quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Avanço da cochonilha do carmim preocupa famílias agricultoras do Polo da Borborema

AS-PTA; Areial – PB; Campanha está alertando a presença da cochonilha no agreste paraibano.

O avanço da praga da Cochonilha do Carmim no Agreste da Borborema, região de atuação do Polo da Borborema, está preocupando as famílias agricultoras e deixando em alerta as organizações e sindicatos rurais de municípios como Areial, Queimadas, Massaranduba e Montadas, onde já se registra a presença da cochonilha.

A Cochonilha do Carmim (Dactylopius opuntiae) é considerada a principal praga dos plantios de palma forrageira e já se espalhou por vários estados do Nordeste. Além do estado de Pernambuco, sua origem no Brasil, já atingiu Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte.

 Na Paraíba, a cochonilha já está no Sertão, Cariri e agora na região do Agreste. Segundo a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), no estado a praga já devastou mais de 100 mil hectares de palma, causando um prejuízo de cerca de 500 milhões de reais.

A praga se espalha facilmente através do vento e também pelo transporte de palma e de animais que venham de regiões afetadas. Por isso, Felipe Teodoro, biólogo e assessor técnico da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, chama a atenção para alguns cuidados:

“É necessário observar o pelo dos animais e, ao comprar palma de regiões afetadas, analisar também o carregamento. Em caso de compra de palma para os animais de regiões onde já houve o ataque a cochonilha, é bom nunca plantar raquetes dessa palma de origem desconhecida”, alerta.

Felipe Teodoro explica ainda que a palma atingida pela cochonilha não afeta a saúde dos animais, e as raquetes contaminadas podem ser oferecidas às criações: “Nesse caso, a recomendação é de retirar a raquete afetada e colocar num saco plástico bem fechado, só retirando no momento de alimentar os bichos. O procedimento de coleta das raquetes deve ser feito todos os dias, a fim de dificultar o avanço da praga”, explica.

Diante da situação, o Polo da Borborema já está se organizando para enfrentar o problema: “Nós começamos a discutir com os agricultores e agricultoras várias estratégias para enfrentar o avanço da praga, como a realização de assembléias nos sindicatos rurais e a produção de materiais de comunicação para que as informações cheguem aos criadores, explicando o que é essa praga, como se previne e como faz para tratar”, afirma Roselita Vitor, liderança da coordenação do Polo da Borborema.

Rose, como é conhecida, afirma ainda que, no contexto do Semiárido, o cultivo da palma forrageira tem uma importância fundamental na manutenção dos rebanhos, atuando para enfrentar os períodos de estiagem em conjunto com outras iniciativas como a estocagem de forragem. Só no ano passado, em toda a área de atuação do Polo da Borborema foram armazenados aproximadamente 4 mil toneladas de forragem por mais de 300 famílias agricultoras.

O agricultor Marcelo Félix, do Sítio Três Lagoas, em Areial, planta palma forrageira há mais de 15 anos e nunca tinha enfrentado problemas com pragas. Ele conta que sempre teve muito cuidado e nunca comprou palma de fora.

Este ano se deparou com metade do meio hectare de palma que possui infestada com a cochonilha do carmim. O agricultor acredita que sua plantação foi contaminada por carregamentos de palma que passam, perto de sua propriedade.

Após perder 50% da produção, usada para alimentar a sua criação de ovelhas, Marcelo descobriu que poderia combater a praga com uma receita simples e de baixo custo: uma solução de água, detergente neutro e sabão em pó.

“Misturo dois litros de detergente neutro e uma caixa de sabão em pó para cada 20 litros de água e pulverizo a plantação uma vez por semana”, ensina o agricultor. “No começo fiquei meio desconfiado se ia funcionar, experimentei em cinco pés de palma.

 Pois quando foi com uma semana, não é que a praga estava toda seca?”, comenta. Depois disso, Marcelo aprendeu a controlar a cochonilha e ensina a receita a outros agricultores.

Riscos dos agrotóxicos - Devido à rapidez com que a cochonilha avança nas plantações de palma, o uso de veneno como solução acaba sendo propagandeado. Porém, a aplicação de agrotóxicos não é recomendada, pois pode trazer prejuízos à saúde tanto de quem aplica, quanto do animal que consumir essa palma.

Em 2012, no município de Boa Vista, no Cariri Paraibano, só um agricultor perdeu 13 vacas gordas e seu vizinho mais 10, após dar palma contaminada com veneno ao gado.

 Diante da agressividade da cochonilha do carmim e das dificuldades do seu controle, a grande alternativa reside no plantio de palmas que são naturalmente resistentes à praga, como a palma doce (ou miúda), a mão de moça (ou baiana) e a orelha de elefante.

A Cochonilha do Carmim  Parente das cigarras e dos pulgões, a cochonilha do carmim é um pequeno inseto que se alimenta das seivas das plantas. É possível identificar quando surgem pequenas áreas arredondadas recobertas de flocos brancos de aparência cerosa que se mantêm praticamente estáticos.

Depois de atacadas, as raquetes começam a apresentar manchas e a murchar. Logo em seguida, a planta perde vigor a ponto de morrer. As manchas brancas são na verdade colônias do inseto, que ao serem pressionadas, liberam um líquido vermelho, usado como corante pelas indústrias, daí o seu nome “carmim”. A variedade da praga trazida para o Brasil produz um corante de péssima qualidade, sem valor comercial.

Um fator importante para o controle das cochonilhas é o equilíbrio do ambiente e a presença de inimigos naturais como percevejos, joaninhas, moscas e alguns fungos. Assim, prefira consorciar seu campo com outras espécies forrageiras nativas ou adaptadas como gliricídia, leucena, angico, aroeira, cardeiro, xique-xique, macambira, catingueira etc. além da galinha, que também gosta de se alimentar do inseto.

Fonte: http://www.asabrasil.org.br

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