Felipe Silva e Mário Jureia -
comunicadores populares da ASA; Aracaju | SE; Comunidade celebra
unida Festa da Colheita | Foto: Arquivo CDJBC
O hábito de
compartilhar a colheita e agradecer pelos frutos que a terra dá é um costume
que vem desde a antiguidade. Os povos historicamente reuniam-se para festejar a
prosperidade dos seus trabalhos e a generosidade da natureza.
Na última sexta
feira (26), na comunidade Travessia, município de Itabi, a uma distância de 132
km da capital Aracaju, a agricultora Dona Gizélia e comunidades adjacentes,
mantiveram viva a tradição de agradecer pela próspera produção.
A festa da colheita
na região do médio sertão sergipano foi criada na comunidade Jaramataia há
aproximadamente 30 anos. As festas são fruto das santas missões realizadas nos
municípios de Nossa Senhora de Lourdes, Canhoba, Itabi e Gracho Cardoso,
relembra Carlos Alberto, colaborador do Centro Dom José Brandão de Castro,
sobre como iniciou a organização da festa.
A atuação de
lideranças, da CPT - Comissão Pastoral da Terra, do MEB - Movimento de Educação
de Base, da Diocese de Própria, na gestão do Bispo Dom José Brandão de Castro
(in memorian) foram importantes na organização dos camponeses sem terra e
de pequenos agricultores, que com coragem e persistência lutavam enfrentando o
latifúndio.
“Celebrar a
colheita é celebrar também o histórico de luta, essa festa de grande valor”,
afirmou Fátima, agricultora presente na festa. Olhem a terra como mãe, ela é sagrada, quem fere a terra fere os filhos da terra, devemos cuidar de todas as formas de vida na caatinga, comentou no depoimento José Martins”, poeta e cancioneiro que sempre esteve à frente das lutas.
Cantos históricos dos trabalhos de
evangelização do povo resgatavam a mística e mantinham acesa a chama da
resistência camponesa no semiárido.A reforma agrária foi importante para a localidade e também proporcionou mais vida e dignidade para o povo da região.
A luta por justiça social e o fim da opressão manteve
acesa a chama da luta desse povo, comentou Padre Nanai. Maria Helena,
agricultora do Povoado Melancia, cantou alegre o seu sentimento naquele
importante momento de partilha, "eu sou feliz é na comunidade, na
comunidade eu sou feliz! ".
Comunidades
vizinhas, representantes da FETASE, e funcionários da Empresa de
Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe – EMDAGRO, e uma representação do CDJBC
participaram da festa e várias lideranças relembraram toda a caminhada dos
trabalhadores e trabalhadoras.
Foi destacada a
nova etapa que a luta dos camponeses atingiu com o trabalho que vem sendo
desenvolvido pela Articulação Semiárido Brasileiro - ASA na implementação de
tecnologias sociais de armazenamento de água para consumo humano e para
produção, permitindo a convivência das agricultoras e agricultor na terra
conquistada com tanta luta.
Pirão de galinha
caipira, muitas saladas, sucos, feijoada, foram os ingredientes do delicioso
almoço coletivo compartilhado entre os que estavam presentes, mostrando a
fartura e o poder da agricultura familiar.
A animação da tarde ficou por conta de um grupo
de artistas locais: João Batista, Luciano e Manoel, que não deixaram o povo
cochilar, animando ao som da uma boa música sertaneja.
Às 16h, como parte
da programação, uma missa de encerramento celebrada pelo Pe. Enaldo consagrou o
histórico de amor e fé que o povo da região vem trabalhando em prol da sua
subsistência.
Fonte: http://www.asabrasil.org.br/
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