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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Escola incentiva o consumo de lanche saudável

Apesar de simples, a iniciativa da escola busca reduzir estatísticas que preocupam autoridades em saúde. Durante um dia na semana, a sala de aula vira uma imensa cozinha. Os lápis e cadernos saem de cena e dão espaço para frutas, potes plásticos, talheres e a criatividade da professora. De forma lúdica, ela faz uma espécie de teatro e ensina os alunos a fazerem uma salada, enquanto explica a importância de cada fruta. A atividade, que termina sempre em brincadeira, faz parte do Projeto Alimentação Saudável, criado pelo Colégio João XXIII, que funciona no bairro do Róger, em João Pessoa. Além de despertar o paladar das crianças para o gosto das frutas, o trabalho também tem a missão de orientar os pais. “Damos recomendações aos pais sobre os tipos de alimentos que eles enviam para os lanches dos filhos. Orientamos, por exemplo, que eles escolham biscoitos integrais, sanduíches naturais, sucos de frutas; e deixem um pouco de lado aqueles produtos industrializados e muito calóricos”, explica a coordenadora pedagógica do Colégio, Marta Arcela. Apesar de simples, a iniciativa da escola busca reduzir estatísticas que preocupam autoridades em saúde e colocam João Pessoa numa posição desconfortável na área de alimentação estudantil. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (Pense), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital paraibana está entre as localidades nordestinas que apresentaram o maior percentual de estudantes que não têm hábito de consumir frutas. O estudo, feito por amostragem, entrevistou 3.222 alunos, distribuídos em 97 turmas de 75 escolas diferentes. Foi constatado que 25,5% dos entrevistados não tinham consumido nenhuma fruta durante o período de sete dias anteriores à pesquisa. O percentual foi maior que o encontrado em Natal (25%), Fortaleza (24,8%), Aracaju (24,2%), Teresina (21,4%) e São Luís (19,3%). Por outro lado, o índice pessoense é menor que Salvador (26,5%), Recife (28,1%) e Maceió (28,3%). Os pesquisadores também quiseram saber em que grau ocorre o consumo de guloseimas, como doces, salgados e frituras. Eles descobriram que 13,8% dos alunos levaram esses produtos para o lanche escolar durante dois dias, na última semana que antecedeu a pesquisa. Com relação aos refrigerantes, a situação encontrada foi ainda pior. No período de uma semana, 16,9% dos alunos tomaram a bebida, no lanche, durante dois dias na escola, enquanto que outros 29,3% confessaram que consumiram o produto por mais de cinco dias. Além de não consumir alimentos saudáveis no lanche da escola, parte dos estudantes pessoenses também é negligente com o café da manhã. No período de uma semana, apenas 60,1% dos alunos afirmaram que fizeram a primeira refeição durante mais de cinco dias. Isso sugere que cerca de 40% dos entrevistados deixam de se alimentar no início da manhã. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, regional Paraíba, Ednardo Parente, os números são motivos de preocupação. O especialista, que atua na área há 33 anos, explica que a falta da alimentação saudável, a longo prazo, vai provocar a obesidade e uma série de doenças. “Hoje, estamos registrando uma quantidade maior de obesidade em crianças, em relação a outras épocas, por causa desse consumo exagerado de guloseimas, de produtos calóricos e pouco nutrientes”, observa. “Consequentemente, outras doenças que, antes só atingiam os adultos, também estão aparecendo em crianças, como é o caso da diabetes tipo 2, que é causada pela obesidade”, completa. Para evitar as complicações, o médico destaca que é preciso mudar hábitos. “É preciso que tanto a família, quanto a escola assumam essa função de orientar e educar a criança. A educação alimentar também é uma obrigação da escola. É inadmissível que a cantina de um colégio seja recheada por alimento 'fast food', por exemplo,”, afirma. (MP ORIENTA ESCOLAS PARTICULARES) Em março deste ano, as promotorias de Defesa da Educação, do Consumidor e da Criança e Adolescente de João Pessoa expediram uma recomendação conjunta aos diretores das escolas privadas da capital e orientaram que as cantinas desses estabelecimentos só comercializem alimentos saudáveis A medida foi baseada na Lei nº 11.947/2009, que obriga colégios a disponibilizarem aos lanches dos alunos produtos pouco calóricos. Os professores também foram orientados a ministrar em sala de aula assuntos relativos à obesidade, como forma de conscientizar os estudantes sobre o assunto. Outra recomendação feita pelos promotores é que o acondicionamento e fiscalização dos produtos ofertados nas cantinas fiquem sob a supervisão de um nutricionista. Os colégios também precisam realizar palestras, campanhas, oficinas e seminários, abordando temas ligados à alimentação saudável. A recomendação foi assinada pelos promotores Priscylla Maroja, Fabiana Lobo, Ana Raquel Beltrão, Glauberto Bezerra e Alley Escorel. Eles tomaram a decisão após verificar que os maus hábitos alimentares estão causando crescimento de casos de obesidade na infância e na adolescência. (Nathielle Ferreira)

Fonte: www.jornaldaparaiba.com.br

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