Carta O Berro
CINQUENTENÁRIO DO ASSASSINATO DE JOÃO
PEDRO TEIXEIRA
DATA: 02 de abril de 2012
LOCAL: Sapé
- 9h - Concentração no
Cemitério Nossa Senhora da Assumpção em Sapé;
- 9h15 - Caminhada até a
Praça João Pessoa;
- 9h30 às 11h30 - Ato
público na Praça João Pessoa;
- 11h30 às 13h - Intervalo
para almoço;
- 13h30 - Carreata para o
povoado de Barra de Antas (zona rural de Sapé);
- 14h - Inauguração do
Memorial das Ligas Camponesas (em Barra de Antas).
Preocupada
em preservar a memória da história da Paraíba, e em profundo respeito à luta
popular, a Universidade Estadual da Paraíba é uma das instituições que
participarão, no próximo dia 2 de abril, do eventem homenagem ao líder camponês
João Pedro Teixeira, a ser realizado na região de Sapé-Mari. No dia em que se
completarão 50 anos de sua morte - vítima do latifúndio - diversas caravanas de
professores, servidores e alunos de vário campus da Universidade se encontrarão
com outras caravanas e convidados para um dia inteiro dedicado à memória da
luta dos camponeses por Reforma Agrária, através do movimento das Ligas
Camponesas na Paraíba.
Localizada
no Sítio Barra de Antas, a casa onde viveu João Pedro Teixeira será transformada
em um Memorial onde será implantado um Centro de Formação para jovens e
adultos, agricultores da região. Fundador da primeira Liga Camponesa na
Paraíba, Teixeira é considerado um mártir da luta pela terra no Nordeste, sua
vida dedicada à defesa dos agricultores despertou a fúria de grandes
latifundiários que culminou no seu assassinato no município de Sapé, localizado
na mesorregião da mata paraibana.
O
encontro da história de João Pedro Teixeira com a UEPB não é de agora. A viúva
do camponês, Elizabeth Teixeira, que o substituiu liderando a Liga Camponesa de
Sapé após a sua morte, recebeu a primeira Medalha do Mérito Universitário
concedida pela Universidade Estadual da Paraíba, através dos conselhos
superiores, honraria máxima da UEPB, devido a sua determinação à frente dos
camponeses na luta pela Reforma Agrária.
Segundo o
Professor José Benjamim, é preciso reverenciar a luta camponesa por terra no
contexto da luta popular por emancipação social. “Tudo isso é muito importante
para a nossa história. Por isto, além do apoio à mobilização do dia 2 de abril,
a Universidade está reeditando o livro ‘Eu Marcharei na tua Luta’, que conta a
história de Elizabeth Teixeira, sua vida com João Pedro Teixeira e,conseguintemente,
parte da história das Ligas Camponesas aqui na Paraíba”, explicou o professor
se referindo a obra organizada pelas professoras Lourdes Bandeira, Neide Miele
e Rosa Godoy, que será reeditada pela editora da UEPB.
Um pouco
sobre João Pedro Teixeira
O início
dos anos 60 não foi nada pacífico para o movimento camponês na Paraíba. Por
essa época, os latifundiários intensificaram suas ações armadas levados pelo
sucesso alcançado pelas Ligas Camponesas, interpretadas como uma grave ameaça
aos interesses dos proprietários de terras. Eram comuns os confrontos entre
trabalhadores e capangas contratados. O clima de violência grassava como nunca
nas propriedades rurais onde famílias inteiras eram mantidas em regime
semifeudal.
O aumento
do foro (valor pelo arrendamento da terra), o fim do “cambão” (o equivalente da
“corvéia” medieval) e também das ameaças de morte e dos castigos corporais
foram algumas das principais reivindicações dos camponeses por meio das
Associações de Trabalhadores, que a imprensa da época transformaria nas
lendárias Ligas Camponesas. Foi nesse vendaval de acontecimentos que, em Sapé,
passaria a atuar um homem destemido, de senso prático e solidário. João Pedro
Teixeira nascera em 04/(quatro) de março de 1918, no distrito de Pilõezinhos, à
época pertencente ao município de Guarabira (distante 90 km da capital do
Estado).
Sua
condição social já o predestinava a ser o condutor de pobres lavradores
explorados pelos “barões da roça”. Filho de pai do mesmo nome e de dona Maria
Francisca da Conceição, o menino logo veria a mão do latifúndio cair sobre a
família dele. João Pedro Teixeira (o pai) vinha resistindo às investidas de um
proprietário de terras que tencionava se apropriar de tudo ao redor, inclusive
da gleba de João Pedro. A situação se agravara quando, num forró, dois filhos
desse mesmo latifundiário, acompanhados de capangas, partiram para agredir o
pequeno produtor.
Para se
defender, João Pedro pai matou seus agressores. Fugiu e nunca mais apareceu.
Dona Francisca deixou o local onde morava e foi residir em Guarabira, mas João
Pedro filho ficou com os avôs. Com a morte do avô, um tio por parte de pai o
levou para ser criado em Massangana (Cruz do Espírito Santo). Ali começava a
sua labuta diária com jornadas que lhe tomavam praticamente o dia todo.
Quando alcançou a maioridade, foi trabalhar numa pedreira próxima a Café do
Vento, localidade pela qual passam os viajantes na direção de Campina Grande ou
de Sapé. Ali conheceu a jovem Elizabeth Teixeira, com quem se casou em 26 de
julho de 1942.
Entre o
final dos anos 50 e início dos anos 60 encontra-se um ativo militante das
causas camponesas na pessoa de um homem que jamais se curvava ao poder do
latifundiário. Por essa época, João Pedro já sentia o hálito da morte penetrar
em suas narinas. No dia 2 de abril de 1962, o líder camponês viajou a capital
para supostamente tratar de uma ação de despejo. Em João Pessoa, foi comunicado
de que o encontro havia sido adiado e só iria ocorrer à tarde. Na verdade, tudo
era uma trama urdida pelo latifundiário Antônio Vítor, Aguinaldo Veloso Borges
e Pedro Ramos Coutinho.
Os três
haviam planejado, em minúcias, a morte de João Pedro. A acusação viria do cabo
Chiquinho, que perpetrara o assassinato com a colaboração de mais dois
criminosos. João Pedro partiu da capital no último ônibus. Descera em Café do
Vento e deu início àquela que seria a sua última caminhada. Depois disso, três
tiros disparados de algum matagal próximo tiraram a vida de um homem que tinha
um único sonho: tornar o campo um lugar de paz e harmonia.
Confira a
programação do evento:
CINQUENTENÁRIO
DO ASSASSINATO DE JOÃO PEDRO TEIXEIRA:
DATA: 2 de abril de 2012
9h: Concentração no cemitério de
Sapé (onde está enterrado o líder camponês) e caminhada até a Praça João Pessoa
9h30 –
11h30: Ato
público na Praça João Pessoa
13h30: Carreata para Barra de Antas
14h: Inauguração do Memorial das
Ligas Camponesas.
Fonte: José Wellington Barbosa da silva ; C P T Comissão Pastoral da Terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário