Simone Benevides – Patac; Dona Juvita (de boné) explica
como funciona o sistema simplificado de reaproveitamento da água dos diversos
usos da casa | Fotos: Arquivo Patac; Maria Fernanda Coelho, representante do
MDA.
Surpreendeu-se com a organização comunitária e com o
debate feito pelas famílias agricultoras sobre o alimento que se quer comer; Glória
Araújo: "É fundamental a contratação de entidades de assessoria que
ganharam a chamada pública do ATER agroecologia para fortalecer a agricultura
familiar de base agroecológica."
Um momento de troca de saberes marcado por depoimentos
emocionados e cheios de esperanças. Foi assim o cenário da visita realizada
pela secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Maria
Fernanda Coelho, na quinta-feira passada (30), nas comunidades de Alto do
Umbuzeiro e Santa Cruz, no município de São Vicente do Seridó, na Paraíba.
Os agricultores e agricultoras da região estão
organizados através do Coletivo Regional das Organizações da Agricultura
Familiar, que também faz parte da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e da
Articulação do Semiárido Paraibano (ASA PB). O Coletivo realiza um trabalho em
rede com famílias agricultoras em transição agroecológica, com assessoria da
organização Patac.
No primeiro momento da visita, a secretária, membros da
comitiva do MDA, dentre estes o diretor do departamento de Assistência Técnica
de Extensão Rural (ATER), Marenilson Batista, representantes da ASA e a
comunidade tiveram a oportunidade de conhecer a experiência da família de
Juvita Julia Gonçalves e Raimundo José Gonçalves, na comunidade Alto do
Umbuzeiro.
O casal apresentou uma riqueza de ações que mudaram o
cenário da pequena propriedade de sete hectares. Dona Juvita mostrou orgulhosa
a produção do quintal, que conta com uma grande variedade de hortaliças.
Plantas medicinais e frutíferas, mantidas pela
cisterna-calçadão e pelo sistema simplificado de reaproveitamento da água dos
diversos usos da casa. Além do trabalho da produção de alimentos sem uso de
agrotóxicos, a família participa do processo de organização da associação
comunitária e do projeto do fundo rotativo de tela e criação de galinhas.
Eles também estão engajados na conservação e
multiplicação das Sementes da Paixão, sementes nativas e adaptadas ao
Semiárido, que são conversadas e multiplicadas por gerações. A família também
participa do banco de sementes da comunidade.
Dentre as políticas do governo
federal, a família também é assegurada pelo Garantia Safra. Também foi apoiada
pelos programas da ASA, o programa Um Milhão de Cisternas, em 2005, e o
porgrama Uma Terra e Duas Águas, em 2011.
Logo em seguida, todos se dirigiram para a Associação
da Comunidade Santa Cruz onde funciona um dos bancos de sementes comunitário
mais antigo da região. Lá, os visitantes se encontram com cerca de 30
agricultores e agricultoras.
Segundo as famílias agricultoras, foi em 1984 que se
iniciou o processo de organização para a multiplicação e conservação das
Sementes da Paixão. A iniciativa teve o incentivo da Igreja Católica, que
mobilizou também outras comunidades que hoje fazem parte do Coletivo.
Na sede da associação, os visitantes se encontraram com
cerca de 30 agricultoras e agricultores que fizeram relatos emocionados de
experiências de convivência com Semiárido. A agricultora Daniele Vieira
Gonçalves falou da falta de compromisso da grande mídia em divulgar as
estratégias de convivência com o Semiárido.
Como forma de invizibilizar as coisas boas que
acontecem nesse momento no Nordeste, mesmo diante do cenário de estiagem. “Se
as grandes mídias fizessem programas educativos mostrando as ações da
agricultura familiar, o país teria a compreensão e passaria a valorizar as
populações do campo.”
Já para Francilene Gonçalves de Sousa um novo cenário
se desenha no campo nos últimos 20 anos. “Antigamente o acesso das pessoas da
zona rural aos serviços da cidade era muito difícil. Hoje, avalio que muita
coisa mudou, agora nós temos internet, celular e principalmente acesso às
universidades.
Hoje eu posso fazer pela minha filha o que meus pais
não puderam fazer por mim. Outra coisa é que a maioria dos jovens não precisa
mais sair do campo e essa permanência é a garantia de ver essas ações de
convivência continuar.”
Fonte: http://www.asabrasil.org.br
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