No ano passado, a notícia que o planeta Terra
alcançou a marca de 7 bilhões de habitantes ocupou as manchetes e acendeu a luz
de alerta. Seremos 9 bilhões em 2050, e, para manter tal população, precisamos
nada mais nada menos que o dobro de alimentos que produzimos hoje (FAO). Aumentar
a produção é imperativo. Difícil é fazê-lo em bases ambientalmente
sustentáveis. A boa notícia é que a pesquisa científica tem feito grandes
progressos no desenvolvimento de tecnologias para aumentar a produtividade. Ou
seja, para produzir mais, em menos espaços e impactando minimamente o meio
ambiente. Mas, creio eu, é na “técnica” que reside parte da resposta a esse
desafio. Técnica vem do grego technè, e está relacionada à arte, ao ofício, ao
procedimento. Se o desenvolvimento de novas cultivarem adaptadas a uma região,
ou de máquinas mais eficientes, é a tecnologia, a técnica é o “como fazer”. O
fazer do jeito certo tem dado mostras de grande sucesso. Basta uma
checada nos recordes mundiais que o país tem alcançado na produção de algodão,
soja, milho e florestas plantadas. No caso dessas, enquanto no Brasil se colhe
em torno de 40 metros cúbicos por hectare ao ano - sendo que em algumas regiões
da Bahia chega-se a 60 metros cúbicos/ ha anuais - o Chile e a China,
importantes produtores, colhem a metade da nossa média nacional. A adoção de
tecnologias modernas e técnicas corretas respondem por esses índices. A
técnica está, por exemplo, no Plantio Direto e no chamado Sistema de Integração
Lavoura Pecuária e Floresta. Nesse último, atividades simultâneas ou
alternadas, baseadas em uma relação inteligente e simbiótica entre as culturas.
O sistema integrado permite que os insumos aplicados na lavoura em uma safra
sejam a base de um bom pasto na outra. Otimiza a gestão da mão de obra, reduz
custos e ainda promove uma valiosa compensação entre emissões e sequestro de
carbono, sobretudo quando agregam florestas (sistema agrosilvopastoril). É a
emissão da pecuária sendo compensada pelo sequestro acelerado de carbono
promovido pelas florestas plantadas. Todas essas técnicas fazem parte de
um conceito maior, chamado Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que hoje vem
sendo fomentado, inclusive, pelas instituições de crédito, como o Banco do
Brasil. É um salto quântico se comparado ao que essas mesmas instituições
faziam no passado: só liberavam crédito para atividades específicas em áreas
específicas, gerando com isso a mais nociva das práticas da agricultura, que é
a monocultura. O sistema ABC traz consigo o que o Brasil tem de melhor: a diversidade.
É baseado em uma relação “ganha-ganha-ganha” para a agricultura, as florestas e
a pecuária, mas, sobretudo, para a natureza e o homem. Precisamos evoluir
nisso. Afinal, 2050 é logo ali. (Wilson Andrade
é Economista e diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base
Florestal Abaf)
Fonte: ASA Brasil
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