Em discurso muito bem elaborado
sobre a seca no Nordeste, o deputado Luiz Couto enfatizou, na tribuna da Câmara
dos Deputados, as mudanças ocorridas no Brasil ao longo dos anos, que para ele,
fazem com que os efeitos da seca sejam diferentes dos percebidos em décadas
passadas. De acordo com Luiz Couto, a “indústria da seca” faliu, não cabendo
mais os “velhos discursos para debater os velhos problemas”. Do ponto de vista
do deputado, a seca permanece a mesma, com sua força destruidora. No entanto, o
jeito de viver na região mudou. Couto lembrou que se antes a região era grande
propulsora de mão de obra, hoje não só retém como absorve trabalhadoras e
trabalhadores de outros pontos do Brasil. Ele enfatizou que as cidades estão
cada vez mais próximas entre si por conta das rodovias que avançam em todas as
direções; estão mais equipadas, inclusive nas comunidades rurais, com as redes
de energia elétrica chegando aos mais longínquos grotões; as estradas, a
energia e outros serviços públicos, fazendo com que os efeitos da seca sejam
menos devastadores do que em anos passados. “Agora, o Governo Federal faz um
grande chamamento aos gestores públicos para os investimentos em habitações,
infra-estruturam de esgoto, e de abastecimento de água nas comunidades rurais.
Essas e outras mudanças atenuaram a grande dependência dos sertanejos face ao
ciclo das chuvas. Em outros tempos de seca milhões de nordestinos já estariam
se deslocando para outras regiões do Brasil”, observou. Por outro lado, Couto
enfatizou que as verdadeiras mudanças operadas no sertão nordestino partiram
principalmente da sociedade civil, das pastorais sociais no campo, dos
sindicatos engajados, das associações comunitárias orgânicas, que
desconstruíram o discurso da “indústria da seca”, artifício que, segundo ele,
serviam as elites da região a partir do agenciamento da miséria do povo. “As
lutas populares revelaram o quanto as grandes obras hídricas eram na verdade
concentradoras de riqueza, privatizadas a partir da concentração da água que
não chegava para as maiorias. Ainda hoje, em muitos lugares do Nordeste,
imensos mananciais de água acumulados em grandes açudes são úteis aos grandes
proprietários. E só recentemente, com a construção das adutoras é que suas
águas chegam para o abastecimento das cidades. É de se imaginar como estariam
centenas de milhares de pequenos produtores rurais nordestinos sem as cisternas
que chegaram a suas casas pelas iniciativas da Articulação do Semi Árido – ASA.
“Pois foi a ASA com seus milhares de sujeitos protagonistas quem sensibilizou
primeiro a população, depois os governantes para a imperativa necessidade de
democratizar o acesso à água”, destacou Luiz Couto em seu pronunciamento, nesta
quinta-feira (21/06).
Fonte: http://www.luizcouto.com/ger/layout.php?subaction=showfull&id=1340369643&archive=&ucat=13&
Nenhum comentário:
Postar um comentário