Presidenta
da União Nacional dos Estudantes, Vic Barros no ato de lançamento do manifesto
sobre a reforma política. (Foto: Twitter UNE Oficial) Entidades da sociedade civil e parlamentares lançaram na terça-feira
(3) a Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas. A coalizão
pretende coletar 1,5 milhão de assinaturas para que um projeto de lei de
iniciativa popular com as diretrizes defendidas pelos movimentos entre na pauta
de votação do Congresso Nacional. Os integrantes querem que as mudanças já
estejam em vigor nas eleições de 2014. Para isso, o projeto deve ser aprovado
ainda neste mês. A reforma política defendida pelas entidades põe fim ao
financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas e estabelece o
financiamento público. A contribuição individual com o teto de R$ 700, e desde
que não ultrapasse o limite de 40% dos recursos públicos recebidos pelo
partido. E propõe o voto em dois turnos. No primeiro, o eleitor escolhe o
partido, e no segundo, vota nos candidatos apresentados em lista pré-ordenada
pelo próprio partido. Deve haver também alternância de gênero nas listas
apresentadas. Além desses pontos, os signatários pedem a democratização
dos meios de comunicação - para evitar propaganda eleitoral ilícita - e o
direito de resposta e acesso às redes sociais, bem como a criação de
instrumentos eficazes voltados para os segmentos menos representados da
população. Uma das integrantes da coalizão e coordenadora da Frente
Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular do Congresso
Nacional, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), acredita que a pressão popular pode
fazer com que o projeto seja aprovado ainda em setembro. "Acredito que a
pressão externa através dessas entidades e de milhões de assinaturas num
projeto de lei de iniciativa popular vai se impor à vontade da maioria do
Congresso, como ocorreu com a Ficha Limpa. Na época, o Congresso não queria
aprovar, mas foi exatamente no ano eleitoral em que os parlamentares ficaram constrangidos
em se opor àquela medida". A frente é composta por cerca de 200
parlamentares, entre deputados e senadores, segundo Erundina, que há mais de
dez anos trabalha pela reforma política. "Não estamos fazendo uma reforma
contra os políticos, mas à favor da política deste país", diz o presidente
da Comissão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que acompanha a
reforma política, dom Joaquim Mol Guimarães. Para ele, a coleta de assinaturas
não será problema. "Se soubermos passar bem o objetivo dessa grande
campanha para a população brasileira - que está de fato saturada, literalmente
saturada -, por essa forma de viver a política deste país, conseguiremos mais
que 1,5 milhão de assinaturas para que o Congresso, pressionado, possa cumprir a
obrigação de votar uma reforma política como deseja o povo brasileiro".
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius
Furtado Coelho, disse que "não é possível ficarmos mais uma eleição sem
uma reforma". Entre os dias 27 e 30 de julho deste ano, a OAB encomendou
uma pesquisa ao Ibope para saber a opinião dos brasileiros sobre a reforma
política. O resultado da pesquisa mostrou que 84% dos 1,5 mil entrevistados em
todo o Brasil, a partir de 16 anos de idade, são favoráveis às manifestações de
rua, que cobrava reforma política entre outras demandas. De acordo com o
levantamento, os dois sentimentos que mais motivaram os protestos seriam a
revolta (37%) e a sensação de abandono (32%). A OAB lançou no último dia 29, a
campanha Eleições Limpas, no Rio de Janeiro. O presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto
Ercílio Broch, ressalta a falta de representatividade que pode ser corrigida
com a proposta. "Com os mais de 20 milhões de trabalhadores rurais no
Brasil, podemos contar com menos de cinco deputados trabalhadores rurais no
Congresso Nacional. Não nos sentimos representados". Ele diz também que a
reforma política é a primeira de outras, entre elas a reforma agrária, a
tributária, dos meios de comunicação e do Judiciário. Entre os signatários do
manifesto estão a OAB, a CNBB, a Contag, a União Nacional dos Estudantes (UNE),
a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), o Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST), o Instituto Atuação, a Aliança Cristã Evangélica
Brasileira, o Movimento Nacional Contra a Corrupção e pela Democracia, o
Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, a Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Fonte: Agência Brasil
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