Roberto Malvezzi (Gogó), Rio São Francisco no trecho da obra da transposição em
Floresta (PE) | Foto: Bruno Morais | Arquivo Asacom
O óbvio se confirma. As principais atividades econômicas do
rio São Francisco começam a entrar em decadência, em razão da diminuição do
volume de água do Velho Chico.
Hoje o ponto com mais água está aqui entre Juazeiro e
Petrolina, com 1.000 m3/s. Vale lembrar que a vazão média do São Francisco até
alguns anos atrás era de 2.800 m3/s. Sobradinho está com apenas 17% de sua
capacidade ocupada por água.
Não estamos falando da pesca, da agricultura de vazante, nenhuma dessas economias das populações tradicionais. Essas estão extintas ou fragilizadas há muitos anos. Falamos da economia do capital. A geração de energia começa declinar. Nesse momento apenas uma de seis turbinas está gerando energia em Sobradinho.
Não estamos falando da pesca, da agricultura de vazante, nenhuma dessas economias das populações tradicionais. Essas estão extintas ou fragilizadas há muitos anos. Falamos da economia do capital. A geração de energia começa declinar. Nesse momento apenas uma de seis turbinas está gerando energia em Sobradinho.
Construído mais para
servir de caixa d’água para as barragens à jusante que para gerar energia, foi
aproveitada de última hora no regime militar para também gerar. Num debate na
Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) na semana da
água, os técnicos avisaram que a única turbina em funcionamento vai parar até
final de junho ou início de julho.
Segundo, foi avisado que em final de julho e
começo de agosto vários projetos de irrigação da região poderão ter seu acesso
à água cortado. Os dois mais ameaçados são o Nilo Coelho – margem esquerda,
Petrolina – e o Maniçoba na margem direita, em Juazeiro. Em ambos a distância
da água será tão grande que sua captação será inviabilizada.
Acontece que Juazeiro/Petrolina montaram sua economia baseada na irrigação. São as fazendas irrigadas, que demandam água, insumos, implementos, mão de obra, que por sua vez movimentam o comércio de alimentos, eletrodomésticos, construção civil, carros, bares, restaurantes, assim toda cadeia produtiva.
Em breve pode acontecer com Juazeiro/Petrolina o que Monteiro Lobato chamou de “Cidades Mortas” no Vale do Paraíba depois que o ciclo do café se encerrou e deixou para trás cidades fantasmas economicamente mortas. Toda economia baseada em um único ramo produtivo acaba por ter esse final trágico.
Acontece que Juazeiro/Petrolina montaram sua economia baseada na irrigação. São as fazendas irrigadas, que demandam água, insumos, implementos, mão de obra, que por sua vez movimentam o comércio de alimentos, eletrodomésticos, construção civil, carros, bares, restaurantes, assim toda cadeia produtiva.
Em breve pode acontecer com Juazeiro/Petrolina o que Monteiro Lobato chamou de “Cidades Mortas” no Vale do Paraíba depois que o ciclo do café se encerrou e deixou para trás cidades fantasmas economicamente mortas. Toda economia baseada em um único ramo produtivo acaba por ter esse final trágico.
Por fim, o que era para ser uma hidrovia – vocação
natural do Velho Chico entre Juazeiro e Pirapora – hoje não passa de um filete
de água com a população atravessando à pé seu leito, como é o caso entre
comunidades de Pilão Arcado e Xique-Xique. Nem barcos menores conseguem mais
navegar com facilidade. A ideia de transportar a soja do Oeste Baiano para
Juazeiro ou Petrolina via rio hoje não passa de um delírio.
Mesmo assim vários projetos de expansão da água do
São Francisco continuam na agenda, como a Transposição de Águas para outros
estados no Nordeste, o Canal do Sertão em Petrolina, o Baixio do Irecê na
Bahia, assim por diante.
Que a equação não fecha todos sabem. Enquanto isso, o Velho Chico definha a olhos vistos. Agora os que se beneficiam do rio – setor elétrico, irrigação, agro e hidro negócios, etc. – começam sentir na pele o resultado do processo destrutivo. O futuro dessas atividades econômicas está atrelado inexoravelmente ao futuro do rio. Aliás, como de toda população do Vale.
Que a equação não fecha todos sabem. Enquanto isso, o Velho Chico definha a olhos vistos. Agora os que se beneficiam do rio – setor elétrico, irrigação, agro e hidro negócios, etc. – começam sentir na pele o resultado do processo destrutivo. O futuro dessas atividades econômicas está atrelado inexoravelmente ao futuro do rio. Aliás, como de toda população do Vale.
Essa decadência não é pontual. Há mais de dez
anos, desde o apagão, o São Francisco não mais recuperou grandes volumes de
água. Portanto, o raciocínio correto é que essa é a nova realidade, a exceção
será alguma cheia.
Fonte: http://www.asabrasil.org.br/
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