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(es): Vera Rosa; O Estado de S. Paulo - 13/12/2013; Texto que vai nortear
debates do 59 Congresso do partido, aberto ontem, propõe a retomada de laços
com as bases sociais para 2014
Documento do PT
produzido com o objetivo de nortear os debates do 5.0 Congresso Nacional do
partido, aberto na noite de ontem em Brasília, afirma que é preciso recompor os
laços petistas com suas bases sociais para inibir "aventureiros" nas
disputas políticas do ano que vem. "O passado ensina (...) que a
mobilização de nossas bases sociais e políticas ajuda a recompor a sustentação
institucional do governo, inibe aventureiros, inclusive aqueles que se ocultam
em uma fraseologia anticapitalista e frustra as tentações golpistas que uma
crise possa despertar", diz um trecho do documento, numa referência
indireta às manifestações de junho passado - que derrubaram a popularidade da
presidente Dilma Rousseff - e o risco de elas se repetirem no ano eleitoral por
causa da realização da Copa. Além de citar os "aventureiros", o texto
está recheado de críticas à oposição e à imprensa, que, no diagnóstico petista,
se transformou em porta-voz dos adversários. Os dois mais fortes desafiantes de
Dilma, hoje, são o senador Aécio Neves (PSDR-MG) e o governador de Pernambuco,
Eduardo Campos, que comanda o PSB e se aliou à ex-ministra Marina Silva,
provável vice em sua futura chapa. Até agora, a estratégia usada por Dilma e
pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para desviar o debate do escândalo
do mensalão é bater na tecla de que o PSDB governou "de costas para a
sociedade" e não tem condições de se apropriar do discurso da ética.
Eduardo Campos, porém, deve entrar em breve na mira da ofensiva petista. "Grupos
que, no passado, haviam privatizado o Estado, promovendo desmandos e
privilégios, se transformaram em arautos da ética e da moralidade, escondendo
iniciativas de nossos governos, de transparência e de controle aos malfeitos
nestes 11 últimos anos", diz o documento do PT, que passará amanhã pelo
crivo do 5.0 Congresso. No discurso escrito para a abertura do evento, o
presidente do PT, Rui Falcão, defendeu os petistas condenados do mensalão e
disse haver "dois pesos e duas medidas" no julgamento do Supremo
Tribunal Federal. Falcão definiu o processo como um "Tsunami de
manipulação", atacou a imprensa e o que chamou de "mediocridade"
da oposição. "Ninguém pode se arvorar no direito de nos dar lição de
ética." No documento para os debates, escrito pelo assessor especial da
Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, os petistas
avaliam ainda que Lula e Dilma produziram muitos avanços na área social, mas
veem a necessidade de construir uma plataforma para uma "nova classe
média", algo que vá além de programas como o Bolsa Família. A preocupação
de Falcão é não vincular esse texto ao programa de governo de Dilma para o
segundo mandato, embora ali haja pistas sobre as diretrizes da nova plataforma.
Desagravo. Apesar de o ato de desagravo aos presos do PT no processo do
mensalão esteja marcado para hoje, petistas já ensaiavam as primeiras
manifestações de apoio na noite de ontem. No hall de entrada do evento, militantes
circulavam com camisetas e adesivos em defesa do ex-deputado José Genoino, do
ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares. A maior
parte dos militantes fez questão de colar na camisa o adesivo com os dizeres
"liberdade para os presos políticos" e "anulação da ação 47 0".
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