O ex-presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta quarta-feira os
Programas Mais Médicos, lançados pelo governo federal, que visa a levar
profissionais para regiões pobres do país. “O ex-presidente disse que o assunto
estava ‘atravessado na sua garganta” e defendeu a contratação de médicos
estrangeiros que queiram trabalhar no Brasil, outra medida prevista no
programa. "Se os médicos brasileiros não querem trabalhar
no sertão, que a gente traga outros médicos", disse Lula,
em discurso durante o Festival da Mulher Afro, Latino Americana e Caribenha,
realizado em Brasília. 'Ninguém quer tirar emprego de ninguém', completou. De
acordo com o ex-presidente, faltam médicos em algumas especialidades e a
solução é "importar". Lula criticou a proposta de que os
profissionais estrangeiros tenham que passar por um exame de revalidação do (diploma) para atuar no
Brasil. Segundo ele, "apenas 27% dos médicos brasileiros" são
aprovados em exames aplicados por conselhos regionais de medicina. "Se
fosse a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], a maioria não poderia exercer a
medicina', disse. O ex-presidente comentou as manifestações que têm ocorrido no
país. Sobre uma das reivindicações dos protestos, por mais recursos para a
saúde, Lula lembrou que, durante seu governo, a oposição conseguiu acabar com a
Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF),
cuja arrecadação, por lei, deveria ser destinada à saúde. "Eu sinto uma
necessidade de dizer. Nós sabemos, a Dilma sabe que é preciso melhorar muito a
saúde. Entretanto, é preciso lembrar que eles, a elite brasileira tirou a CPMF.
“Isso significa, nos anos do meu mandato e do governo da Dilma, a retirada de
mais de R$ 350 bilhões da saúde”, disse Lula. Apesar de negar que tenha
pretensão de dar 'palpites' na discussão sobre reforma ministerial e redução do
número de ministérios, Lula acredita que a presidenta Dilma não fará isso.
Falando para uma platéia repleta de mulheres e homens ligados ao movimento
negro, o ex-presidente pediu que eles ficassem alertas diante da proposta de
mudanças nos ministérios. 'Eu tô vendo na imprensa que tem gente que vai pedir
para presidenta Dilma para reduzir ministérios. Olha, fiquem espertos, porque
ninguém vai querer acabar com o Ministério da Fazenda, ninguém vai querer
acabar com o Ministério da Defesa. Eles vão querer mexer com a igualdade
racial, com direitos humanos. Eu acho que a Dilma não vai mexer. Eles vão falar
que precisa fazer ajuste, precisa diminuir. A gente não tem que diminuir ou
aumentar, tem que saber para que serve', disse Lula. No discurso, o
ex-presidente também defendeu a reforma política e a proposta de um plebiscito
levantada pela presidenta Dilma Rousseff. Ele voltou a dizer que a população
não deve desistir da política porque a melhor solução para o país é a
democracia. Na opinião dele, a presidenta vem sofrendo preconceito de 'setores
conservadores' por ser mulher, mas continuará recebendo a ajuda dele. 'Não
preciso ser governo para fazer as coisas neste país. Se eu incomodo, vou
continuar incomodando, vou continuar falando, vou continuar ajudando a Dilma',
disse. Ele ressaltou que está 'mais motivado' e que a saúde vai bem. Lula negou
que o câncer tenha voltado, conforme tem circulado informalmente em sites na
internet. Na opinião dele, quem divulga esse tipo de informação está agindo de
má-fé. 'A maldade de alguns é tamanha, a falta de caráter, que passaram a
insinuar que eu estou com câncer e metástase. Se eu detectar que o meu câncer
voltou, fiquem sabendo que vocês vão ser os primeiros, a saber. Eu não vou
esconder do povo brasileiro', disse.
Fonte: Agência Brasil
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