Programa
leva segurança alimentar à região, diz pesquisador da Embrapa. Além disso,
reduz incidência de doenças entre a população e evita ondas de migração. O
Programa Bolsa Família reduz os impactos da estiagem no Nordeste e no
Semiárido, que inclui o norte de Minas Gerais. É o que aponta o pesquisador da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Evaristo de
Miranda. Ele passou oito anos trabalhando como pesquisador no sertão
nordestino e viveu de perto a dura realidade dos períodos de seca. Segundo
Miranda, uma combinação virtuosa de diversas ações sociais está contribuindo
para mudar significativamente as adversidades na região. “Obtivemos resultados
inéditos na proteção dos mais pobres frente aos impactos da estiagem, em grande
parte por causa do Bolsa Família.” Considerada a pior dos últimos 30 anos, de
acordo com o pesquisador, a seca que atinge o Nordeste desde o ano passado não
provoca mais na população o impacto de alguns anos atrás. “Não vemos flagelados
migrando pelas estradas, invadindo vilarejos, saqueando armazéns da Conab
[Companhia Nacional de Abastecimento]. Não vemos porque ocorreu uma coisa
extraordinária no país, que é o Bolsa Família.” Segundo Evaristo de Miranda, o
programa de transferência de renda, coordenado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), é responsável por este novo
quadro. “Há alguns anos, o programa vem garantindo renda para produtores e
famílias pobres. Neste período duro de seca, eles continuam comprando alimentos
nos supermercados e vivendo suas vidas.” De 2001 a 2011, a renda no Nordeste
cresceu 73%, enquanto no Sudeste a taxa foi de 46%. O aumento da renda e da
segurança alimentar no Semiárido nordestino é um fato novo. “A cesta básica
hoje custa metade do que custava em 1975, ou seja, com o mesmo dinheiro você
compra mais comida. Com o Bolsa Família, houve aumento da capacidade de compra,
gerando ganhos significativos para a região. Com isso, a população está se
alimentando mais e melhor, além de passar a adquirir bens”, assinala o
pesquisador. Migração – O Bolsa
Família também contribui para evitar ondas de migração, ressalta o pesquisador.
Aliado ao Programa Água para Todos, que possibilita acesso à água de qualidade
durante o período de seca, o Bolsa Família é essencial para fazer com que as
pessoas fiquem em suas terras. “Em lugares onde não se produzia quase nada, os
produtores estavam abandonando e saindo em busca de outras oportunidades. Com o
Bolsa Família e outra frente, que é o Programa das Cisternas, houve uma redução
significativa desse processo migratório.” De acordo com Miranda, a garantia de
renda mínima e de água potável para essas pessoas contribui ainda mais para
reduzir a incidência de enfermidades e aumentar as condições de segurança
alimentar e nutricional na região. “Com esses dois sistemas, atingimos
mais ou menos a metade desses agricultores.” Sem o Bolsa Família,
implantado em 2003, a situação do Semiárido provavelmente seria a mesma dos
anos 1990, diz o pesquisador. “Estaríamos revivendo um número maior de migração
do campo para cidade, o que representaria o abandono da terra e certa
humilhação para esse povo”. Miranda também destaca que sem o programa a taxa de
natalidade poderia ser maior no país. “A redução da natalidade e da mortalidade
infantil vem naturalmente quando se melhora as condições de vida das pessoas. E
é isso que o Bolsa Família faz.” (Ascom/MDS 61) 2030-1021)
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