A presidente Dilma Rousseff iniciou na segunda-feira (13) as negociações
para a reforma no primeiro escalão do governo com uma sinalização negativa ao
PMDB: será difícil ampliar o espaço do partido na Esplanada. Em conversa de
mais de duas horas com vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), ela confidenciou
que precisa contemplar com cargos outros partidos da coalizão que estariam hoje
sub-representados no Executivo, caso do PTB e do recém-criado Pros. A
presidente quer aproveitar a saída de vários ministros que irão concorrer nas
próximas eleições para contemplar os partidos da base. Por exemplo, na Saúde o
ministro Alexandre Padilha irá deixar o posto para concorrer ao governo de São
Paulo. Na Casa Civil, Gleisi Hoffman (PT) também sairá para disputar a eleição
no Paraná. A Esplanada tem hoje 39 ministérios ou pastas com cargos cujos
ocupantes têm o status de ministro. Conquistar uma sexta vaga, em particular a
da Integração, era o objetivo declarado do PMDB. O ministério era ocupado por
Fernando Bezerra (PSB), que entregou o cargo no ano passado depois que Eduardo
Campos anunciou o desembarque de seu partido do governo para ficar à vontade
nas negociações políticas de sua candidatura. No Palácio do Jaburu, residência
oficial do vice, peemedebistas aguardava na segunda-feira a chegada de Temer
interessados em informações da reforma ministerial. Ouviram do vice um relato
de poucos detalhes, mas suficientemente claro no principal: Dilma precisará
usar alguns dos principais cargos para evitar que outras legendas que hoje
estão na órbita do governo passem a gravitar em torno dos adversários Aécio
Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE), prováveis adversários nas eleições
deste ano e ambos com muito pouco tempo de TV. Nos cálculos internos, Dilma quer
chegar a ter mais do que 50% dos minutos destinados à propaganda eleitoral em
relação aos oponentes. Essa meta depende do sucesso da reforma e do grau de
satisfação na base na distribuição de postos na administração federal. No PMDB,
legenda conhecida pelo apetite por cargos, o aceno pessimista da presidente não
deve ficar sem resposta. Ao saber do resultado da conversa preliminar, o líder
da bancada peemedebista na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), propôs a convocação de
uma reunião da cúpula do partido para a noite de quarta-feira com o objetivo de
discutir como se posicionar. Dilma deve usar ainda esta semana para continuar
as tratativas com outros partidos. Falta dar uma resposta ao Pros do governador
cearense Cid Gomes (CE), aliado de primeira hora antes, durante e depois do
desembarque do PSB do governo. O PTB e o PP também deverão receber resposta
para seus pleitos nesta semana. Além da Integração Nacional, o Planalto estuda
alocá-los em pastas de menor vulto na Esplanada, como Turismo, no caso de o
PMDB abocanhar outro ministério, ou mesmo Portos e Cidades. O plano do Palácio
do Planalto é acelerar a reforma nos primeiros dias de fevereiro, quando Dilma
retorna de uma série de compromissos internacionais para focar na transição de
suas pastas. Dilma ouviu mais de uma vez de Temer, entretanto, que fazer as
mudanças durante o recesso parlamentar protegeria o governo de eventuais crises
com o Congresso na retomada de seus trabalhos, em fevereiro.
Fonte: http://www.folhadapb.com.br
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