É sem sombra de dúvidas, um país, em muitos pontos,
sombrio e duvidoso. Carrega em seu âmago gigantesco e obscenas contradições e
foi forjado por uma história cheia de apropriações, massacres, incongruências e
paradoxos. Quando, em 1º de janeiro de 2003, o ex-operário Luiz Inácio Lula da
Silva tomou posse como presidente da República, finalmente alguém vindo das camadas
mais baixas chegava ao poder máximo da nação. À época, sob o lema de campanha
“a esperança venceu o medo”, propagou-se que o país finalmente buscaria
erradicar seus profundos abismos sociais. Porém, o mandato de Lula ficou
marcado por escândalos variados (mensalão, sanguessugas, caixa dois) e, no
campo econômico, pela manutenção das políticas neoliberais adotadas durante os
governos que o antecederam. Os comprovados avanços ocorridos nos últimos anos
não foram suficientes para a eliminação da dúvida: o Brasil ainda é o país do
futuro? Ao contrário, permitem outro Questionamento de difícil resposta: qual o
futuro possível para o país? Hoje, o debate ligado à distribuição de renda, que
anteriormente só fazia
parte dos políticos de esquerda, como o próprio Lula dos anos 1980 e 1990
freqüentam o discurso oficial embora, na prática, não seja priorizado. E mais:
graves situações de conflito social, como as ações do PCC em São Paulo ou as do
narcotráfico no Rio, não suscitam suficiente indignação da população, que se
limita a fugir dos bandidos desesperadamente, entre a falta de perspectivas de
solução concreta e a apatia. As oportunidades políticas de converter a
consciência da desigualdade num fator construtivo das mudanças reclamadas pela
parcela cidadã da sociedade são seguidamente desperdiçadas pelos governos
brasileiros. Cria-se assim um país que parece se auto-sabotar.
Fonte:
http://brasil.planetasaber.com
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