Senado
cria mecanismos para dificultar troca-troca partidário; lei segue para sanção
presidencial
O
Senado aprovou ontem projeto de lei que inibe a criação de novos partidos e
evita o troca-troca partidário. O texto agora irá a sanção presidencial, mas as
regras não valem em 2014 para os partidos criados neste ano. O projeto
prejudica candidaturas de novos partidos porque restringe o acesso ao dinheiro
do fundo partidário e ao tempo de propaganda na TV --mecanismos vitais para o
funcionamento de uma sigla. O fundo partidário e o tempo de TV são calculados a
partir do número de parlamentares eleitos pelos partidos. Pela regra atual, os
deputados que migram para um partido novo levam os votos, para cálculo de tempo
de TV e fundo partidário. Assim, os novos partidos ganham mais dinheiro e
tempo, mesmo sem ter disputado eleições. Pelo texto aprovado, o partido novo
não recebe os votos de deputados que decidiram aderir à nova legenda. O projeto
de lei, que já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados e tramitava no
Senado, foi suspenso pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal
Federal) em abril. O projeto era acusado de ser casuístico: ter como único
propósito dificultar a criação da Rede, de Marina Silva. Agora que a Rede ficou
sem registro para 2014 e outros dois partidos foram criados (PROS e
Solidariedade), o projeto ganhou fôlego para ser votado. O Supremo derrubou a
liminar e liberou a votação. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
garantiu que a lei não valerá para os recém criados. A Rede, contudo, será
atingida, quando for criada. “Tentamos votar no passado, mas infelizmente fomos
vítimas das ligeirezas das interpretações. Essa lei não vai retroagir, mas
daqui para frente vai valer essa regra”, disse Renan. A votação foi simbólica,
mas três senadores se manifestaram contra: Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Pedro
Simon (PMDB-RS) e Lídice da Mata (PSB- BA). Leilão: Senadores classificam o atual modelo de “leilão”. “Ele
[deputado] leva consigo o tempo de televisão e o fundo partidário, penalizando
duas vezes a representação partidária e a democracia brasileira. Temos que
aprovar essa regra para, a partir de 2014, não ver se repetir esse tipo de
leilão que assistimos nas últimas semanas envolvendo a criação de partidos”,
disse o líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM). O senador Agripino Maia
(AL), presidente do DEM, partido que perdeu diversos deputados para o PSD,
disse que o projeto vetará o “leilão de legendas de aluguel”. Líder do PMDB, o
senador Eunício Oliveira (CE) defendeu a aprovação do projeto e criticou o
atual sistema, no qual um partido novo recebe o tempo de TV e fundo partidário
de acordo com os deputados que migram para a legenda. “Não tem sentido
distribuir dinheiro público para quem não disputou um voto sequer. Vamos dar um
basta nisso . Tem que ir para as ruas convencer o eleitor, conquistar
parlamentares para ter direito ao fundo partidário e tempo de TV”, disse. Relator,
o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse que o projeto valoriza o voto popular.
“Esse projeto preserva o resultado das urnas. Prestigia o voto popular e a
força de cada partido no Congresso”, disse. O senador Benedito de Lira (PP-AL)
defendeu que o projeto preserve os partidos Pros e Solidariedade, que acabaram
de ser criados. “Foram criados dentro das regras da lei. Então, esta Casa não
pode se utilizar de casuísmo, pensando em retroagir para prejudicar”, disse.

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