domingo, 4 de outubro de 2015

Assentamento paraibano criado a partir de carta enviada a Lula comemora nove anos


O assentamento da reforma agrária Novo Campo, no município de Barra de São Miguel, no Cariri paraibano, que foi criado a partir de uma carta enviada ao então presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, completou nove anos com muitos motivos de comemoração,sábado (3).

“Nós participamos ativamente das comemorações realizadas, sábado (3), com muita satisfação. A criação do assentamento foi na minha gestão como superintendente regional do Incra na Paraíba.Presenciei o assentamento ser criado e estruturado”, disse o deputado estadual Frei Anastácio.

A festa de aniversário contou com uma missa celebrada por Frei Anastácio, durante a manhã, um almoço em comunidade e muito forró-pé-de-serra à noite. “Nós temos motivos de sobra para comemorar”, disse José Alves de Sousa (Seu Dede)

Presidente da associação do assentamento e autor da carta enviada ao então presidente Lula, que assinou o decreto de desapropriação das terras da área. Carta ao presidente; José Alves era vaqueiro da fazenda e teve que lutar na justiça para conseguir o pagamento de direitos referentes há anos de trabalho.

Depois que ganhou a causa na justiça, ele resolveu escrever a carta ao então presidente da república, relatando que a fazenda tinha 1.200 hectares, era improdutiva e devia muito a Sudene. Na carta, ele também disse que enquanto as terras estavam sem produzir, muitas famílias passavam fome sem ter onde trabalhar para retirar o sustento das famílias.

“Eu enviei a carta em 2004. Um ano depois, o Incra na Paraíba foi acionado para fazer vistoria. No ano seguinte, em 2006, veio a desapropriação e imissão de posse.Foi muito emocionante, ver tudo aquilo acontecer a partir de uma carta que enviei.

Jamais pensei que um presidente da república fosse dar atenção a uma carta enviada por um vaqueiro. Hoje,fico emocionado ao saber que uma simples carta mudou, para melhor, a vida de 23 famílias”, disse José Alves. Estrutura do assentamento:

O assentamento possui casas construídas pelo Incra para todas as famílias, escola, poços e 21 cisternas que garantem o abastecimento humano e animal, mesmo em plena seca que assola a região. A água ainda é suficiente para irrigar quatro hortas que os assentados possuem ao redor das cisternas “calçadão”. 

Nas hortas, eles cultivam pimentão, cebolinha, alface, canoura, couve, repolho, coentro e outras variedades que são utilizadas para consumo e venda nas feiras livres. Criação de animais:

Além da agricultura, as famílias do assentamento possuem um rebanho de 400 animais. São 300 cabeças de ovinos e caprinos, além de cem bovinos. O rebanho de caprinos e ovinos está sendo reforçado com a chegada de mais cem animais reprodutores das raças Saanen.

Santa Inés, Doper e Anglo-Nubiana comprados através do Procase - Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú - resultado da parceria entre o Governo do Estado da Paraíba e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.

“Hoje, nós produzimos leite e queijo para o consumo interno, e a sobra vendemos nas feiras para reforçar a renda familiar”, formou o presidente da associação. “Com a chegada desses animais, iremos ter um rebanho mais produtivo de leite”, disse o assentado Renato Eudes da Silva.

Ao falar sobre os nove anos do assentamento, o agricultor afirmou que a vida das famílias mudou muito. “Hoje, temos terra para plantar, possuímos criação de animais e conquistamos nossa independência. Tudo isso, graças à reforma agrária”, ressaltou Renato.

O assentamento Novo Campo recebe assistência técnica da Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Autopromoção (Coonap), contratada pelo INCRA/PB para coordenar todo processo de produção e criação de animais.

Para Frei Anastácio, contemplar 23 famílias vivendo bem através do fruto do trabalho na terra é muito gratificante. “São exemplos como o do assentamento Novo Campo, que me encorajam para continuar com essa luta em defesa dos pobres, dos agricultores e dos excluídos da sociedade no campo e na cidade”, afirmou.

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