A divulgação, na última segunda-feira (29/07), do Índice de Desenvolvimento
Humano dos Municípios (IDHM), pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), gerou um previsível proselitismo
político da grande mídia, que omitiu informações com o objetivo claro de
favorecer o período neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). A desigualdade no Brasil caiu acentuadamente a partir do governo
Lula, em 2003, com políticas públicas que se tornaram de Estado e tiveram
continuidade no governo Dilma. “A mídia conservadora omitiu que no período do
governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a concentração de renda no
Brasil caiu 1,89%, enquanto de 2003 a 2011 (9 anos) a queda foi de 9,22%. Ou
seja, houve uma queda da desigualdade durante a era FHC que foi quase que
inercial, enquanto que durante a era Lula-Dilma foi uma política de Estado”,
comentou o blogueiro Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania. Ele questionou, por
exemplo, a cobertura da Folha de São Paulo, que destacou que o IDHM subiu
24,14% (de 0,493 para 0,612) entre 1991 e 2000 (década em que FHC governou por
6 anos), enquanto que subiu 18,79% (de 0,612 para 0,727) de 2000 a 2010 (década
em que FHC governou por 2 anos e Lula, por 8 anos). “Segundo Guimarães, o”
intuito da Folha, é óbvio, foi o de desmontar a teoria de que a era Lula foi
superior à era FHC no "social". Seguem as observações do blogueiro: “Infelizmente,
o IDHM é um índice apurado a cada 10 anos e, assim, não existe disponibilidade
ano a ano de sua evolução. Se existisse, ficaria claro que a década "de
Lula" foi prejudicada pelos 3 anos finais do governo FHC (2000, 2001 e
2002), quando o país mergulhou em uma gravíssima crise econômica que teve
início em 1998 e que piorou todos os indicadores até o primeiro ano do governo
Lula (2003), a partir do qual o Brasil começou a melhorar socialmente. Assim
como o desemprego e a inflação dispararam entre 1999 e
2002 (o segundo mandato de FHC), pode-se supor que os dados apurados pelo PNUD,
pelo IBGE e pelo IPEA para compor o IDHM também devem ter sofrido com a
situação vigente naqueles quatro anos. Seja como for, para esclarecer melhor
essa pequena diferença em favor do período FHC no âmbito do IDHM, o Blog da
Cidadania, mais uma vez, recorreu ao doutor Marcio Pochmann, que foi presidente
do IPEA entre 2007 e 2012 e que, semana passada, concedeu-lhe uma entrevista.
Abaixo, a visão de Pochmann sobre o resultado do estudo recém-divulgado e, em seguida,
um dado impressionante que o Blog apurou sobre a distribuição de renda no
Brasil nos governos Lula e FHC. "O índice de
desenvolvimento Humano das Nações Unidas foi criado em uma época em que a
dominação neoliberal era bastante grande no mundo. Hoje estamos vivendo um
quadro de questionamento do que foi o neoliberalismo e os resultados sociais e
econômicos que deixou. O IDHM é simplista e se fundamenta em três informações
renda per capita, expectativa de vida e escolaridade. Esses três indicadores, de
maneira geral, têm quase uma progressão natural porque é difícil um país não
abrir escolas, não crescer minimamente a sua economia e é difícil não haverganhos na saúde, que resulta em mais
expectativa de vida. No meu entender, esse índice deveria ser melhor
aprofundado, com dados tão importantes quanto expectativa de vida, educação e
escolaridade. Haveria que incluir indicadores de maior qualidade. Da forma que
é feito, não permite uma visão mais complexa e aprofundada dos países. Da forma
como é feito esse estudo, é como medir a temperatura de dois braços, estando um
no congelador e o outro no forno. “Somam-se as temperaturas de ambos os grupos
(mais pobres e mais ricos) e se tira a média, o que produz um resultado
distorcido”. Com base na explicação do doutor Pochmann, o Blog foi
verificar outro indicador que explica melhor o que aconteceu no Brasil durante
os governos Lula e FHC em termos, por exemplo, de distribuição de renda e o
resultado foi impressionante. O gráfico abaixo foi extraído daPesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2011. Ilustra os níveis de
concentração de renda no Brasil de 1995 a 2002 (governo FHC) e de 2003. A 2011
(governo Lula), apurados pelo Índice de Gini. O que se nota,
através do gráfico acima, é que, enquanto entre 1995 e 2002 (8 anos) a
concentração de renda no Brasil caiu 1,89%, de 2003 a 2011 (9 anos) a queda foi
de 9,22%. Ou seja: o gráfico mostra uma queda da desigualdade durante a era FHC
que foi quase que inercial, enquanto que durante a era Lula-Dilma foi uma
política de Estado. Se o IDH juntasse a concentração de renda e a redução da
pobreza aos três dados “simplistas”, por certo haveria como comparar os
governos Lula e FHC no que tange ao social. “Usar para esse fim somente três
indicadores que são afetados pelo transcurso do tempo e pelo desenvolvimento
que experimenta qualquer país, é vigarice.”
Fonte: Blog da Cidadania
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