O dono da empresa UTC,
Ricardo Pessoa, afirmou ontem (15) na CPI da Petrobras que a UTC começou a
trabalhar para a Petrobras ainda na década de 70 e que sempre “negociou com
pessoas” nestes anos todos.
Embora tenha passado por
oito presidentes, o empreiteiro fez questão de citar que no governo Fernando
Henrique Cardoso foram assinados 169 contratos; no governo Lula 151; e 70 no
primeiro governo Dilma. “As informações mostram que os contratos da UTC com a Petrobras permaneceram-nos mesmos patamares do governo FHC, não houve modificações com a chegada do PT ao governo”, observou.
O relator da CPI, deputado
Luiz Sérgio (PT-RJ) fez questão de perguntar sobre as doações, da ordem de R$
50 milhões, feitas pela UTC para campanhas eleitorais de 2014. “Foram feitas
doações a 27 partidos políticos”.
“Foram doações para o DEM,
PSDB, PMDB, PSB, PT, PP, PV, Solidariedade, Pros e tantos outros”, respondeu
Pessoa. “O que motivou essas doações?”, quis saber o relator. O empreiteiro, no
entanto, optou pelo direito constitucional de ficar calado.
O deputado Leo de Brito
(PT-AC), falando pela liderança do partido, criticou mais uma vez os dois pesos
e as duas medidas que a oposição, o Ministério Público e a grande mídia dão
para as doações feitas ao PT e aos demais partidos.
“O dono da UTC doou muito
mais para a campanha do senador derrotado Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência
da República do que para a campanha vitoriosa da presidenta Dilma. Tudo estão
declarado e aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral. No entanto, querem
considerar as doações feitas ao PT como propina”, desabafou.
Na mesma linha, o deputado
Jorge Solla (PT-BA) quis saber do empreiteiro como é possível fazer, no mesmo
ano, doações para duas campanhas e carimbar uma como legal e a outra como
propina. “Será que o senhor Ricardo Pessoa foi lá no Vaticano buscar um
dinheiro santo para doar ao PSDB?” ironizou.
O deputado Jorge Solla
lembrou que, assim como a campanha de Aécio Neves recebeu mais doação do que a
campanha da Dilma, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu
da UTC três vezes mais recursos do que a campanha de Aloizio Mercadante (PT)
para o governo de São Paulo.
“Mas apenas os recursos que foram para
Mercadante é que estão querendo carimbar como caixa 2”, denunciou o deputado.
Ele disse que até entende porque as doações ao PSDB foram maiores. “É só ver as
denúncias de corrupção no metrô de São Paulo ou na Cidade Administrativa de
Belo Horizonte, ambas nos governos tucanos. A UTC está lá, nas duas obras”,
ressaltou.
Financiamento empresarial
– Jorge Solla e Leo de Brito aproveitaram para defender o fim do financiamento
empresarial de campanha. “O que diferencia o que é propina e o que é doação
oficial”? Por isso somos contra o financiamento empresarial de campanha.
“Esse tipo de doação deixa todos sob suspeita”,
argumentou o deputado Leo de Brito. Jorge Solla acrescentou que é preciso
acabar com “a hipocrisia e a cara de pau de quem diz que é contra a corrupção,
mas defende a contribuição empresarial de campanha”.
O deputado Valmir
Prascidelli (PT-SP), diante do silêncio do empreiteiro e do vazamento seletivo
da sua delação premiada, cobrou serenidade da CPI que, na sua avaliação, está
sempre um passo atrás do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal.
“Estamos trabalhando há
sete meses e delatores que podem colaborar veem aqui e ficam calados, abrindo
espaço para que a oposição carregue nas cores do que foi vazado propositalmente
e, preferencialmente, contra o PT”, observou.
Prascidelli disse ainda que é preciso saber o
momento de se concluir o trabalho do colegiado e defendeu que seja apresentado
no parecer final mecanismo que avance na definição do papel e das atribuições
de uma comissão parlamentar de inquérito.
UTC Imobiliário – A CPI
ouviria também, na reunião desta terça-feira, Sandra Raphael Guimarães,
funcionária da UTC, acusada de ocultação de um imóvel em Lauro de Freitas (BA),
mas ela também optou pelo direito constitucional de permanecer em silêncio.
Sandra apenas informou que
não tem qualquer ligação com as investigações da Operação Lava Jato. “Eu sou
funcionária da UTC Desenvolvimento Imobiliário, trabalho em Salvador e não
tenho nenhum cargo de direção. Nunca prestei serviço à Petrobras e nem à UTC
Engenharia. Por isso pedi à Justiça para ser dispensada e vou ficar em
silêncio”, disse.
Saipem do Brasil – O
colegiado ouviu ainda Roberto de Moraes Mendes, responsável pela gestão de
projetos de gasodutos e oleodutos da empresa Saipem do Brasil. Ele disse não
ter conhecimento de suspeitas de pagamento de propina pela empresa a diretores
da Petrobras.
Respondendo a questionamento
do relator Luiz Sérgio, Roberto afirmou que “nunca foi feito qualquer pedido de
propina ou mesmo insinuação nas fases em que participei dos contratos, durante
os processos de licitação”.
Fonte: http://www.polemicaparaiba.com.br/
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