O diretor de relações
internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Thiago Aguiar da Silva,
defendeu o financiamento exclusivamente público de campanhas eleitorais na
segunda audiência pública promovida, na quinta-feira (15), pelo grupo de
trabalho da Câmara dos Deputados que vai elaborar uma proposta de reforma
política. “No sistema atual, quem se elege não é quem tem o melhor programa,
mas que tem mais dinheiro” argumentou. Ele acredita que o financiamento público reduzirá a
influência de empresas na prática política. “Isso significa equiparar os
confrontos eleitorais e fortalecer o debate de ideias”, acrescentou. O
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcos Vinicius Furtado
Coêlho, também defendeu o financiamento exclusivo público de campanha. Ele
afirmou que 78% dos entrevistados da pesquisa Ibope-OAB são contrários à doação
de empresas às campanhas eleitorais. “Se
a Constituição estipula que todo o poder emana do povo e as empresas não
integram o conceito de povo, essa autorização é inconstitucional”, argumentou.
Coêlho defendeu a proibição das doações empresariais em conjunto com a
criminalização do caixa dois. Ele propõe a cassação do mandato dos eleitos que
receberam recursos ilícitos e a proibição de que as empresas que doaram
ilegalmente a candidatos contratem com o Poder Público por até cinco anos. Esforço concentrado: O presidente da
OAB também pediu aos deputados um “esforço concentrado” para a aprovação de um
projeto de reforma política até setembro deste ano. O objetivo é que as medidas
sejam válidas para as eleições de 2014, já que qualquer mudança nas regras
eleitorais deve ser publicada pelo menos um ano antes do pleito. Coêlho afirmou
que 84% dos 1500 entrevistados da pesquisa feita pelo Ibope e contratada pela
OAB querem que a reforma política valha já no ano que vem. O diretorexecutivo da ONG
Transparência Brasil, Cláudio Abramo, foi o único, entre os convidados da
audiência, que defendeu a manutenção de um sistema de financiamento privado de
campanhas eleitorais. Segundo ele, a correlação entre o montante de dinheiro
gasto nas campanhas e o sucesso eleitoral é “extraordinária”, mas não
funcionaria proibir as doações a campanhas. “Uma empresa, quando financia,
compra a promessa de decisão futura. Esse é um mercado como outro qualquer, e
tentar proibi-lo não dá certo. O que deve haver é fiscalização”, argumentou.
Abramo sugere formatos alternativos de doações. Um deles é conhecido como
“matching fund”, em que o Estado fornece ao candidato o mesmo valor que ele
conseguir somar a partir de pequenas doações feitas por pessoas físicas. “Em
tese, isso faria com que o candidato ficasse mais próximo do eleitor, e que o
eleitor tivesse mais estímulo para cobrar o bom desempenho do candidato”,
afirmou. (Da Redação em Brasília Com
Agência Câmara)
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