A criação do INSA, pelo
MCTI, representou uma ruptura paradigmática ao pensamento com a visão
hegemônica de um Semiárido inóspito, inviável.
O INSA centra sua energia
institucional na identificação e mobilização do potencial da região; definindo
a região como viável a partir de suas potencialidades que permitam construir um
desenvolvimento sustentável, em articulação com suas limitações.
Vale destacar que as
terras secas, com diversos graus de aridez, representam aproximadamente 55% do
Planeta, correspondendo a 2/3 da superfície total de 150 países e se encontram
entre as regiões mais excluídas pela maioria dos programas de desenvolvimento.
Estima-se que 42% da
população mundial viva nestas áreas e que 22% da produção mundial de alimentos
tenham origens nestes ambientes. Essa é a magnitude do INSA para a região e o
tamanho do seu desafio.
A história reconhecerá a
relevância da iniciativa do Governo Federal, por meio do MCTI, ao criar em 2004
o Instituto Nacional do Semiárido, atualmente em plena sintonia com as
expectativas da sociedade brasileira e, particularmente da região semiárida.
O INSA, ao tempo que
resgata os reclamos científico-históricos para essa parte do Brasil, atende aos
movimentos sociais e suas expressões organizacionais.
O território Semiárido
Brasileiro atinge quase um milhão de km2 de área contígua, com mais de 24
milhões de habitantes, alcançando oito estados do Nordeste e o norte de Minas
Gerais; abarcando 1.135 municípios e quatro biomas (Caatinga, Mata Atlântica,
Cerrado e Restinga).
Esse território
caracteriza-se por uma interessante unidade climática, coerente com as
definições internacionais de semiaridez, guardando ao mesmo tempo rica
diversidade edafoclimática, assim como, uma gigantesca e importante diversidade
histórico-cultural. São artistas, intelectuais, educadores, esportistas,
produtores, ativistas dos direitos humanos.
Os defensores da natureza
e outros protagonistas, que de forma individual ou coletiva buscam transformar
as limitações em desafios, e os desafios em oportunidades. São brasileiros
acima de tudo, que junto aos brasileiros que estão nas mais diferentes regiões
do país e do mundo, querem exercer sua cidadania e viver em uma sociedade
justa.
Historicamente a concepção
de realidade que influenciou o imaginário técnico, econômico, científico e
social da região semiárida, dentro e fora do Brasil, construiu e
institucionalizou a imagem de uma região problemática, cheia de adversidades e,
muitas vezes, vista como uma região inviável.
O conceito de Semiárido no
Brasil toma corpo a partir da Conferência sobre clima, de 1972 em Estocolmo. No
entanto, a história registra uma série de evoluções conceituais para os
chamados sertões secos do Brasil.
A cobrança ao Estado
Brasileiro por um órgão que se dedicasse a conhecer profundamente a história,
diversidade climática e biológica dessa área remonta ao final do século
XIX.Guimarães Duque, assim também como Darcy Ribeiro e Josué de Castro, ao
estudar a vida cotidiana.
Os costumes e a estrutura
socioeconômica do Semiárido Brasileiro apontam a criatividade do seu povo e a
adaptabilidade às condições climáticas para produzirem neste espaço sua
existência como algo extraordinário. Reafirmado pelo escritor Ariano Suassuna,
como a essência do Brasil.
Para Celso Furtado e o
pensamento científico brasileiro acumulado no século XX aprofundar o
conhecimento sobre os aspectos físicos, culturais e sociais do Semiárido
tornaram-se premissas básicas para projetar o desenvolvimento sustentável
nacional. O INSA é fruto dessa compreensão. Dessa trajetória vitoriosa da
ciência e do humanismo nacionais.
Foram as mobilizações
sociais dos povos do Semiárido em suas representações mais legitimas; as
mobilizações do mundo acadêmico-científico e por fim, dos atores políticos
desse imenso território que propiciaram e inspiraram o Presidente Lula a propor
e criar o Instituto Nacional do Semiárido.
O INSA conseguiu, neste
período, em grande parte de suas ações, gerar uma sinergia concreta entre a
produção científica e os saberes populares; produzir conhecimento de forma
efetivamente participativa e inclusiva, na perspectiva de dar respostas aos
desafios sociohistóricos e ambientais que o território Semiárido oferece.
Com a criatividade típica
dos povos dos sertões,o INSA tem conseguido viabilizar e desenvolver pesquisas
científicas, por meio de arranjos e parcerias institucionais que conseguem
alcançar os diversos setores da ciência e do desenvolvimento tecnológico nessa
Região.
O INSA hoje é referência
internacional no debate sobre desertificação e os efeitos das mudanças
climáticas em nosso Planeta.
O INSA como Unidade de
Pesquisa do MCTI é a expressão e a resposta firme da possibilidade de convivência
com a semiaridez, assentado numa produção científica e tecnológica que só
confirmam a resistência histórica dos povos que aqui habitam e dignificam a
vida.
Rebaixar o INSA à condição
de uma Coordenadoria de bioma seria não compreender o acúmulo histórico do
avanço científico no Brasil.
Finalmente, a manutenção
do INSA como Unidade do MCTI, na condição atual é respeitar a visão humanitária
de Ariano Suassuna, o sonho de paz social de Josué de Castro, a grandeza e a
sensatez científica de Celso Furtado e a capacidade visionária do Presidente
Lula.
Por tudo isso, conclamamos
a comunidade cientifica brasileira a solidarizar-se aos povos dos sertões secos
do Brasil, e cerrar fileira em defesa do INSA como patrimônio do Semiárido
Brasileiro.
FÓRUM DE PRÓ-REITORES DOS
IF’S – NORDESTE; FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE PESQUISA DO NORDESTE; ASSOCIAÇÃO
ÁGUAS DO NORDESTE; ASSOCIAÇÃO PLANTAS DO NORDESTE; FÓRUM DE SECRETÁRIOS DE
ESTADO DA AGRICULTURA FAMILIAR – DOS ESTADOS DO SEMIÁRIDO.
ABA – ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA; ASA – ARTICULAÇÃO DO SEMIÁRIDO; MPA – MOVIMENTO DOS
PEQUENOS AGRICULTORES – BRASIL; MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS
SEM-TERRA – MST; ONG – MATURIDADE CIDADÃ.
UEPB – UNIVERSIDADE
ESTADUAL DA PARAÍBA; UFERSA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO; UFRB -
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO BAIANO; CPT – COMISSÃO PASTORAL DA TERRA.
Fonte: asaparaiba
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