domingo, 24 de junho de 2012

“Luiz Couto diz que a “indústria da seca faliu”

Em discurso muito bem elaborado sobre a seca no Nordeste, o deputado Luiz Couto enfatizou, na tribuna da Câmara dos Deputados, as mudanças ocorridas no Brasil ao longo dos anos, que para ele, fazem com que os efeitos da seca sejam diferentes dos percebidos em décadas passadas. De acordo com Luiz Couto, a “indústria da seca” faliu, não cabendo mais os “velhos discursos para debater os velhos problemas”. Do ponto de vista do deputado, a seca permanece a mesma, com sua força destruidora. No entanto, o jeito de viver na região mudou. Couto lembrou que se antes a região era grande propulsora de mão de obra, hoje não só retém como absorve trabalhadoras e trabalhadores de outros pontos do Brasil. Ele enfatizou que as cidades estão cada vez mais próximas entre si por conta das rodovias que avançam em todas as direções; estão mais equipadas, inclusive nas comunidades rurais, com as redes de energia elétrica chegando aos mais longínquos grotões; as estradas, a energia e outros serviços públicos, fazendo com que os efeitos da seca sejam menos devastadores do que em anos passados. “Agora, o Governo Federal faz um grande chamamento aos gestores públicos para os investimentos em habitações, infra-estruturam de esgoto, e de abastecimento de água nas comunidades rurais. Essas e outras mudanças atenuaram a grande dependência dos sertanejos face ao ciclo das chuvas. Em outros tempos de seca milhões de nordestinos já estariam se deslocando para outras regiões do Brasil”, observou. Por outro lado, Couto enfatizou que as verdadeiras mudanças operadas no sertão nordestino partiram principalmente da sociedade civil, das pastorais sociais no campo, dos sindicatos engajados, das associações comunitárias orgânicas, que desconstruíram o discurso da “indústria da seca”, artifício que, segundo ele, serviam as elites da região a partir do agenciamento da miséria do povo. “As lutas populares revelaram o quanto as grandes obras hídricas eram na verdade concentradoras de riqueza, privatizadas a partir da concentração da água que não chegava para as maiorias. Ainda hoje, em muitos lugares do Nordeste, imensos mananciais de água acumulados em grandes açudes são úteis aos grandes proprietários. E só recentemente, com a construção das adutoras é que suas águas chegam para o abastecimento das cidades. É de se imaginar como estariam centenas de milhares de pequenos produtores rurais nordestinos sem as cisternas que chegaram a suas casas pelas iniciativas da Articulação do Semi Árido – ASA. “Pois foi a ASA com seus milhares de sujeitos protagonistas quem sensibilizou primeiro a população, depois os governantes para a imperativa necessidade de democratizar o acesso à água”, destacou Luiz Couto em seu pronunciamento, nesta quinta-feira (21/06).
Fonte: http://www.luizcouto.com/ger/layout.php?subaction=showfull&id=1340369643&archive=&ucat=13&

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