O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB)
recebe do PT um tratamento contraditório. Em Brasília, é adulado. Na Paraíba, é
maltratado. A dicotomia começa a interferir na condução dos trabalhos da CPI do
Cachoeira, presidida por Vital. Veneziano Vital do Rêgo, irmão do senador, é
prefeito de Campina Grande, um dos mais importantes municípios paraibanos. No
exercício de seu segundo mandato, governou a cidade por oito anos com o apoio
do PT. Impedido pela lei de concorrer à prefeitura novamente em 2012, Veneziana
aparelha-se para disputar o governo da Paraíba em 2014. Seu primeiro desafio é
manter Campina Grande sob o controle de mãos amigas. Com o apoio de Vital,
Veneziano lançou a candidatura de sua secretária de Saúde, Tatiana Medeiros.
Dava-se de barato que o PT se associaria ao projeto. Para desassossego dos
irmãos, o petismo paraibano roeu a corda. Em vez de apoiar Tatiana, o PT ensaia
em Campina Grande uma coligação com a deputada estadual Daniela Ribeiro,
candidata do PP. Vem a ser irmã do ministro das Cidades de Dilma Rousseff,
Aguinaldo Ribeiro. Os irmãos Vital não se conformam com o abandono do PT. O
prefeito queixa-se de traição. O senador esforça-se para deter os silvérios. Já
levou o assunto a Lula e à ministra petê Ideli Salvatti, coordenadora política
do Planalto. E nada. Na última quarta-feira (30), Vital do Rêgo adotou na CPI
um comportamento que fez acender a luz amarela no painel de controle do PT federal.
Numa sessão politicamente radioativa, o senador retirou-se da presidência. No
instante em que iriam a voto os requerimentos de convocação dos governadores
Marconi Perillo (GO), Agnelo Queiroz (DF) e Sérgio Cabral (RJ), Vital entregou
o comando da sessão a Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da CPI. E sumiu. Em
combinação com o relator Odair Cunha (MG), petista como ele, Teixeira tentou
executar uma manobra. Sugeriu que fosse votado um pedido de “sobrestamento” da
convocatória dos governadores. Ouviram-se protestos generalizados. Inquieto,
Onyx Lorenzoni (DEM-RS) foi ao microfone: “Onde está o senador Vital do Rêgo?”
Perguntou uma, duas, três vezes. E nada de Vital. Puxa daqui, estica dali
Teixeira desistiu da manobra protelatória. Votados os requerimentos,
aprovaram-se duas convocações: a do tucano Perillo e, para desassossego do PT,
também a do petista Agnelo. Só o pemedebê Cabral foi poupado. Vital retornou à
CPI no instante em que Teixeira recolhia os votos para a convocação de Agnelo.
Chamado a votar, o senador disse “sim”. Por um instante, houve surpresa,
espanto, estupefação. E Vital apressou-se em corrigir o voto: “Não”. Ah, bom! Mas,
afinal, onde estava Vital do Rêgo? A sessão foi encerrada sem que Onyx
Lorenzoni obtivesse uma resposta. Um pedaço do petismo suspeita que o
presidente da CPI estava mergulhado em seus rancores. Ruminava os dissabores da
Paraíba enquanto Agnelo era afogado na CPI. Na sexta (1o), Vital foi ao
estaleiro. Submeteu-se a um cateterismo no hospital Sírio-Libanês, em São
Paulo. Um boletim médico informou que as veias do coração do senador
encontram-se “dentro da normalidade”. Receitou-se ao presidente da CPI um descanso
de cinco dias. No sábado (2), Vital voou para Campina Grande. Foi repousar na
cidade em que o PT o maltrata.
FONTE: UOL
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