terça-feira, 4 de agosto de 2015

Secretária executiva do MDA visita comunidades rurais no Seridó paraibano


Simone Benevides – Patac; Dona Juvita (de boné) explica como funciona o sistema simplificado de reaproveitamento da água dos diversos usos da casa | Fotos: Arquivo Patac; Maria Fernanda Coelho, representante do MDA.

Surpreendeu-se com a organização comunitária e com o debate feito pelas famílias agricultoras sobre o alimento que se quer comer; Glória Araújo: "É fundamental a contratação de entidades de assessoria que ganharam a chamada pública do ATER agroecologia para fortalecer a agricultura familiar de base agroecológica."

Um momento de troca de saberes marcado por depoimentos emocionados e cheios de esperanças. Foi assim o cenário da visita realizada pela secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Maria Fernanda Coelho, na quinta-feira passada (30), nas comunidades de Alto do Umbuzeiro e Santa Cruz, no município de São Vicente do Seridó, na Paraíba.

Os agricultores e agricultoras da região estão organizados através do Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar, que também faz parte da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA PB). O Coletivo realiza um trabalho em rede com famílias agricultoras em transição agroecológica, com assessoria da organização Patac.

No primeiro momento da visita, a secretária, membros da comitiva do MDA, dentre estes o diretor do departamento de Assistência Técnica de Extensão Rural (ATER), Marenilson Batista, representantes da ASA e a comunidade tiveram a oportunidade de conhecer a experiência da família de Juvita Julia Gonçalves e Raimundo José Gonçalves, na comunidade Alto do Umbuzeiro.

O casal apresentou uma riqueza de ações que mudaram o cenário da pequena propriedade de sete hectares. Dona Juvita mostrou orgulhosa a produção do quintal, que conta com uma grande variedade de hortaliças.

Plantas medicinais e frutíferas, mantidas pela cisterna-calçadão e pelo sistema simplificado de reaproveitamento da água dos diversos usos da casa. Além do trabalho da produção de alimentos sem uso de agrotóxicos, a família participa do processo de organização da associação comunitária e do projeto do fundo rotativo de tela e criação de galinhas.

Eles também estão engajados na conservação e multiplicação das Sementes da Paixão, sementes nativas e adaptadas ao Semiárido, que são conversadas e multiplicadas por gerações. A família também participa do banco de sementes da comunidade. 

Dentre as políticas do governo federal, a família também é assegurada pelo Garantia Safra. Também foi apoiada pelos programas da ASA, o programa Um Milhão de Cisternas, em 2005, e o porgrama Uma Terra e Duas Águas, em 2011.

Logo em seguida, todos se dirigiram para a Associação da Comunidade Santa Cruz onde funciona um dos bancos de sementes comunitário mais antigo da região. Lá, os visitantes se encontram com cerca de 30 agricultores e agricultoras.

Segundo as famílias agricultoras, foi em 1984 que se iniciou o processo de organização para a multiplicação e conservação das Sementes da Paixão. A iniciativa teve o incentivo da Igreja Católica, que mobilizou também outras comunidades que hoje fazem parte do Coletivo.

Na sede da associação, os visitantes se encontraram com cerca de 30 agricultoras e agricultores que fizeram relatos emocionados de experiências de convivência com Semiárido. A agricultora Daniele Vieira Gonçalves falou da falta de compromisso da grande mídia em divulgar as estratégias de convivência com o Semiárido.

Como forma de invizibilizar as coisas boas que acontecem nesse momento no Nordeste, mesmo diante do cenário de estiagem. “Se as grandes mídias fizessem programas educativos mostrando as ações da agricultura familiar, o país teria a compreensão e passaria a valorizar as populações do campo.”

Já para Francilene Gonçalves de Sousa um novo cenário se desenha no campo nos últimos 20 anos. “Antigamente o acesso das pessoas da zona rural aos serviços da cidade era muito difícil. Hoje, avalio que muita coisa mudou, agora nós temos internet, celular e principalmente acesso às universidades.

Hoje eu posso fazer pela minha filha o que meus pais não puderam fazer por mim. Outra coisa é que a maioria dos jovens não precisa mais sair do campo e essa permanência é a garantia de ver essas ações de convivência continuar.”

Fonte: http://www.asabrasil.org.br

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