O Partido dos Trabalhadores (PT) aproveita sua
festa de 34 anos nesta segunda-feira em São Paulo para lançar informalmente a
candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. A oposição também se
articula para a disputa de 5 de outubro - em um momento em que os resultados
das urnas parecem mais incertos do que no ano passado.
Dilma, que deve ser oficializada como candidata
após a convenção do partido, ainda é a favorita para vencer a eleição. Segundo
a última pesquisa Datafolha, de 30 de novembro, a presidente tem 47% das
intenções de voto e venceria na maioria dos cenários já no primeiro turno. Mas, se a alta popularidade da presidente até
os protestos de junho do ano passado fazia os petistas sonharem com uma vitória
fácil, a crise de relacionamento com o PMDB, a saída do PSB da base governista
e os riscos de mais manifestações durante a Copa complicaram os planos do
partido para as eleições.
Por sua vez, a oposição ganhou munição com as
dificuldades econômicas - com o governo sendo criticado pela baixa taxa de
crescimento do PIB e pelos gastos elevados -, o recente apagão que afetou 6
milhões de pessoas em 11 Estados e a prisão de líderes históricos envolvidos no
escândalo do Mensalão. "O PT é hoje um partido com 12 anos no governo,
desgastado pelo exercício do poder. Estar no governo tem custos. O PT cometeu
muitos erros e, como qualquer partido no governo, tomou muitas medidas
impopulares", comenta o cientista política Octavio Amorim Neto, da Fundação
Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
"Estar tanto tempo no governo tem seus custos,
mas também tem benefícios", diz Amorim Neto. "A presidente tem
exposição frequente nos meios de comunicação, tem a máquina. É uma enorme
vantagem", diz. Um dos homens fortes do governo Dilma, o ministro da
Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitiu em dezembro, no
entanto, que eleição deve ser "dificílima". "Eu não tenho
expectativa, não (de vitória no primeiro turno).
“Eu acho que vai ser uma eleição muito dura”,
disse. PMDB; Desde o retorno à democracia, em 1985, o Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB) teve assento em todos os governos, de José Sarney
a Dilma Rousseff. Sigla com a presença no maior número de municípios no país, o
partido joga com seu peso para manter espaço na Esplanada dos Ministérios, com impacto
direto nas coligações do PT nos Estados.
"A relação PT-PMDB nunca esteve tão
abalada", diz a cientista política Maria Teresa Kerbauy, da Universidade
Estadual Paulista (Unesp), de Araraquara. "Pode ser que seja jogo de cena,
já que o PMDB é um partido voraz e quer aumentar espaço no governo na atual
reforma ministerial. Mas isso afeta a eleição", diz. Lideranças
peemedebistas já deixaram claro que querem mais um ministério.
O Palácio do Jaburu, às margens do Lago Paranoá em
Brasília, tornou-se o centro das queixas do partido. A residência de o
vice-presidente Michel Temer (PMDB) tem sido endereço constante das reuniões da
sigla, que ainda tem o comando da Câmara, com Henrique Alves, e do Senado, com
Renan Calheiros.
Mas se o partido deve manter a aliança com o PT nas
eleições em nível federal, o mesmo não se pode dizer das eleições para
governador. O Rio de Janeiro é o caso mais emblemático. Por lá, o casamento
PT-PMDB chegou ao fim após os petistas lançarem Lindberg Farias ao Palácio
Guanabara, contra a vontade do governador Sérgio Cabral (PMDB), que prefere ser
sucedido por seu vice, Luiz Fernando Pezão.
Analistas já não esperam Cabral trabalhando com
entusiasmo para reeleger Dilma no terceiro maior colégio eleitoral do país.
Ainda há problemas em outros Estados como na Bahia, onde Geddel Vieira Lima
(PMDB) deve se lançar candidato à revelia do atual governador Jaques Wagner
(PT).
Em São Paulo, o PMDB pode lançar um candidato
próprio, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo), Paulo Skaf, enquanto o PT já aposta no ex-ministro da Saúde, Alexandre
Padilha. "A relação entre PMDB e PT pode piorar no (eventual) segundo
mandato de Dilma. Se o PT eleger menos governadores e se o PMDB eleger uma
maior bancada, o PT vai ficar devedor do PMDB", diz Kerbauy.
PSB O anúncio-surpresa, em outubro, de uma aliança
entre a ex-senadora Marina Silva (movimento Rede Sustentabilidade) e o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB (Partido Socialista
Brasileiro), trouxe um elemento novo às eleições de 2014. A aliança ameaça a já
tradicional dicotomia entre PT e PSDB (Partido da Social Democracia
Brasileira), que desde 2002 se rivalizam no plano nacional.
Campos ainda tem menos intenções de voto do que
Aécio Neves (PSDB) - 11% e 19%, respectivamente, na última pesquisa Datafolha.
Mas o apoio de Marina Silva, que obteve quase 20 milhões de votos e terminou em
terceiro lugar na eleição presidencial de 2010, pode embolar a corrida ao
Planalto.
"Eu acho que o PSB preocupa principalmente o
PT. É com o PT que o PSB vai dividir votos em São Paulo e também no nordeste,
base de Eduardo Campos", diz Kerbauy. Ela ressalta o potencial do partido,
mas lembra que o PSB ainda não é uma sigla com abrangência nacional. PSDB
Já no campo tucano, além do PSB e do favoritismo de
Dilma, há outras preocupações. "Ouvi que o (ex-presidente) Fernando
Henrique está bastante preocupado com a candidatura do Aécio. Em três anos no
Senado, ele não falou nada de peso. Não deu nenhuma grande diretriz", diz
o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília.
Amorim Neto, da FGB-Rio afirma que a oposição,
tanto PSB quanto PSDB, tem "problemas de credibilidade". "Aécio
é sem dúvidas um líder da oposição. Mas desde que assumiu cadeira no Senado ele
exerce oposição moderada. É dele a frase 'não se bate em governo popular'.
Somado a todos os erros do PSDB, isso enfraquece muito a credibilidade do Aécio
como real alternativa de poder", diz.
Para os três analistas ouvidos pela BBC Brasil, a
batalha mais importante do tucanato será travada em São Paulo, onde o PT joga
todas as fichas na campanha de Padilha contra o governador Geraldo Alckmin
(PSDB), que tenta a reeleição. Se o PSDB perder a eleição presidencial, mas
conseguir manter o governo de São Paulo, Estado que governa há 20 anos, essa
será uma "grande" perda. Mas se os tucanos perderem o comando do
maior colégio eleitoral do país, o consenso é que será uma perda
"trágica", dizem os analistas.
David
Fleischer aposta, no entanto, em outro elemento que pode desempenhar um papel
crucial na campanha e invalidar as previsões dos analistas. "A grande
explosão pode ocorrer na Copa. Certamente vamos ter grandes manifestações e
esse será o grande assunto das eleições", diz. Uol
Fonte: www.paraiba.com.br

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