Debate entre os candidatos a presidente do PT: concentração
de poderes no partido e surgimento de novo campo majoritário foram alvos de
reclamações Cinco dos seis
candidatos à presidência nacional do PT criticaram ontem a atual política de
aliança do governo federal com o PMDB. Na avaliação da maioria dos postulantes,
os pemebebistas têm adotado comportamento de oposição à presidente Dilma
Rousseff no Congresso. No primeiro debate promovido pelo partido com os
candidatos ao comando do PT, em São Paulo, postulantes reclamaram também da
concentração de poderes na legenda e do surgimento de um grupo majoritário, a
exemplo do que marcou o PT antes de 2005 e que se envolveu no mensalão. À
frente do segundo cargo mais importante do partido, o secretário-geral e candidato,
deputado Paulo Teixeira (SP), reclamou da forma como tem se dado a aliança com
o PMDB e disse que o PT não pode ser submisso. "Defendo a aliança, mas não
do jeito como está sendo feita. Precisa de um debate mais qualificado, de
nitidez programática. Precisa ter equilíbrio na relação", disse Teixeira,
depois do debate, repetindo críticas feitas no evento. O dirigente afirmou que
o PT precisa se empenhar em alianças com PCdoB, PDT e PSB. Teixeira criticou a
concentração de poderes do atual grupo dirigente. "Por que tivemos uma
crise em 2005? Porque um grupo se assenhorou do PT e cometeu erros. Estamos
voltando a esse momento de um grupo se assenhorar e tirar o aspecto colegiado
do partido", disse no debate. Depois, reiterou. "Vejo o ressurgimento
do Campo Majoritário. Isso para o PT é muito ruim", disse. "A
formação de uma maioria que não leva em conta decisão colegiada leva a erros.
Não podemos repetir isso". Secretário nacional de movimentos populares e
candidato, Renato Simões disse que o PMDB precisa definir se quer participar do
governo. "Hoje a atuação do vice-presidente da República, do presidente da
Câmara e do presidente do Senado vem fortalecendo as estratégias de impedir as
reformas que o PT defende", disse. "Se não temos acordo programático
hoje, por que teríamos em 2014?" Integrante da Executiva petista, Simões
disse que o PMDB vive um dilema no governo federal. "É um partido que
reivindica cada vez mais espaço no governo, cria as dificuldades para vender as
facilidades e não entrega a mercadoria. Nós não estamos mais inclinados a
manter essa situação num segundo período de governo da presidente Dilma",
afirmou depois do debate, seguindo a mesma linha crítica que usou no evento
partidário. "Se o PMDB não aceita o programa que o PT defende, não deve
estar junto no primeiro turno". Para o candidato Valter Pomar, o PMDB tem
dado ao governo federal "maioria nominal" no Congresso, mas não tem
votado de acordo com os interesses da presidente Dilma Rousseff. Integrante do
Diretório Nacional, Pomar disse que o aliado derrotou o governo e o PT em
votações importantes e defendeu condições para a renovação da aliança: o PMDB
tem de se comprometer com a aprovação das reformas política e tributária
defendidas pelos petistas. O candidato Markus Sokol classificou o
vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), como "sabotador"
do governo. A mesma linha crítica foi adotada pelo candidato Serge Goulart, que
vinculou o mensalão às alianças feitas pelo PT para eleger Luiz Inácio Lula da
Silva. Tanto Sokol quanto Serge integram o Diretório Nacional. Com um discurso
dissonante em relação aos demais candidatos, o presidente do PT, deputado
estadual Rui Falcão (SP), defendeu a atual aliança com o PMDB e disse que o
acordo deve ser mantido em 2014. "Hoje a política majoritária é de aliança
prioritária com o PMDB, sem excluir os outros partidos. Isso vai ser
qualificado por um programa que vamos apresentar nas eleições", disse o
candidato à reeleição. "Não pode haver tergiversação política". Falcão
citou como exemplo da "fidelidade" do PMDB o apoio no Congresso para
impedir a derrubada de vetos presidenciais. "Essa vitória do governo só
foi possível porque há maioria no Congresso. Uma maioria que não é o PT". O
presidente do PT defendeu a realização de uma reforma política e disse que o
partido vai protocolar amanhã no Congresso requerimento para a realização de um
plebiscito sobre esse tema. Segundo o dirigente, os petistas coletaram as 171
assinaturas necessárias para apresentar o pedido. Para que plebiscito seja aprovado,
são necessários 257 votos favoráveis.
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