De todos os sobrenomes de brasileiros envolvidos
no chamado 'Swissleaks', nenhum chama tanta atenção quanto Steinbruch. Ao todo,
a chamada 'Família Steinbruch' possuía nada menos que US$ 543 milhões
depositados na filial de Genebra, na Suíça, do HSBC.
Capitaneada por Benjamin, o mais notório
integrante do clã, a família prosperou como um foguete na era das
privatizações, durante os oito anos do governo FHC. Antes dos anos 90, os
Steinbruch possuíam apenas um grupo têxtil, o Vicunha, que enfrentava as dificuldades
decorrentes do processo de abertura econômica.
Com a chegada de FHC ao poder, no entanto,
Benjamin enxergou a grande oportunidade para uma guinada completa nos negócios
da família. Com as privatizações, o grupo Vicunha conseguiu arrematar três ícones
da era estatal: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Light e até a Vale.
Coincidência ou
não, Benjamin contratou em 1995, primeiro ano do governo FHC, ninguém menos do
que Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente, como assessor especial. Em
11 de maio de 1997, Steinbruch já era retratado pela Folha de S. Paulo, em
reportagem de Igor Gielow, como o primeiro "megaempresário" gerado na
era tucana.
"A identificação com o poder tucano
não é apenas retórica. Steinbruch é amigo há vários anos de Paulo Henrique
Cardoso, o filho mais velho do presidente da República. Até fevereiro,
empregava o "primeiro-filho" na Diretoria de Comunicação e Marketing
da CSN. Agora, Paulo Henrique está na Light", escreveu Gielow. Em sua reportagem, Gielow também escreveu que Benjamin cultivava outros dois nomes fortes do tucanato.
"Avesso a badalações, frequenta estréias
de teatro e leilões chiques de cavalos acompanhados de expoentes do tucanato
paulista. Entre eles, David Zylberstajn (secretário estadual de Energia e
"primeiro-genro", casado com Beatriz Cardoso). E Andrea Matarazzo
(presidente da Cesp), amigo há mais de 20 anos e frequente
conselheiro." (leia aqui).
Em 2000, uma
reportagem de Veja, assinada por Policarpo Júnior e Consuelo Dieguez, apontou
que o aconselhamento de Paulo Henrique Cardoso foi crucial para que o BNDES se
associasse a Steinbruch na compra da Light.
"Foi forte também a ligação entre
Paulo Henrique e Benjamin Steinbruch, há alguns anos. O filho de FHC estava ao
lado do empresário na época da privatização da Light, leiloada em maio de 1996.
Steinbruch, um dos controladores da CSN, queria que o BNDES participasse do
consórcio formado pela Electricité de France e dois grupos americanos, além da
própria CSN.
Pessoas que então conviviam com o
empresário dizem que o filho do presidente contribuiu para que o banco
realmente entrasse no grupo. Como se sabe, esse foi o consórcio vencedor. Nessa
tempo, Paulo Henrique trabalhava na CSN como coordenador de comunicação. Com a
Light privatizada, foi convidado a ir para lá", dizia o texto (leia aqui).
Outro escândalo
conectando Steinbruch às privatizações diz respeito à privatização da Vale. O
empresário foi apoiado pelos fundos de pensão estatais, mas em contrapartida
teria recebido um pedido de propina do ex-tesoureiro do PSDB, Ricardo Sérgio de
Oliveira.
Em
2002, o instituto Datafolha realizou uma pesquisa que apontou que, para 49% dos
brasileiros, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tinha conhecimento do
pedido de propina (leia mais aqui).
Com um vínculo tão
forte com as privatizações, e uma conta tão parruda no HSBC de Genebra,
Steinbruch será um dos principais alvos não apenas da Receita Federal, como
também da CPI instalada no Senado para investigar o Swissleaks. Em nota, a
família Steinbruch afirmou que não comentaria "vazamentos ilícitos".
Fonte: www.brasil247.com
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