quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Festejando a colheita: a mística permanece viva nos municípios do médio sertão sergipano!

Felipe Silva e Mário Jureia - comunicadores populares da ASA; Aracaju | SE; Comunidade celebra unida Festa da Colheita | Foto: Arquivo CDJBC

O hábito de compartilhar a colheita e agradecer pelos frutos que a terra dá é um costume que vem desde a antiguidade. Os povos historicamente reuniam-se para festejar a prosperidade dos seus trabalhos e a generosidade da natureza.

Na última sexta feira (26), na comunidade Travessia, município de Itabi, a uma distância de 132 km da capital Aracaju, a agricultora Dona Gizélia e comunidades adjacentes, mantiveram viva a tradição de agradecer pela próspera produção.

A festa da colheita na região do médio sertão sergipano foi criada na comunidade Jaramataia há aproximadamente 30 anos. As festas são fruto das santas missões realizadas nos municípios de Nossa Senhora de Lourdes, Canhoba, Itabi e Gracho Cardoso, relembra Carlos Alberto, colaborador do Centro Dom José Brandão de Castro, sobre como iniciou a organização da festa. 

A atuação de lideranças, da CPT - Comissão Pastoral da Terra, do MEB - Movimento de Educação de Base, da Diocese de Própria, na gestão do Bispo Dom José Brandão de Castro (in memorian)  foram importantes na organização dos camponeses sem terra e de pequenos agricultores, que com coragem e persistência lutavam enfrentando o latifúndio.

“Celebrar a colheita é celebrar também o histórico de luta, essa festa de grande valor”, afirmou Fátima, agricultora presente na festa. Olhem a terra como mãe, ela é sagrada, quem fere a terra fere os filhos da terra, devemos cuidar de todas as formas de vida na caatinga, comentou no depoimento José Martins”, poeta e cancioneiro que sempre esteve à frente das lutas.


Cantos históricos dos trabalhos de evangelização do povo resgatavam a mística e mantinham acesa a chama da resistência camponesa no semiárido.A reforma agrária foi importante para a localidade e também proporcionou mais vida e dignidade para o povo da região.

A luta por justiça social e o fim da opressão manteve acesa a chama da luta desse povo, comentou Padre Nanai. Maria Helena, agricultora do Povoado Melancia, cantou alegre o seu sentimento naquele importante momento de partilha, "eu sou feliz é na comunidade, na comunidade eu sou feliz! ".

Comunidades vizinhas, representantes da FETASE, e funcionários da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe – EMDAGRO, e uma representação do CDJBC participaram da festa e várias lideranças relembraram toda a caminhada dos trabalhadores e trabalhadoras.

Foi destacada a nova etapa que a luta dos camponeses atingiu com o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Articulação Semiárido Brasileiro - ASA na implementação de tecnologias sociais de armazenamento de água para consumo humano e para produção, permitindo a convivência das agricultoras e agricultor na terra conquistada com tanta luta.   

Pirão de galinha caipira, muitas saladas, sucos, feijoada, foram os ingredientes do delicioso almoço coletivo compartilhado entre os que estavam presentes, mostrando a fartura e o poder da agricultura familiar.

A animação da tarde ficou por conta de um grupo de artistas locais: João Batista, Luciano e Manoel, que não deixaram o povo cochilar, animando ao som da uma boa música sertaneja.

Às 16h, como parte da programação, uma missa de encerramento celebrada pelo Pe. Enaldo consagrou o histórico de amor e fé que o povo da região vem trabalhando em prol da sua subsistência.

Fonte: http://www.asabrasil.org.br/

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