segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Uma reflexão pertinente!

Tanta Luta, tanta conquista para ser jogado no lixo. Agora todos os eleitores que apostaram na nova forma de fazer politica no Brasil que tanto Marina propagou no primeiro turno. Ficou claro no seu discurso de apoio a candidatura de Aécio. “O novo é Voltar O Velho”.

Não somos eleitores Caranguejo;Vote Dilma sem medo de ser Feliz; (Camelo) Marina Silva, do PSB, anunciou neste domingo apoio ao candidato à presidência Aécio Neves. Acabou Marina Silva (1958-2014). Fundadora da Central Única dos Trabalhadores e organizadora do PT, além de amiga e fraternal companheira do líder seringueiro Chico Mendes.

 Marina Silva foi durante anos, dentro do campo da esquerda brasileira, a representante de uma utopia que tentou conciliar três vetores quase sempre desalinhados: o desenvolvimento econômico, a inclusão social e o respeito ao meio ambiente e às populações tradicionais. Sua saída do PT, em 2009, empobreceu o partido e o debate interno sobre qual caminho seguir na busca por um mundo mais justo e solidário.

A figura frágil – sobrevivente da miséria dos migrantes recrutados para trabalhar na extração da borracha; nascida em uma família de onze irmãos (da qual oito se criaram); órfã aos 15 anos; sonhática (conforme a auto-definição); vítima da malária, da intoxicação pelo mercúrio dos garimpos e da leishmaniose (doenças da extrema pobreza) – pereceu no domingo, 12 de outubro, depois de lenta agonia.

Foi nesse dia que ela formalizou seu apoio ao tucano Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais, contra a candidatura da petista Dilma Rousseff. Como membro do Partido dos Trabalhadores, onde militou durante 23 anos, Marina ajudou a eleger e a implantar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em que exerceu o cargo de ministra do Meio Ambiente durante cinco anos e quatro meses.

Foi um período importante, que consolidou as condições para o Ceará, terra dos pais de Marina, crescer mais velozmente do que a média nacional –3,4% ao ano, contra 2,3% da média nacional. Anos também importantes para o Nordeste como um todo, que deixou de ser exportador maciço de mão-de-obra, já que criou oportunidade de emprego e renda “como nunca antes”.

Só para efeito de comparação, ainda hoje a atividade econômica nordestina cresce acima de 4% (nos cinco primeiros meses de 2014), resultado superior à média nacional (0,6%), segundo o Banco Central. Exemplo de superação das dificuldades, Marina Silva conta em sua biografia com uma passagem como empregada doméstica. Dureza.

Mas a contribuição de Marina no fortalecimento do governo do primeiro operário na Presidência ajudou a mudar a situação das empregadas domésticas. Primeiro com a valorização do salário mínimo, que passou de R$ 200, no último ano do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, para os R$ 724 atuais.

Depois, com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição das Empregadas Domésticas, de 2013, que ela, com seu exemplo e luta a favor dos oprimidos, ajudou (ainda que indiretamente) a garantir.

Mais de um século depois da Abolição da Escravatura, 7,2 milhões de empregados domésticos brasileiros foram incluídos na categoria de cidadãos dotados de mínimos direitos trabalhistas, entre os quais o controle da jornada de trabalho, definida em oito horas diárias.

Além disso, a categoria começou a receber horas extras, remuneradas com valor pelo menos 50% superior ao normal. Marina estudou muito, de modo a formar-se como historiadora, professora e psicopedagoga, em uma época em que o país só oferecia aos membros da elite branca a possibilidade de conquistar um diploma de nível superior.

Como membro do Partido dos Trabalhadores e afrodescendente, Marina ajudou a fazer a revolução educacional que aumentou o acesso dos mais pobres e morenos aos bancos universitários. Pela via da ampliação no número de vagas nas universidades federais, do ProUni e do Fies, o número de vagas no ensino superior mais do que duplicou de 3,5 milhões (em 2002) para 7,1 milhões (em 2013).

Uma vida de vitórias, exemplos e superações. Mas Marina Silva acabou no domingo 12 de outubro, quando virou as costas para sua própria trajetória ao declarar voto no candidato Aécio Neves, o representante de uma política econômica ostensivamente contrária à valorização do salário mínimo e à ampliação das políticas sociais e de inclusão.

Com o capital eleitoral que conseguiu reunir no primeiro turno (21,32 % do total de votos, ou 22.176.619 eleitores), Marina poderia ajudar sua Rede Sustentabilidade a se consolidar como a tal terceira via de que tanto falou antes. Ela preferiu juntar-se a forças bem conhecidas dos brasileiros: Que criminalizam os movimentos sociais.

Que atentam contra a liberdade de imprensa; que são apoiadas pela chamada “Bancada da Bala”, por Silas Malafaia e por Marcos Feliciano. Sem contar que os votos de Levi Fidelix (PRTB, o idiota que fez do aparelho excretor um programa de governo) devem ir para Aécio também.

Marília de Camargo César, autora da biografia “Marina: a vida por uma causa” (editora Mun
do Cristão, 2010), conta que, diante de um problema de difícil resolução, a ex-ministra costuma praticar a “roleta bíblica”, que consiste em abrir a Bíblia aleatoriamente, para saber o que Deus recomendaria na situação.

Não é difícil imaginá-la nesse mister quando ela se saiu com a idéia de pedir que o PSDB reconsiderasse a campanha pela redução da maioridade penal, como condição sine qua non a seu apoio. Aécio respondeu sem pestanejar: não! E assim acabaram-se mais uma convicção “firmíssima” de Marina. Descansa em paz, Marina!

Fonte: aspta

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