O deputado Luiz Couto (PT-PB) destacou
quinta-feira (19/9), na tribuna da Câmara Federal, alguns trechos da matéria 'A
Conta Secreta do Propinoduto', publicada na revista Isto É (edição 2284), que
revela a formação de cartel e superfaturamento de licitações do metrô de São
Paulo, conhecido como escândalo do 'propinoduto tucano', um esquema do qual
faziam parte as multinacionais Siemens e Alstom. “O valor de 20 milhões de
Euros passou pela chamada conta da propina, durante quatro anos, beneficiando
tucanos ligados ao escândalo do metrô. Este dinheiro para os tucanos saiu,
segundo a revista, de uma conta intitulada conta Marília, aberta no Multi
Commercial Bank, em Genebra. Essa conta foi usada para subornar gestores
públicos”, disse Couto, que cobrou a instalação de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) para investigar o caso. O parlamentar informou que o Ministério
Público já tinha identificado contas em bancos de Nova Iorque (EUA) e de
Luxemburgo, além de ter apurado detalhes da operação do cartel. “Eram empresas
da área de transporte sobre trilhos, com um esquema de troca de informações com
objetivo de não deixar rastros das falcatruas. Eram criados e-mails em um
serviço gratuito e as senhas eram encaminhadas para integrantes de outras
companhias que estavam envolvidas no esquema. Ali se combinavam preços,
superfaturamentos de licitações e pagamentos de comissões. Os e-mails
fantasia eram usados para não deixar rastros, e as perguntas e respostas eram
gravadas na pasta de rascunhos e posteriormente apagadas”, explicou Luiz Couto.
Na opinião de Luiz Couto, a demora para surgir a denúncia não vai impedir a
adequada apuração do caso. “A verdade pode demorar a surgir, mas ela surgirá
como farol que lança suas luzes para o mar e para a terra. Com a aprovação de
uma CPI para investigar o Tremsalão, teremos a oportunidade de demostrar como o
processo de corrupção está espalhado por todo nosso país”, ressaltou, alertando
que o Ministério Público e o Tribunal de Contas de São Paulo encontraram
fortes indícios de que o esquema do metrô continua a operar. “São contratos em
vigor firmados por José Serra e Geraldo Alckmim que estão sendo analisados
profundamente. São contratos que foram assinados em 2008 e 2009 para reformar
os trens das linhas 11 (azul) e as linhas 3 (vermelhas) que estão ainda em
vigor”, afirmou. “Como os gafanhotos que devastam e destroem a boa plantação,
assim são os corruptos. Os alvos principais das investigações que buscam
desvendar as suspeitas de formação de cartel, corrupção, lavagem e pagamento de
propina pelo consórcio encabeçado pela alemã Siemens e a francesa Alstom, em 23
anos de negócios com o governo de São Paulo, estão se desvendando em linhas
retas, estreitas e com sua locomotiva lenta”, prosseguiu Couto. O deputado
criticou, ainda, o papel da imprensa – bastante seletiva na escolha dos
assuntos para destacar – em relação ao tema. “É importante mencionar uma
denúncia do blog chamado transparência São Paulo, de que a chamada grande
imprensa não está cumprindo seu papel de fiscalizadora do poder público
estadual com o mesmo zelo que sempre cumpre junto ao Governo Federal". Couto
acrescentou que, de forma geral, as denúncias de corrupção são noticiadas pela
imprensa de maneira pulverizada, sem nenhum destaque e nenhuma continuidade na
apuração dos fatos. "Esta forma de cobertura jornalística, nitidamente,
responde apenas às disputas, chantagens e intrigas de grupos políticos rivais
alojados dentro do governo do estado”, concluiu. (Ascom Dep. Luiz Couto, com Rogério Tomaz Jr / Ptnacamara)
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