Desde
pequena, Greice Pereira costuma acordar às cinco da manhã todos os dias. Ainda
criança, já ajudava o pai a cuidar do roçado e das cabeças de gado na fazenda
onde a família morava, em Santana do Cariri, no Ceará. Agora, poucos meses após
completar 55 anos de idade e de ter recebido o primeiro pagamento de sua
aposentadoria rural, ela poderá, se quiser, dormir até mais tarde.
Mas
ela já avisou que não quer. “Vou continuar trabalhando enquanto puder e Deus
ajudar”. Greice Reinaldo dos Santos Pereira é a segurada que atingiu a marca de
32 milhões de benefícios pagos pela Previdência Social.
A
quantidade de 32 milhões de benefícios emitidos pela Previdência foi atingida
em outubro. Naquele mês, o repasse para os segurados de todo o Brasil atingiu o
montante de R$ 29,8 bilhões.
A maior parte dos benefícios (71,2%) foi paga
à clientela urbana. Os outros 28,8% foram destinados aos beneficiários da área
rural, como é o caso de Greice Pereira. Em Exu, Pernambuco – cidade na qual ela
reside desde os 15 anos de idade – foram pagos 1.058 benefícios urbanos e 5.488
rurais, totalizando 6.546. O valor total repassado pela Previdência ultrapassou
os R$ 4,2 milhões.
Exu é
um município pernambucano que faz divisa com o Ceará. A cidade é conhecida por
ser a terra natal de Luiz Gonzaga. A principal atração é a antiga fazenda do
“rei do baião”. Lá estão instalados um museu em homenagem ao artista e o
mausoléu onde o seu corpo está enterrado.
“Luiz
Gonzaga era muito amigo da nossa família, dancei muito com ele”, recorda Greice
Pereira. Ela conta que quando o sanfoneiro terminava seus shows em um clube
chamado “Ninho da Asa Branca”, em Exu, gostava de participar de rodas de samba
e forró e de dançar com as garotas da cidade.
Vida – Apesar de sua
família ser de Exu (PE), Greice Pereira nasceu a 50 quilômetros de distância de
lá, em Santana do Cariri (CE). Seu pai trocou Pernambuco pelo Ceará para “tomar
conta” de uma fazenda. Depois de concluir a quarta série do antigo primário, ela foi obrigada a interromper os estudos. Era sacrifício demais.
“Tinha
que caminhar mais de uma légua (cerca de seis quilômetros) para estudar. Na
volta, ia para a roça, depois, tinha que trabalhar em casa”, justifica. Ela
tinha três irmãos, sendo um adotivo, e três irmãs. Todos trabalharam na
agricultura. Greice é a segunda mais velha. O primogênito morreu em abril.
Filha de Greice pretende cursar Universidade. (Foto: Roberto Homem); Aos 28 anos, Greice Pereira casou. O ex-marido (atualmente estão separados), também agricultor, é paraibano. Tiveram dois filhos.Francisco Hallyson e Rayanny Mayra. O menino mudou-se para Vitória, no Espírito Santo, onde trabalha como garçom, em uma churrascaria.
A menina
concluiu o segundo grau e está aguardando o resultado do Enem. “Enquanto a
faculdade não vem, ela vai continuar a me ajudar na roça”, garante a nova
aposentada. “Mas ela vai ter uma boa profissão, se Deus quiser: não vai seguir
a carreira da mãe, vai trocar a enxada pela caneta”, vaticina.
Greice
Pereira revela que a sua vida nunca foi fácil. Trabalhava no roçado durante o
dia e costurava à noite, para sustentar os filhos. “Mas, graças a Deus, nunca
passaram fome”. Ela plantava feijão, milho e mandioca, para o consumo da
família. O excedente da mandioca era vendido. “A seca castigou bastante, teve
ano em que a produção foi quase zero”.
Nestes
períodos, ela sobreviveu criando galinhas ou outros animais de pequeno porte,
para garantir a subsistência. Conquistar a aposentadoria sempre foi um
objetivo. Seu pai aposentou-se pelo extinto Fundo de Assistência ao Trabalhador
Rural (Funrural).
“Sempre guardei as
provas do meu trabalho no campo, como os recibos das sementes que eu tirava
para plantar. Sempre me preocupei. Quando precisei, estava tudo direitinho”,
orgulha-se.
Desempregados também podem
contribuir para a Previdência Social e manter direitos; As pessoas
desempregadas também podem contribuir para a Previdência Social e ter direito
aos benefícios, como aposentadorias e auxílios. A categoria é a de segurado
facultativo.
Quem já possui PIS deve
utilizar esse número para efetuar as contribuições. Quem nunca trabalhou e não
tem PIS pode fazer a inscrição no portal da previdência. O facultativo faz os
recolhimentos com alíquota de 20% sobre a remuneração declarada, respeitando o
limite do salário mínimo e do teto da Previdência – atualmente R$ 4.390,24.
A contribuição também pode
ser feita apenas sobre o salário mínimo, com a alíquota de 11%. Mas essa forma
de contribuição não dá direito à aposentadoria por tempo de contribuição.
A data de vencimento para
os facultativos é dia 15 do mês seguinte àquele a que as contribuições se
referirem. O cálculo da contribuição previdenciária, com emissão da guia para
pagamento pode ser feito no site www.previdencia.gov.br.
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