Ficou claro na solenidade desta segunda-feira no Palácio da Redenção que
o governo vai querer marcar esses mil dias de governo com uma intensa
movimentação administrativa, tentando cravar no imaginário coletivo a sensação
de profunda injeção de recursos em obras e ações públicas e, por tabela, dando
trabalho à oposição, que, obviamente, aposta na tecla do caos ou da estagnação.
Levando em consideração a lista que compõe a programação de entrega de obras,
somando ao todo 16 inaugurações, algumas delas de grande impacto, como os
binários de Bayeux e do Conde, o Rodoshopping, Centro de Convenções e Trauma
II, deve-se admitir que o governo vai conseguir martelar suas ações junto à
população, fazendo com que o mês de setembro seja uma vitrine para a atual
gestão, numa exposição talvez ainda não conseguida até agora. Serão mais de dez
dias de inaugurações com o governador viajando de cidade em cidade para
entregar as obras e assinar ordens de serviço. E isso tem um efeito devastador.
Para a oposição, claro. Porque para o Estado o impacto se supõe positivo. A
lista de ações que serão desenvolvidas nestes Mil Dias guarda suas virtudes.
Mas não é perfeita, claro. Por exemplo, senti falta de obras mais
significativas a serem entregue em Campina Grande, segunda maior cidade da
Paraíba e terra de um povo, naturalmente, exigente. Porém, merecem destaque
para uma unidade paralela do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto
Lucena, que há muito necessitava de socorro para desafogar a demanda crescente.
A “ressurreição”, finalmente, do Rodoshopping também merece destaque. Parecia
uma obra morta para sempre. No geral, o mais importante do roteiro de Mil Dias
é que o governo conseguiu trocar promessas por compromissos, anúncios por
entregas. E isso é que vai contar ao final deste período. Ma, antes que ele
termine, o governador Ricardo Coutinho deu, como se sabe, um recado para quem
quisesse ouvir. Numa derivação do que disse na última sexta-feira, quando foi
provocado se estaria preparado para uma disputa com o senador Cássio Cunha
Lima, seu aliado, Ricardo reafirmou a crença no desempenho da atual gestão e
foi além: cobrou lealdade de quem faz parte dela. Para quem foi ou para quem
não foi exatamente, é impossível saber. A meu ver, foi para todo mundo que
ouviu. E, necessário, porque ele precisava completar a frase que deixou na
última sexta-feira. “Não há espaço para hesitação”, declarou sem precisar
mandar ninguém ligar os pontinhos para descobrir sobre o quê estava falando. Foi
um recado histórico. O primeiro ato a marcar estes mil dias de governo. E
necessário. Apesar de reafirmar o desejo de “unidade” e “composição política”,
sem citar, mais uma vez, nomes, o governador não pode conviver com quem está no
governo com olhos perdidos no horizonte, sonhando com os tais “dias melhores”.
“Só se faz parte daquilo que acredita”, disparou, como se quisesse marcar o
fim, nos mil dias de governo, da dúvida. Porque, efetivamente, mil dias é tempo
suficiente para alguém saber se é ou não é. Qualquer coisa, inclusive.
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