagonizar a luta pela democratização do acesso à água de qualidade, pela valorização das sementes crioulas, pela recomposição dos rebanhos e pelo fortalecimento dos sistemas de criação animal. “Também vamos promover campanhas para redução do uso de agrotóxicos, evitando casos de intoxicação entre os agricultores”, afirmou Nelson Anacleto.

Fonte:  ASA PB

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