Por Lúcio Vilar (*)
Numa época em que o papa
Francisco põe em marcha a mais radical profilaxia já feita no Vaticano,
reencontrar dom José Maria Pires – ou dom Zumbi – é sempre sinônimo de
renovação da esperança, ou de que seu legado continua vivo.
Com 96 anos, ele ainda
viaja pelo país para conferências sobre o Concilio Vaticano II – divisor de
águas na história da Igreja Católica no mundo – e do qual foi ativo partícipe.
Entrevistado pelo jornal O
Povo, rememorou ter sido em plena ditadura militar, como arcebispo da Paraíba,
que instituiu o primeiro Centro de Defesa dos Direitos Humanos na América
Latina.
E ainda defende, hoje, com ardor, o
inquebrantável compromisso social que norteou sua ação pastoral ao dizer que o
Concílio Vaticano II projetou uma nova imagem da igreja. “Antes, o padre andava
de batina, celebrava a missa e fazia batizado em latim. Devia ser um sujeito
bem afastado, celebrava de costas para o povo.”
Defendeu o evangelho
segundo o qual a Igreja tem que ser dos pobres. “O Cristo, ao fazer-se gente
como nós, fez a opção pelos pobres. Ele podia ter nascido numa cidade
grande, nasceu em Belém. Podia ter
nascido num palácio, nasceu numa gruta. Nem casa tinha. Primeiro sono dele
dormiu num cocho. O presépio é o cocho onde se colocava comida para os
animais.”
Tudo isso está no Concílio
Vaticano II. “Uma igreja que não está no centro, está na margem, na periferia.
Ela tem que ir pra periferia porque é lá realmente que está a missão dela.”
Sua lucidez oxigena quem
vive em seara de aridez episcopal; um bálsamo para os que não perderam a fé de
que amanhã será outro dia. (*) Texto transcrito da coluna semanal Caleidoscópio
Midiático, do jornal Correio da Paraíba, edição desta quarta-feira, 9 de Set de
2015.
Fonte:www.polemicaparaiba.com.br
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