Um abaixo-assinado de responsabilidade do
Conselho de Direitos Humanos da Paraíba, pedindo a desmilitarização das
Polícias e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, ganhou apoio na Câmara do
deputado Luiz Couto (PT). Em discurso no
último dia 18, na tribuna da Casa, Luiz Couto não apenas abordou os números
sobre pesquisa feita em relação ao tema, como justificou o apoio à polêmica
proposta do conselho paraibano. (Leia o discurso, na íntegra:) Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, quero registrar um abaixo-assinado, encaminhado pelo
Conselho de Direitos Humanos da Paraíba, que pede a desmilitarização das
Polícias e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil. O formato das policias está
contribuindo para a má atuação dos PMs contra o cidadão. O formato atual da
Polícia e do Corpo de Bombeiro Militar, caracterizado pela hierarquia rígida e
numerosa, é rejeitado pela maioria dos profissionais de segurança pública. É
isso que mostra a consulta O que pensam os profissionais de segurança pública
no Brasil, realizada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP, em
parceria com o PNUD, com o objetivo de subsidiar as discussões na I Conferência
Nacional de Segurança Pública CONSEG, que reuniu, entre 27 e 30 de agosto de
2012, em Brasília, membros do Governo, de ONGs e policiais para debater a
criação de um Plano Nacional de Segurança Pública. A consulta aos profissionais
de segurança ouviu 64.130 servidores, entre policiais militares, civis e
federais, policiais rodoviários, peritos, bombeiros, agentes penitenciários e
guardas municipais. O resultado foi que, para 60% deles, a vinculação da PM ao
Exército é inadequada. O número aumenta quando o assunto é injustiças e
desrespeito causados pela hierarquia - 65,6% dos consultados responderam
"sim" à questão: "A hierarquia de sua instituição provoca
desrespeito e injustiças profissionais? Os que mais se incomodam com isso são
justamente os policiais militares nos postos mais baixos: 73,3%. É entre esses
profissionais que as críticas à hierarquia e à disciplina das instituições mais
aparecem: 81% deles acreditam que "há muito rigor em questões internas e
pouco rigor em questões que afetam a segurança pública". E 65,2% dizem que
"há um número excessivo de níveis hierárquicos em sua instituição". A
questão aparece também quando as perguntas dizem respeito à tortura e à
humilhação por superiores. Um quinto de todos os consultados diz que já sofreu
tortura em treinamento ou fora dele se considerarmos apenas os policiais
militares nos postos mais baixos, a fração sobe para um quarto - e mais da
metade, ou seja, 53,9% dizem que já foram humilhados ou desrespeitados por
superiores. O relatório da consulta destaca, porém, que o termo tortura é
colocado como "imposição deliberada de sofrimento físico ou mental. “Por
isso, as respostas positivas colhidas não significam que os profissionais de
segurança no Brasil sejam expostos às formas mais atrozes de violência”. E
temos visto que esse sistema da Polícia Militar não é aceito entre as potências
mundiais democráticas. Como Parlamentar, quero aderir ao abaixo-assinado,
convidando, assim, os que são a favor para se unirem a favor da
desmilitarização das Polícias e dos Corpos de Bombeiros Militares do
Brasil. Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.Muito obrigado.
Fonte: Com
Agência Câmara
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