O distanciamento entre os agora nem
tão aliados PT e PSB está cada vez mais evidente; a briga aberta começou com um
anúncio publicado nos três maiores jornais de Pernambuco evidenciando a
participação do governo federal nas obras estruturadoras e no desenvolvimento
econômico do Estado; o objetivo é claro: desconstruir a imagem de que a gestão
socialista foi à principal responsável por fazer com que Pernambuco tenha
indicadores econômicos acima da média nacional. Mariana
Almeida e Paulo EMÍLIO_PE247 - O distanciamento entre os agora nem tão
aliados PT e PSB está cada vez mais evidente. A sinalização cada vez mais clara
da candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos,
ratificada na semana passada com a entrega dos cargos que os socialistas
ocupavam na administração federal, atiçou os brios do governo da presidente
Dilma Rousseff (PT). A briga começou nesta quinta-feira (26) com um anúncio
publicado nos três maiores jornais do Estado evidenciando a participação do
Governo Federal nas obras estruturadoras e no desenvolvimento econômico
pernambucano. O objetivo é claro: desconstruir a imagem de que a gestão
socialista foi a principal responsável por fazer com que Pernambuco tenha
indicadores econômicos acima da média nacional. Para a executiva nacional do
PT, o Estado de Pernambuco tem apenas uma participação na construção das obras
do Pacto de Aceleração do Crescimento (PAC), mas que as iniciativas partiram de
instâncias Federais. Entretanto, o ainda ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB)
– que deve deixar o cargo até este final de semana – mantém uma agenda de
inaugurações sem consultar a agenda dos petistas e o governador Eduardo Campos
é acusado de “esquecer” de mencionar o Governo Federal quando fala do
desenvolvimento e das obras que já fez para Pernambuco. No anúncio, que tem
como abertura a frase "O Governo Federal investe no desenvolvimento de
Pernambuco", fica evidenciada a participação "verde-amarela" nos
projetos de duplicação das BRs 101 e 408, nas obras dos corredores de ônibus no
centro do Recife e da Avenida Caxangá , além da construção da Via Mangue e uma
série de projetos e investimentos no Complexo Industrial e Portuário de Suape,
com destaque para a implantação da Refinaria Abreu e Lima. Além disso, o
Governo Federal também reivindica participação na Petroquímica Suape e nos
estaleiros instalados no terminal. Os projetos em questão são alguns dos
maiores em andamento no Estado. O secretário geral do PSB, Carlos Siqueira,
nega que a legenda socialista tenha tentado omitir a participação do Governo
Federal no desenvolvimento de Pernambuco. “Nem Eduardo Campos e nenhum dos
governadores do PSB nunca negara, a participação do governo nas obras. Isso (o
anúncio) não tem maiores conseqüências, não altera substancialmente nada. Além
do mais, a população não se engana com propaganda. Ajudamos o atual governo,
somos parceiros do PT desde 1989. Oferecemos ao PT seis palanques nas últimas
eleições, fora os que perdemos. Não somos fisiológicos. Queremos discutir o
futuro do País e não o que passou. Não estamos de olho no retrovisor. Orgulhamos-nos
de nossa participação no governo e não temos porque esconder isso”, afirmou
Siqueira. A publicidade vem na esteira das cobranças feitas esta semana pelo
senador Humberto Costa (PT-PE) e pelo deputado federal João Paulo (PT-PE) que
declararam que o PSB não dá os devidos créditos a ajuda recebida do Governo
Federal para a realização das obras que impulsionaram o desenvolvimento
estadual. Coincidência ou não, ao mesmo tempo o senador Armando Monteiro (PTB-PE),
que, em diversas ocasiões, já afirmou que deverá seguir o partido no apoio á
reeleição da presidente Dilma nas eleições de 2014, declarou, nesta
quinta-feira, que o desenvolvimento do Estado de Pernambuco deve muito ao
Governo Federal. “Todos os investimentos mais estruturadores que ocorreram nas
grandes plantas industriais e os novos setores econômicos que estão sendo
implementados em Pernambuco são frutos de uma parceria com o Governo Federal”,
declarou o senador, durante um almoço com executivos, no Recife. O petebista
declarou ainda que seja estranho não haver um reconhecimento claro desta
participação federal nas obras do Estado. Provável candidato ao Governo de
Pernambuco em 2014, Armando sempre esperou o apoio de Eduardo Campos na
empreitada, já que o PTB integra a base da gestão do PSB em Pernambuco,
inclusive ocupando cargos na administração estadual. Ao tornarem-se públicas as
intenções do governador em lançar, no próximo ano, um candidato do próprio
partido para sucedê-lo no Palácio do Campo das Princesas, membros do PTB
acusaram os socialistas de “quererem todos os cargos, sem se importar com a
base aliada”. A partir daí, Armando então começou a se movimentar em direção a
uma separação do PTB com o PSB em instância estadual e ensaiar uma aliança com
o Partido dos Trabalhadores, adotando uma estratégia bastante semelhante a de
Eduardo Campos, quando começou a criticar amigavelmente diversos pontos do
governo Dilma para ganhar musculatura como uma alternativa viável de poder. Até
as atitudes são parecidas: Durante 2013, Eduardo se movimentou por todo o país,
apresentando suas propostas e deixando seu nome mais conhecido principalmente
nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Um dos maiores focos do governador foi os
executivos, com os quais se encontrou diversas vezes, criticando sempre o
governo de Dilma Rousseff (PT). Agora, Armando se movimenta pelo Estado, se
encontrando com empresários e lideranças políticas para fazer críticas pontuais
ao governo de Eduardo. Da mesma maneira em que o PSB saiu do governo Federal
para lançar um nome próprio à presidência, o PTB sai do governo Estadual para
lançar um candidato próprio ao Governo do Estado. É a história que se repete.
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