Alinne
Mirelle - Comunicadora popular da ASA; Santana do Ipanema – Alagoas; Seu
Sebastião mostra propriedade onde cultiva frutíferas diversas paraagricultores/as. Foto: Alinne Mirelle
Deixar
o trabalho do campo de lado e viver uma experiência rica em aprendizados. Foi o
que fizeram agricultoras e agricultores de Major Isidoro e Minador do Negrão,
que fazem parte do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação
Semiárido Brasileiro (ASA).
O intercâmbio aconteceu no município de Santana do
Ipanema. Agricultor mostra sementes
armazenadas em garrafas PET. | Foto:
Alinne Mirelle
O
sítio Cabaceiros no povoado Lage dos Barbosas há muito tempo virou referência
quando o assunto é produção de sementes. A iniciativa exitosa na propriedade do
agricultor Sebastião Rodrigues Damasceno e de Dona Ana Maria Alcântara é
reconhecida nacional e internacionalmente.
“Eu que só tenho o primário nunca imaginei
sair daqui. Hoje posso dizer que já viajei para muitos lugares do Brasil e até
Argentina, quando fui convidado para palestrar sobre as sementes”, conta o
agricultor.
Em
um cômodo da casa, a família guarda cerca de 50 variedades de sementes nativas
entre feijão, fava e milho. O material é bem conservado.
“Utilizamos
garrafas pet para armazenar, mas é importante não colocá-las diretamente no
chão, por isso ficam em cima da madeira”, explica Sebastião. Desde o plantio à
colheita, é necessária muita dedicação à separação do material. “Antigamente,
plantava e colhia, mas não selecionava.
A
partir do momento que passamos a fazer a seleção, agregamos valor e vendemos
para vários estados do país. Tem que ter padrão e para isso é preciso colher no
tempo certo. “Tudo isso dá um grande trabalho, e um grande prazer também”,
explica aos visitantes.
A sabedoria popular também é muito valorizada
e praticada: plantas de raiz são plantadas na lua minguante, já as outras devem
ser na lua nova e crescente.O agricultor faz um alerta quanto às sementes desconhecidas.
“Cuidado com aquilo que você não conhece principalmente que vem de fora.
Elas são como pessoas estranhas: você não pode simplesmente colocar dentro da
sua casa e achar que vai dar tudo certo. Podem ser nocivas e causar
desequilíbrio e outros males, por isso é fundamental conhecer a procedência,
principalmente devido à transgenia”.
“Então prestem atenção e não fiquem com
dúvidas”, aconselhou fazendo questão de frisar que todos e todas ali têm o
mesmo potencial de conquista. Toda essa trajetória que orgulha a família teve
início graças a uma barragem subterrânea que foi implementada há oito anos
também pela ASA. Outros incentivos vieram dos encontros e capacitações que
marido e mulher participaram.
O passeio na
propriedade revela que a dedicação da família não se limita à produção de
sementes. O cuidado com a preservação da natureza é a principal lei. Lá, não se
queima lixo nem se mata animais e pássaros.
A diversidade – uma
das principais características da sustentabilidade – impressiona: em uma tarefa
de terra (3.052m²) é possível encontrar muitas fruteiras (pé de acerola,
melancia, caju, manga, goiaba, banana, abacaxi, graviola, pinha, cacau, tomate,
coqueiro, entre outros).
Entusiasmado com o
que viu, o agricultor Antonio de França pretende replicar os ensinamentos em
sua casa e com sua comunidade. “Foi ótimo, a paisagem é linda, o lugar é seco
mas é fresco por causa da preservação da mata, e isso nos ensinou muito. As
práticas são interessantes, pois ele não queima o mato, transforma em adubo.
Enfim, aprendi
muita coisa. “Acho que todo mundo aqui aprendeu e vai fazer o mesmo em suas
terras”, disse. Assim como ele, as participantes e os participantes do
intercâmbio estão com as cisternas de segunda água implementadas e, portanto,
buscam fortalecerem-se e ampliar sua produção rural.
Fonte:
http://www.asabrasil.org.br/
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